Daniel Campos

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Encontrados 150 textos. Exibindo página 12 de 15.

25/12/2011 - Natal a toda hora, em qualquer lugar

Era uma vez uma menina que tinha um cachorro chamado Natal. Era gordo e barbudo com o papai-noel. Isso sem falar que tinha umas mechas brancas ao longo da pelagem. Embora fosse representante de uma raça importada de nome bastante esquisito, lembrava muito um vira-lata. Apareceu em sua casa entre as caixas de presente no dia 25 de dezembro. Batizá-lo assim foi inevitável. Chegou num momento difícil, em que a pequenina estava com uma dessas doenças capazes de levá-la embora. Foi paixão à primeira vista, ou melhor, ao primeiro latido. ...
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07/12/2011 - Não e não e não

Não me peça, não me mande, não me obrigue. Não me diga não nem sim muito menos talvez. Não me aborreça, não teime, não ligue. Não me fale o que devo ou não fazer. Não me dite, não me irrite, não me faça convite. Não me espere e não me atrase. Não me deixe e não se vá. Não leve e não traga. Não mie e não lata. Não moa e não remoa. Não me renda e não me faça oferenda. Não me obrigue e não peça licença.

Não pense em mim. Não reze por mim. Não se lembre de mim. Não me ofereça comida. Não me levante um brinde. Não abuse nem use meu nome. Não me traia e também não caia por minha causa. Não brigue, não me vingue, não me provoque. Não me sufoque, não me toque, não me doa. Não me tinja, não me restrinja, não me induza. Não me iluda, não me pode, não me puna. Não me enlouqueça, tampouco me esqueça. ...
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27/11/2011 - Não pense

Se você tiver vontade, atire-se de corpo inteiro. Se você tiver medo, feche os olhos e siga. Se você chorar, fuja para o primeiro sorriso que encontrar. Se você cair, mude o olhar das coisas e encare o chão como se fosse o céu. Se você sonhar, sonhe sempre por dois, por três, por mil. Se você cantar, cante na língua dos pássaros. Se você se perder, ao contrário de tentar achar o caminho de volta invente outro destino. Se você sentir amor, ame até a última gota do seu juízo.

Se você quiser partir, caminhe sem deixar rastro. Se você quiser casar, antes de qualquer coisa, doe um pedaço seu. Se você quiser beber, que cada garrafa seja um brinde. Se você quiser conversar, as nuvens têm ouvidos aguçados. Se você quiser acreditar, há um anjo em cada esquina. Se você cansar da caminhada, imagina que logo mais à frente vive um sonho bom pronto para ser vivido. Se você pegar no sono, viaje pelo mundo inconsciente que lhe habita. Se você perder tempo, o tempo vai perder você...


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29/09/2011 - Não estamos sozinhos

Não estamos sozinhos. Há sempre alguém a nos espionar, a nos bisbilhotar, a nos rondar. Pode ser um caçador, um espírito, um extraterrestre. São olhos e câmeras capturando todo e qualquer movimento que possa ser feito ou desfeito por nós. Não estamos sozinhos. Estamos sempre na mira de alguém. Há sempre uma sombra sobreposta ao nosso lado oculto. Há sempre um perfume misturado ao nosso cheiro. Há sempre um eco perseguindo nossas palavras.

Não estamos sozinhos. Há sempre um cálice amparando nosso vinho. Há sempre um filho querendo sair de nossas barrigas. Há sempre uma lua negra facetando a nossa lua branca. Há sempre um fantasma entre nosso passado e nosso futuro. Não estamos sozinhos. Há alguém que respira em nossa nuca. Há alguém que roça nossas costas. Há alguém que coça os nossos medos. Há alguém que coexiste com nossos paralelos. Há alguém que não nos permite estar a sós com o que há dentro ou fora de nós....
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11/07/2011 - Não confunda os pássaros

O pássaro quando vai cantar não carece de cenografia, de efeitos especiais e de outras carestias. O pássaro, quando sabe cantar, simplesmente canta como que se fosse sorrir ou chorar. O pássaro não usa maquiagem não veste figurino ultrachique não dá chilique porque ele só quer se alimentar e sua música é sua comida, seu apetite. Cantar, para o pássaro, é tão simples como voar. Cantar, para quem, de fato, sabe cantar, é tão simples como sonhar mais um sonho.

O novo álbum de Caetano Veloso e Maria Gadu é assim, dois pássaros sem asas fazendo do palco o seu céu. Dois banquinhos e dois violões, duas vozes e dois corações. Não há necessidade de dançarinas seminuas, de imagens reproduzidas em telões, de laquê, buquê e fumacê. Não há motivo para esconder a atração principal porque os pássaros sabem cantar de verdade, da forma mais simples e pura que há, como se cantassem para voar, como se sonhassem para cantar. ...
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18/06/2011 - No limite da janela

Não deixa a janela aberta para que eu não me vá junto ao vento serenado à boca da noite. Se quiser manter a temperatura dos nossos sonhos estável não abra a janela porque lá fora pode não ser primavera. E daí, minha cara, como ficam as nossas flores? No entanto, mantenha os vidros limpos para que possamos saber o que existe lá fora. Só não esqueça, depois de terminar de limpar do lado de fora, de fechar as tramelas de modo a não permitir que eu sinta o cheiro do mar, dos jardins de hortelã, das damas da noite. ...
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12/06/2011 - Nomes próprios e impróprios

Entre tantas Marias e Josés, Joões e Anas, Claras e Franciscos, é difícil encontrar alguém que esteja plenamente feliz com seu nome. Há sempre alguém que queria ser chamado de outra forma. Afinal, o nome é uma coisa íntima que deveria ser escolhido pelo próprio dono. Não importa se o nome é complicado ou simples, precisa sintetizar a alma de determinada pessoa. Nem sempre o que é bom para os pais é bom para os filhos. Por isso, a ditadura do batismo, deveria ser extinta. Deveríamos ficar sem nome, ser chamados por números, até conseguirmos escolher nossos nomes próprios. ...
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12/05/2011 - Noites de coquetel

Petiscos de nomes complicados acomodados em pratarias, bebidas oferecidas em copos de uma geometria suntuosa, garçons bailando pelo salão em traje de gala. O propósito de um coquetel não é alimentar, mas impressionar. Alimentar, na verdade, alimenta o ego, a inveja, a luxúria e tantos outros sentimentos menores. O que, na teoria, seria um espaço de confraternização torna-se um local de reparação. Repara-se na decoração, nas vestes, nas maquiagens, nas falas, nos passos, nos gestos e até nas ausências. ...
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06/05/2011 - Não enche

Dá um tempo. Se ligue. Sai dessa. Desencarna. Desencana. Desenrola. Qual é? Abre o olho. Parei com você. Nem vem que não tem. Acorda. Ta trocando alhos por bugalhos. Dá no pé. Larga mão. Eita lenga-lenga. Só pode estar lelé ou tantã. Ô presente de grego. Nem vem fazer média. Risquei do mapa. Se vire. Pode por a boca no mundo. Não tem negócio. Não tem mais colher de chá. Pernas pra que te quero. Se manca. Ai, que pedra no sapato. Nada de fazer rolo ou cera. Nem te ligo. Fim de papo. Já vai tarde. ...
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03/05/2011 - Noite pingada

Noite fria. Cama vazia. Lua muda. Estrelas ácidas. Ratos no quintal. Flores secas. Vento cortante. Palpitação. Relógio quebrado. Corpo cansado. Cortinas fechadas. Pirilampos apagados. Santos caídos. Pernilongos aos pés do ouvido. Insônia e pesadelo. Atropelo. Retratos solitários. Sim e não. Horóscopo errado, signo virado. Passado amaldiçoado. Travesseiro sem rosto. Noite sem gosto.

Noite deserta. Nó que aperta. Grilos desafinados. Sonhos amarrados. Balé de baratas. Torneira pingando. Porta que range. Cochicho de almas. Sapatos sem pés. Notícias velhas. Cheiro de azedo. Cegueira e alucinação. Monólogo. Febre de coração. Vontade de falar. Medo de existir. Queixas e deixas. Ausência doída. Penumbra e breu. Anoiteceu nas gerais. Noite de ais, adeus.


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