Daniel Campos

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Encontrados 208 textos. Exibindo página 1 de 21.

24/06/2008 - E a minha poesia subiu o morro

"Daniel,

Em nome da nossa Estação Primeira de Mangueira, escrevo muito agradecido pela sua crônica em homenagem ao Jamelão ('O samba e o choro', publicada neste espaço no dia 18 de junho).
Passá-la-ei para os seus familiares.

Atenciosamente,

Guerra Peixe
Vice-Presidente Cultural da Mangueira".


E não é que minha poesia subiu o morro. Foi com muita emoção que recebi o email do vice-presidente Cultural da Mangueira, o historiador Guerra Peixe, sobrinho do famoso maestro. Ao homenagear o mestre Jamelão, que faleceu no último dia 14, minha poesia deixou os horizontes deste site e foi voar mais longe. Trajando terno branco e chapéu de palha, meus sentimentos subiram o morro da mais querida das escolas carnavalescas do país e, quiçá, do mundo. ...
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28/05/2016 - E a primavera não chegou

Por noites e dias, preparei o jardim. O meu jardim particular, íntimo, secreto ou não. Sem parar, cuidei do terreno, em dias frios, quentes e amenos, esperando a primavera chegar. Mas tudo era verão, outono ou inverno. Protegi as sementes de nós dois do vento, dos corvos, dos ratos... Deixei de comer, de dormir, de viver para proteger as sementes do que eu pensei que seria uma estrada florida, perfumada, repleta de casais de mãos dadas, de crianças brincando pelas pétalas, de pássaros se deliciando naquela aquarela de cores. Vigiei as sementes do passado acreditando que quando a primavera chegasse elas nos trariam tudo o que queríamos dali para frente. Porém, a primavera não veio. Secaram meus jardins de dentro, deixando-me sem início e sem fim, no deserto do meio. Mesmo assim, não me desfiz das sementes. Continuei esperando pela primavera. Fui perdendo as forças físicas, mas não a fé de que ela chegaria. Porém, o corpo não aguentou e tombou. E uma ventania roubou as sementes de mim. E, enfim, quando o fim chegou eu, mesmo com tudo aparentemente perdido, acreditei. Fechei os olhos e vi a primavera com seus olhos verdes, carregando uma rosa azul, colorindo jardins de norte a sul. Era como se aquele perfume primaveril nunca tivesse me deixado. Resisti tanto tempo em vão para finalmente entender que a primavera não chegou porque, e simplesmente porque, nunca me deixou.


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25/08/2014 - E agora, dona Ofélia?

E agora, dona Ofélia, quando é que eu vou comer bolinho de chuva daquele que só a senhora sabe fazer? Não deu tempo de aprender nem o doce nem o salgado. Recebi os bordados que fizera para eu guardar como lembrança, porém eu queria mais; Mais do que lembranças. Meus olhos nunca se esqueceram das suas mãos bailando pelo meio daquelas meadas de linha. Da última vez que nós nos encontramos eu não me fiz de rogado e comi meu bolo de aniversário adiantado, mas eu ainda esperava ter outras desculpas para comemorar com essa receita única. As flores de seu jardim já devem estar preocupadas, chorosas mesmo sem orvalho, todas carentes das suas mãos tão férteis. Aliás, a preocupação é geral. Os milharais estão desolados, pois o sonho de toda espiga de milho sempre foi acabar em suas mãos no ponto prefeito de um certo cural que ninguém faz igual. As mães sofrem com suas crianças cheias de quebranto sem saber se essas mãos vão voltar a pegar no terço para benzer. As bonecas que ganhavam roupinhas para serem vendidas em bazares beneficentes devem estar se sentindo nuas. Os botões andam desabotoados com a ideia de não contar mais com suas casinhas artesanais pelas camisas afora. Suas amigas da novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro devem estar se perguntando a razão disso ter acontecido justamente com a senhora. Assim como a preocupação , a perplexidade é lugar comum diante do acontecido. Será que por conta dos remédios a senhora não tomou ou não tomou a quantidade necessária de seu fecha-corpo na última Sexta-Feira Santa? O que aconteceu com sua luta incessante pela liberdade? Difícil de acreditar que aquela mulher que não queria depender de ninguém agora está sobre uma cama completamente dependente. E que história é essa de não falar mais? Para não trazer à tona a falta que vão sentir de suas histórias e aconselhamentos baseados numa sabedoria que une tempo ao sentimento, vou dizer de como será difícil lidar com o silêncio calando sua voz extremamente afinada graças a esses ouvidos apurados no piano. E uma das últimas coisas que ouvi de sua boca dias atrás foram perguntas de como é a vida após a morte... (Pausa) Esses dias chegou até aqui uma foto da senhora comendo um doce de abóbora feito para mim e agora vem com essa de não querer comer mais nada? Sonda? A senhora sempre fez questão de arrumar o próprio prato depois que todos já estavam comendo. Tudo se revirou da noite pro dia numa mudança brusca sem margem para entendimento. Mas a questão é a seguinte, dona Ofélia, como é que eu vou para aí se na hora de eu chegar não vai ter aquele abraço tão apertado quão demorado e na hora de me despedir a senhora não vai estar mais em pé no passeio acenando, acenando, acenando até o carro desaparecer de suas vistas, de suas vistas que ninguém sabe se ainda são capazes de enxergar para além de suas memórias.


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20/02/2008 - E agora, Fidel?

"Pátria ou morte, venceremos! Socialismo ou morte!". Começo este texto com o bordão usado por uma das figuras mais polêmicas de nossa história para fechar seus discursos. Estas aspas ilustram a lápide de um tempo. Em Cuba, caiu Fidel Castro. Não foi pelas mãos de soldados norte-americanos, ou de um povo sedento pela própria liberdade ou de um traidor qualquer. Fidel caiu por suas próprias mãos.

Não vai mais ter charuto e revolução. Não vai mais ter discurso de quatro, cinco, seis horas. Não vai mais ter aquele uniforme verde musgo. Não vai não vai não vai. O ditador renunciou, ou melhor, enterrou-se vivo. Será que Fidel desistiu porque deixou de acreditar em seu próprio socialismo? Um gesto de covardia ou de coragem, o que foi a renúncia de Fidel?...
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29/04/2014 - E agora? Quem duvidou...

Muita gente pensou que a minha poesia não daria em nada. Quantos os que torceram para eu ficar com meus versos mendigando amor pela estrada. Tantos nunca me compreenderam ou porque não se esforçaram ou porque nem tentaram. Eu me acostumei a acreditar sozinho no meu caminho e nunca importei em seguir por onde amei. Eu andei mal falado, mal visto, mal julgado, mas tolos daqueles que pensam que eu sou mal amado.

Para quem duvidou dos meus poemas e cantilenas, do meu amor sonhador, dos convites à minha falta de limite, olha a mulher que me chegou e me acompanha e me ganha com todo sentimento e me quer além do tempo humano. Olha a mulher amada que traça seus planos aos meus e cujos silêncios são palavras de luz em meio ao breu. Muita gente não previa que eu encontraria a poesia em carne rija, sedutora, encantadora e viva, mas olha aí......
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21/11/2012 - E aí, vai encarar?

Leva seu olho gordo para lá senão vai se cegar na força do meu patuá. Não preciso da sua opinião, da minha vida cuido eu e cuido bem cuidado. Da minha história você não é nem futuro nem presente nem passado. Vá canalizar seus maus fluidos na frente de um espelho, pois seu mal não passa do meu tornozelo. Chega de roubar a minha energia, de querer possuir a minha poesia. Em mim sua feitiçaria não dá pé, corto seu mau-olhado no meu candomblé.

Meu babalorixá já falou que quem desejar meu mal pode se preparar para chorar. Pode chorar, ai chora, pois sua energia ruim eu mando embora com meus trabalhos de limpeza. E para sua supresa, o jogo de búzios já me indicou as oferendas, os ebós, os boris, os obis, os âbôs, as pembas que eu preciso providenciar para me libertar desse seu campo negativo. E é bom ficar vivo, pois toda maldição que me mandou, vou devolver com juros e correção. ...
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04/11/2012 - É amar...

Amar é se fazer inteiro de sentimento, só para se doar por completo a outro alguém. Amar é ter o coração maior do que o corpo. Amar é saber mais da criatura amada do que de você próprio. Amar é tirar os pés do chão sem que se tenha um par de asas. Amar é ir além de quaisquer limites. Amar é se espantar com o próprio amor. Amar é viver o futuro antes do presente. Amar é se tornar protagonista da história que sempre ocupou papel de coadjuvante.

Amar é aparar, diariamente, as arestas da saudade. Amar é fazer e desfazer malas. Amar é sofrer sem se machucar. Amar é descobrir outros eus em seu eu. Amar é, em outras palavras, se descobrir plural, duplo, casal. Amar é se deixar prender para ser livre. Amar é se deixar cegar para enxergar mais longe. Amar é fugir de qualquer compreensão barata. Amar é se desprender do que sempre julgou importante e necessário. Amar é o disparar de um coração....
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19/11/2013 - É amor demais

É amor demais para se esquecer ou ser esquecido. É amor demais para se entregar ao vento. É amor demais para ser deixado de lado. É amor demais para fingir que não existe. É amor demais para dar às costas. É amor demais para não estar sempre a postos. É amor demais para se abrir mão. É amor demais para não ser jurado para sempre. É amor demais para não querer o melhor sempre. É amor demais para não se entregar por inteiro. É amor demais que vale à pena esperar. É amor demais para desapegar assim tão fácil. É amor demais para não voltar atrás. É amor demais para sair por aqui fingindo que nada aconteceu. É amor demais para ficar à mercê de possibilidades. ...
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17/11/2013 - É chegada a partida

Se nunca mais ouvir falar de mim, tampouco eu mesmo falando de mim, não se desespere. Se nunca mais ler um texto meu, não se preocupe. Se nunca mais se achar pelas minhas palavras, não chore. Se nunca mais escutar a minha voz escrita em algum canto, não grite. Se nunca mais me vir caminhando pelas linhas afora, não se aborreça. Se nunca mais tropeçar nos meus versos, não soluce. Se nunca mais encontrar minhas vírgulas, não adoeça.

Eu sou um cavaleiro da poesia e, como tal, preciso partir com a mesma ausência de avisos e sinais que marca a minha chegada. E como as chegadas, as partidas também tem um propósito maior, mesmo que desconhecido por enquanto. Porém, um dia tudo será compreendido como o melhor que tinha a ser feito. Sou um cavaleiro que, dada sua missão por cumprida, seja de salvar ou matar uma princesa, parte em direção a outros reinos. ...
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15/07/2014 - É chegado o tempo

Tempo tempo tempo, ó temporal, olha aqui seu filho pedindo por ti. Tempo me arranca desse tempo. Tempo me leva há cinco meses ou a cinco mil anos. Tempo me carrega daqui. Tempo, já deu. Tempo, já vivi. Tempo, já cumpri o que era preciso. Tempo, reavalie minha existência. Tempo, quebre meus relógios. Tempo pare meu tempo. Tempo, me subtrai das suas contas. Tempo, ó temporal, o tempo da existência já foi perdido. Tempo, pra que insistir. Tempo, pra que mentir que amanhã será melhor quando eu sei, e já me falaram, que será cada vez pior. Tempo, tempo, tempo me coloca em seus braços. Tempo me faz feto de novo. tempo me dê outra oportunidade longe daqui. Tempo, desista de mim, por favor. Tempo, pra que continuar? Tempo, pra que caminhar se não há mais estrada? Tempo, para que insistir com isso se minhas asas foram cortadas? Tempo, tempo, ouça meu pedido, tira-me daqui, pelo amor que ainda me tem. Tempo, não há mais tempo. Tempo, não cola essa história de dar tempo ao tempo. Tempo, nem me pediram o tempo que eu nunca aceitei, já acabaram com meu tempo de uma vez. Tempo, o que ainda está esperando? Tempo, vamos, vamos embora. Tempo, faça logo o que precisa ser feito. Tempo, tem permissão para fazer o que precisa ser feito. Tempo, tempo, atenda minha oração. Tempo, chegou o tempo da separação. Tempo, começou a temporada da solidão. Tempo, quem é que vai estancar tanta sofreguidão? Tempo tempo tempo tempo tempo tempo é hora de dar um tempo nisso tudo. Tempo, já viu, meu senhor, que eu não me corrijo, que eu não aprendo com a dor, que eu insisto em ser demais. Tempo, não dá mais. Tempo, é pesado demais. Tempo, é dolorido demais. Tempo, é difícil demais; Demais. E, tempo, sempre soube, que eu amo demais, além da conta, sem medida, de forma descabida, rumo ao infinito. Sim, meu tempo do amor sempre foi elevado ao infinito. Só que já basta. Sou do tempo que o amor era honrado e não desse tempo onde o amor é massacrado, ignorado e abandonado. Tempo, por que me fizeste nascer nesse tempo? Tempo olha meu passado, veja minhas regressões, veja o que fui, o que vivi... Por que, por que meu senhor, ainda tenho que viver nesse tempo que não tem nada a ver comigo? Tempo, é chegado o tempo que o tempo é meu inimigo. Não! Tempo, não permita que isso continue. Tira-me daqui. Estenda seus braços pra mim. Leva consigo ó tempo a única coisa que ainda vale a pena em mim, pelo que eu lutei todo esse tempo, o que eu defendi do próprio tempo, leva-me enquanto amor, leva-me para onde for, mas me tira daqui. Tempo, tudo o que tinha para ser feito já foi executado. Tempo, tudo o que precisava acontecer, já se deu. Tempo, não vou viver para não ser apaixonado. Tempo, isso não está no roteiro. Tempo, arrasta-me para o inferno, mas tira-me daqui. É tempo de nascer ou de morrer, mas não de renascer nisso que já não permite mais parto algum. Não importa se algo ficará pela metade, se haverá perdão nisso tudo, se o destino foi modificado, se os laços do que era para ser eterno foram rompidos, tira, tira-me daqui. Meu pai tempo, senhor dos meus dias e das minhas noites tão vazias, toma-me seus braços e me leva pra um tempo distante onde o ser-amante possa amar em paz. Tempo, é chegado o tempo. Nada de adiar, de poupar, de esperar o que já não pode mais ser esperado. É hora de cumprir a sina. Que sejam imortalizados todos os segundos dessa paixão atemporal. Que, daqui a milhões de anos, os fósseis de tudo o que foi dito em relação a esse amor estejam conservados. A missão de viver um amor maior que o próprio tempo foi vencida. Não há motivo forte o suficiente para insistir nessa existência. Dei o meu melhor a ti ó tempo, e as suas intenções, honrei de forma sobre-humana o amor que me foi confiado. Fui além do meu tempo. Tempo, não adianta me dar mais tempo. O meu tempo interior já não funciona mais. O meu tempo acabou pelo braço que carrega “que seja infinito enquanto dure”. Infelizmente, o infinito foi condicionado ao tempo. E o tempo... Ah! E o tempo... Ah! Meu senhor, sabe o que sinto e o que sou, e sou justamente o que sinto. Por mais que doa, é chegado o tempo, tempo tempo tempo.


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