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Encontrados 150 textos. Exibindo página 11 de 15.
15/08/2012 -
No reino de Iemajá
Hoje acordei com a alma ressecada. Não, não é problema de pele. O cerne da questão está mesmo na alma. Chega a ranger dentro do corpo. Além do ruído desafinado, uma sensação desconfortável que mexe com todo o físico. A alma dói. Com certeza, fruto da desidratação. Minha alma, feito oferenda de Iemanjá, precisa ser lançada ao mar de tempos em tempos. Devo ter sido pescador ou até mesmo peixe em vidas passadas. O cheiro do mar me alimenta, dá força aos meus sonhos, embala minha fantasia. Preciso da maresia corroendo as correntes da realidade que me prendem ao chão. ...
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10/08/2012 -
Noivas de Oxalá
As noivas podem até não saber, mas se vestem para Oxalá. É ele quem reina no mundo dos panos brancos. Mais do que pureza virginal e votos de paz, o branco das noivas traduz a encantaria de Oxalá. O fim de uma vida e o começo de outra simbolizado pelas noivas de Oxalá, que se despedem de uma realidade individual e se entregam a sonhos coletivos. Mulheres que noivam e se casam cumprindo o destino traçado pelo cajado de Oxalá.
As noivas podem até não saber, mas são discípulas de Oxalá. Levam o branco e o amor aos olhos e corações alheios. Noivas do axé. Noivas da criação. Noivas que, assim como Oxalá, são movidas por uma energia tão antiga quão o tempo. Noivas com almas da cor vermelha como Iansã; rosa como Ewá; dourada como Oxum; azul como Iemanjá; lilás como Nanã, marrom-raiado como Obá, mas cobertas pelos panos brancos de Oxalá....
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23/07/2012 -
Nunca é nunca
Nunca é tarde para se colorir ao sol que arde. Nunca é cedo para revelar um segredo. Nunca é demais para amar um pouco mais. Nunca é pra sempre quando não há semente. Nunca é proibido quando o desejo é permitido. Nunca é o bastante quando se opta por viver de modo delirante. Nunca é de verdade quando falamos de realidade. Nunca é eterno quando se pode escolher entre o céu e o inferno.
Nunca é de aço quando é da bailarina o passo. Nunca é de encanto quando há quebranto. Nunca é de fantasia quando se vive por detrás do dia. Nunca é amável quando se é condenável. Nunca é amor quando não há dor. Nunca é o fim para nós quando o começo está bem atrás de você ou de mim. Nunca é normal quando há um grito de carnaval. Nunca é perdido enquanto o destino não for dado como lido. ...
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20/07/2012 -
No clarão dos seus olhos
Quando li seus olhos no clarão da meia-noite, descobri as profecias das sombras. Enigmas e quebra-cabeças das estrelas. Feito astronauta, pisei no solo lunar dos seus olhos. Dei cambalhotas em seu globo ocular e fui sugado pelo buraco negro dos seus medos nos meus. Em seus olhos, a lei da gravidade assim como qualquer outra não faz sentido. Em seus olhos, do riso ao pranto, tudo é permitido. Nos seus olhos, foguetes e fogos de artifício. Seus olhos, poros de meteoro. Seus olhos aflitos como meteoritos. ...
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03/06/2012 -
Nanã salubou
Nanã trouxe a chuva quando tudo era sertão. A chuva, sangue de Nanã, apagou o fogo, apagou o pó, apagou a morte. A chuva de Nanã devolveu a cor às almas desbotadas. Chuva lilás. Chuva arroxeada. Chuva ametista. A chuva de Nanã veio sem avisar, sem pedir licença. Chegou e choveu. Chegou chovendo. Assim é Nanã, a velha ousada que mora no pântano e governa a chuva. Não foi tempestade de Iansã. Foi chuva mansa, que cala fundo na terra e forma a lama de Nanã que molda novos homens, novas mulheres.
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15/05/2012 -
Nascimento espacial
E de uma espera longínqua, ela nasceu. Nasceu como nascem os sóis, em chamas. Nasceu entre dois cometas e uma estrela cadentes. Nasceu e foi logo saudada pelos cavaleiros do espaço. Nasceu aos gritos da chegada de uma nova era. Nasceu do ventre do mais feminino dos tempos – o tempo de amar. Nasceu de um quadrante superior. Nasceu vestida de feitiço. Nasceu com a tinta dos poetas correndo em suas veias. Nasceu com um coração salgado, que vai e vem no ritmo das marés.
E de uma explosão perfumada, ela nasceu. Nasceu como nascem as encanteiras, em feixes de luz. Nasceu banhada pelo choro dos pássaros que estavam condenados a amar uma mulher sem asas. Nasceu ponteada pela sapatilha das bailarinas dos reinos ocultos. Nasceu e foi embalada pela lua, ganhando dela olhares profundos e minguantes. Nasceu dobrando os sinos das mais altas torres. Nasceu com a sina de provocar suspiros, delírios e martírios. Nasceu para matar de amor.
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07/01/2012 -
Nada melhor que longe
Nada melhor do que estar longe. Longe das garras e das feridas do passado. Longe das máscaras e incertezas do futuro. Longe do falatório de sempre. Longe da rua, da cidade, da Terra. Longe do lugar comum, do senso comum, do amor comum. Longe das mentiras, das birras, dos sentimentos baixos. Longe das amarras, dos sorrisos amarelos, das metades. Longe das traições e das imperfeições. Longe da negatividade. Longe das prisões e das torturas. Longe das cascas, dos labirintos, dos curtos-circuitos.
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02/01/2012 -
Novo ano, velhos demônios
O novo ano começa, mas os demônios de outrora insistem em nos atormentar. Afinal, independentemente de tempo, eles não se conformam com a felicidade alheia. Por isso, importunam, azucrinam, infernizam. Malditos demônios que doídos de insucesso e de solidão querem, a qualquer custo, contaminar o mundo com suas tristezas, desilusões e desgraças. Demônios que torcem contra, que trabalham para o mal, que se aliam aos seus. Aliás, um demônio cheira o outro.
Se fosse cinema, bastava cravar estacas em seu peito, queimar seus ossos, aspergir água benta, rezar um exorcismo... No entanto, trata-se de vida real. Misturam-se na multidão, infiltram-se na família. Mas não se esqueça que por detrás da pele humana existe a monstruosidade. Os demônios nos oferecem sorrisos quando, na verdade, querem nosso pranto. Afinal, demônios são infelizes por natureza. Para sobreviverem, alimentam-se de traições, de desrespeitos, de falsidades......
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01/01/2012 -
Novo ano novo
O novo ano explodiu em fogos de artifício. O ano novo nasceu predestinado a viver intensamente por doze longos e breves meses. O novo ano estourou como rolha de champanhe. O ano novo germinou como uma semente de amanhã. O novo ano chegou sem atrasos e com todo glamour. O ano novo pintou e bordou o sete, comendo sete uvas, pulando sete ondas, contando sete histórias. O novo ano começou musical e dançante, improvisando pulos e espetáculos. O ano novo veio numa onda de vento, num pé de mar, no contrapé de um pensamento. O novo ano veio fazendo malabarismos e acrobacias. O ano novo arrepiou em calafrios de medo e surpresas, escorreu em suores de prazer e belezas....
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26/12/2011 -
Nem tudo nem todos
Nem todo latido que há será capaz de me amedrontar. Nem todo amor desta vida será capaz de me convencer. Nem todo trovão que houver será capaz de chover. Nem todo mar do mundo tem sereia. Nem todo sino que existe ira se dobrar pensando em alguém. Nem todo tempo que há vai me vencer. Nem todo mal-estar da cidade vai me desanimar. Nem todo vento que soprar vai me alcançar. Nem todo lodo é vazio de flor.
Nem todo pó já foi alguém um dia. Nem todo romance foi feito para durar séculos sem fim. Nem toda fé é direcionada a algum deus. Nem toda guerra tem dois lados. Nem todas as palavras podem ser ditas sem prévia censura. Nem toda encenação é mentirosa. Nem todo choro escorre dos olhos. Nem todo rio corre para o sul. Nem todo abraço é visível. Nem todo pensamento é pensado. Nem toda lua é de comer. ...
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