Daniel Campos

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Encontrados 150 textos. Exibindo página 14 de 15.

09/07/2010 - Não há, ó gente, oh não...

Com a bola no pé, queria ser Pelé ou Mané. Com o lápis na mão, queria ser Drummond. Na beleza que há na fé, queria ser madre Tereza de Calcutá. Na contracena que tal ser Ayrton Senna. No adiantar da prosa, queria ser Guimarães Rosa. Diante da mulher de olhos de cais ai se eu falasse como Vinicius de Moraes. Seja nos palcos de Amsterdã ou de Taiwan, queria ser Paulo Autran. E se a vida me desse o afago de ser por alguns minutos Mário Lago? Agora, se eu pudesse perder a cabeça como Joana D’Arc viveria de canção em canção como Chico Buarque. ...
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07/07/2010 - No fundo do seu íntimo

Entre o canhão e a escuridão, no fundo do seu íntimo, existe uma canção de amor. Pode acreditar, esta melodia existe e o verso não é assim tão triste como se acredita. Há sempre tempo e espaço para amar e viver esse amor independentemente de hora e lugar. Um romance de três segundos e um beijo de seis meses podem ter a mesma duração na intensidade poética de se compreender as coisas do coração. Pois então, cante avante o refrão de modo que espante do leito do peito a fria e vazia solidão.
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12/06/2010 - Namorados, para sempre

Eu mergulho Santo Antônio de cabeça dentro de um copo com água pensando em você. Eu uso e abuso do pensamento positivo. Eu escrevo seu nome ao lado do meu com caneta vermelha na barra do vestido das noivas de Copacabana. Eu amarro e costuro cada letra do seu nomezinho na boca do sapo. Eu rezo dezenas, centenas, milhares de Salve-Rainha pedindo você. Eu levo sete rosas à igreja em dia de casamento e acendo uma vela virgem suportando a cera quente em minha mão pensando em você. Eu fervo uma rosa vermelha em um litro d’água e me banho querendo você. ...
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01/04/2010 - Narciso, o pardal

Que pardal mais narcisista este. Tanto lugar para fazer ninho e ele teve que inventar de querer sua casinha bem no retrovisor do meu carro. Todo dia é assim. O bichinho se debatendo em asas querendo entrar no espelho. Talvez queira ficar perto de seu reflexo ou, em sua maluquice passariana, enxerga ali, entre seus traços, uma suposta namorada. Já virou rotina encontrar pela manhã o espelho todo riscado de seus pulinhos e o retrovisor salpicado de sujeira de pardal.

Pensei em fazer uma arapuca para pegar Narciso, o auto-admirador grego. Talvez seja esse o nome mais adequado para ele. Vai gostar de se admirar assim lá na Grécia antiga. Também já cogitei esticar um bom estilingue para dar um basta nessa novela. Mas sempre acabo ficando com pena. Se bem que nessa história toda quem tem pena é o pardal. Nem bem o dia amanhece e o bichinho já está às voltas com seu reflexo. Como Caetano diz, Narciso acha feio o que não é espelho....
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29/01/2010 - No quintal dos Barbosa

Billy comia a galha da roseira, Sansão afiava as unhas no cimentado, Dafne iniciava as obras de um novo buraco, Draco rasgava a coberta e Polly fingia a própria morte. Tudo normal no quintal dos Barbosa: muitos latidos, destruição e bagunça. Tudo ia bem até que a galinha do vizinho inventou de subir no muro e provocar quem estava quieto. E não eram as habituais galinhas d’angola que moravam na casa ao lado e, vez ou outra, davam o ar da graça. Era uma típica galinha de despacho: magricela e preta, com a crista tão vermelha quão um demônio. E a cachorrada estranhou a galinha que parecia o cão....
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30/12/2009 - Não adianta

Não adianta trancar a porta do quarto. Eu tenho a chave. Não adianta vestir tantas roupas. Eu gosto de lhe despir peça por peça. Não adianta se calar. Eu sei falar a sua língua. Não adianta ir dormir cedo. Eu perco o sono. Não adianta falar mal de mim. Eu relevo críticas. Não adianta me envenenar. Eu não caio. Não adianta gritar. Eu me faço de surdo. Não adianta tentar me convencer. Eu sou de opinião.

Não adianta me bater. Eu agüento. Não adianta me rogar praga. Eu não acredito. Não adianta mentir. Eu não me iluso. Não adianta jogar. Eu ganho. Não adianta me difamar. Eu não me importo. Não adianta fugir. Eu lhe acho. Não adianta desconversar. Eu volto ao assunto. Não adianta desmaiar. Eu lhe acordo. Não adianta me morder. Eu não grito. Não adianta me desanimar. Eu não desisto. Não adianta adiar. Eu espero. ...
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01/11/2009 - Na marca do pênalti

Faltam 60 dias para acabar o ano. Das promessas todas que você fez ou se fez no dia primeiro de janeiro quantas conseguiu cumprir e quantas fingiu esquecer? Hoje é o 305º dia do ano. E quantos sonhos previstos para esse ano ainda lhe habitam, quantos projetos ainda estão de pé? Faltam 60 dias para acabar o ano e a aflição já começa a lhe perturbar. Você conseguiu fazer tudo o que pretendia no campo profissional, pessoal e amoroso? Você disse “eu te amo” para quem e da forma que queria? Você conseguiu chacoalhar sua vida, mudar aquele caminho que tanto lhe incomodava? Você conseguiu mudar e se mudar? ...
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30/11/2008 - Neve???

Espera aí, estica um pouco mais para esse lado de cá. Quem sabe se eu prender a respiração ou virar um pouco mais o braço esquerdo para oeste. Só mais alguns segundos deste contorcionismo devem bastar. Um, dois, três pulinhos. Pronto. Ficou perfeito, ou quase. Quem mandou comer todas aquelas feijoadas com torresmo. Por pouco essa roupa não entra em mim. Meu Deus, que barriga é essa. Agora só falta colar a barba. Esses pelos fajutos coçam como brotoeja das brabas. E por falar em coceira, essa peruca dá um calor. Calma, Nestor, tudo é questão de costume. Costume? Um sol do tamanho do Maracanã lá fora e eu tendo que andar de luvas, botas e gorro. Eu, reclamo, reclamo, reclamo, mas todo fim de ano me transformo em papai-noel....
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28/10/2008 - No meio da estrada...

No meio da estrada tinha uma vaca. No meio da estrada tinha uma vaca, uma novilha, dois bezerros e três cabritos. Parei o carro para dar passagem àquela pequena comitiva. Os animais sem pressa, batiam os cascos no chão de terra encaroçada. Olhavam para o carro e, acostumados com a civilização, ignoravam a minha presença. Pena que não havia uma máquina fotográfica ali. O registro de um Brasil caipira, de um Brasil de anos atrás, de um Brasil da minha infância ficou apenas no fundo da retina empoeirada....
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23/10/2008 - Não existo

Um banco, uma árvore e uma marmita. A comida é fria, como as almas dos que passam por ali. Os carros vão passando em uma orquestra de buzinas. As bicicletas vão passando com suas rodas de aros e raios. Os pedestres vão passando em seu direito de ir e vir. E eu vou ficando, no pano de fundo, no plano do mundo, num pranto vagabundo como personagem coadjuvante de um livro sem fim. Até os pássaros cantam fora do tom que brota em mim. Eu não existo. Eu não existo. Eu não existo.

Entre um bocado e outro, vou feito um operário em construção. O suor no rosto, a fome batendo no coração. Não há mesas, velas, arranjos de flor, só há os dentes roendo e rasgando a carne escura. Os mendigos passam por mim e não me mendigam. Os pedintes passam por mim e não me pedem. As esperanças passam por mim e não me esperam. Os cachorros passam por mim e urinam no meu sapato, borrando a graxa. E a vida passa sem graça. E eu não existo. E eu não existo. E eu não existo....
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