Daniel Campos

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Encontrados 150 textos. Exibindo página 13 de 15.

01/05/2011 - Não dá para esquecer

Não dá para esquecer seu carro lançado contra o muro feito flecha cega. Não dá para esquecer o medo. Não dá para esquecer o nome daquela curva. Não dá para esquecer o drama. Não dá para esquecer o choque. Não dá para esquecer o susto. Não dá para esquecer o sangue. Não dá para esquecer o silêncio. Não dá para esquecer seu capacete pendendo para o lado. Não dá para esquecer a brutalidade das coisas. Não dá para esquecer as marcas dos pneus. Não dá para esquecer os estilhaços. Não dá para esquecer o vazio das arquibancadas. Não dá para esquecer os buracos da narração. Não dá para esquecer o primeiro lugar. Não dá para esquecer aquela bandeira. Não dá para esquecer tantos planos. Não dá para esquecer a falta de notícias. Não dá para esquecer a quebra de expectativa. Não dá para esquecer aquele início de sétima volta. Não dá para esquecer a quebra da barra de direção. Não dá para esquecer aquele lugar da Itália. Não dá para esquecer as fotos, os textos, as falas. Não dá para esquecer os sons, as cores, os dissabores daquele dia. Não dá para esquecer....
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14/04/2011 - No alto do alto

No alto da torre, a mulher avança pelo horizonte como capitã de um imenso navio, que enfrenta as ondas do mar com a mesma desenvoltura que escorrega pelo rio. Ali, no alto do alto, ela se põe a observar a vida e, até mesmo, a morte. Esparrama seus olhos por aquele oceano de gente e de construções com a segurança de quem está atrás de uma janela de cobertura. Mesmo que de forma abstrata, domina a região e seus movimentos. Chega a fingir para si própria que conhece o que pensa e sente sua tripulação. ...
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29/03/2011 - Ninguém vai nos separar

Ninguém vai nos separar. O tempo da saudade não há de nos alcançar. Porque somos fortes como as aves do norte. Por mais que não suporte o conceito da morte, seu corpo é o meu leito. Se os anjos falam mal de nós, que importa? Se a inveja não nos deixe a sós, damos a volta. Podemos sofrer, mas sofrer de prazer. Vamos alongando a estrada, enganando a morte e suas desculpas. Vamos tropeçando e perdoando as nossas culpas. Vamos seguindo em frente, com versos e rosas entre os dentes.

Ninguém vai nos separar. Já disse isso, mas sempre é válido reforçar o juramento contra todo e qualquer feitiço. Nosso amor é tão bonito, tem um requebrado, um reboliço. Eu acredito em paraíso, em falta de juízo. Eu acredito num mundo de escolhas, num jardim de trevos de quatro folhas. Eu acredito no humano e no mito que há por trás de cada um. Eu acredito em destinos cruzados, em tempos redimensionados, em sonhos acordados. ...
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03/11/2010 - No mesmo amor

Desde que o mundo é mundo é assim, o amor se perde e se acha, o amor se quebra e se cola, o amor sorri e chora, o amor fica e passa, o amor afirma e nega, o amor cega e enxerga, o amor nasce e renasce, o amor dói e se dói, o amor caminha e descaminha, o amor amarra e desamarra, o amor enfeitiça e encanta, o amor atrai e espanta, o amor silencia e canta, o amor cai e levanta, o amor planta e colhe, o amor tolhe e acolhe no mesmo amor desde que o mundo é mundo.

Desde que o mundo é mundo é assim, o amor galga e cavalga, o amor adoece e cresce, o amor avacalha e ralha, o amor enobrece e empobrece, o amor caminha e aninha, o amor beija e deseja, o amor teme e treme, o amor enguiça e reboliça, o amor machuca e cura, o amor suporta e segura, o amor importa e bate à porta, o amor desaparece e se esquece, o amor noticia e extasia, o amor torna e entorna, o amor rompe e corrompe, o amor acode e explode no mesmo amor desde que o mundo é mundo. ...
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21/10/2010 - Nos meus braços

Nos meus braços lhe levei por campos e desertos. Nos meus braços lhe levei por metrópoles e vilarejos. Nos meus braços lhe levei por acidentes psicológicos e geográficos. Nos meus braços lhe levei por lugares nunca dantes habitados. Nos meus braços lhe levei por constelações romanas e gregas. Nos meus braços lhe levei para além dos véus de Maya. Nos meus braços lhe levei para o fim e o início do mundo. Nos meus braços lhe levei por terras sagradas e amaldiçoadas. Nos meus braços lhe levei para um tempo sem medo nem sofrimento. ...
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11/10/2010 - Natal na Big Apple

Vamos. Vamos meu amor, pegue a bagagem. Não se esqueça, por favor, de levar algumas guloseimas para amenizar a viagem, entre elas um Neruda e um Rubem Braga. Vamos ao Cirque Du Soleil assistir a historia de um garoto que sai a procura de neve num mundo imaginário. Vamos contracenar com a chuva e com o frio na Times Square. Vamos caminhar no Central Park e quando estivermos exaustos de amar naquela ilha perdida vamos acompanhar o papai-noel no desfile de Ação de Graças. Noite adentro vamos visitar o Richmond Town, o bairro que fica iluminado com velas, lamparinas e lareiras. ...
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21/08/2010 - Nuvens e anjos

O meu céu não tem mais nuvens. É um céu azul acinzentado, embaçado, poluído. Mais parece um solo desértico depois da destruição. Não há nem nuvens brancas nem nuvens pesadas da cor de chumbo. Certamente, não vai chover, tampouco vai haver aquela brincadeira de ficar tentando adivinhar as possíveis figuras que se formam no corpo das nuvens. Não há nuvens tentando entrar pela minha janela ou me esconder do sol.

O ar quente e seco desfaz qualquer possibilidade de nuvem. O céu fica impróprio para a formação dessas penugens de algodão. E nessas horas é que eu me pergunto: onde estarão os anjos? Sempre foi dito que os anjos moram em nuvens, que ficam sobre elas tocando suas harpas e vigiando a vida aqui na Terra. Será que os anjos se foram junto com as nuvens? Ficamos sem sombra e entregues às sombras. ...
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01/08/2010 - Niágaras

Quando uma uva niágara explodiu seu perfume adocicado em minha boca fui tragado para os confins do meu baú de lembranças, no qual vou me misturando em pedaços de adulto, velho e criança. E, ali, caído em meio a mundos abstratos e fundos concretos, encontrei um dos meus doces prediletos. Um doce que não é feito em panelas de cobre, mas em videiras que cobrem uma parte do céu por meio de suas parreiras. O doce diferente e inocente das uvas niágara que chegavam em casa em caixas de madeira trazidas por meu pai....
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31/07/2010 - Nêga

Nêga, hoje a nossa lua amanheceu tão negra, como que marcada pelo batom da escuridão. Nêga, deixa-me entrar no seu barracão e ver onde você guarda o nosso amor, por debaixo das fantasias e alegorias de crepom. Nêga, sabe que meu coração pertence a sua escola e bate no compasso do seu tamborim. Nêga, eu quero o seu amor negro. Nêga, desejo toda essa folia negra que bole pelo seu corpo num quebrado sem fim. Tem dó de mim, ò nêga, e coloca mais água no seu feijão. Eu lhe sondo no jardim das rosas negras, ò nêga, só para lhe oferecer meu amor num samba-botão, numa flor-canção. Da Portela à Estação Primeira de Mangueira, eu me rendo aos seus passos e abraços negros de domingo à quarta-feira de cinzas e carregos. ...
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29/07/2010 - Nada além de estrada

Eu não sou nada, nunca fui nada e jamais serei nada. Sou apenas estrada. Todos me pisam e passam por mim. Usam-me para ir daqui pra lá, de lá pra cá, de cá para acolá. Eu não tenho começo nem fim. Sou sempre um meio de seguir em frente ou voltar à trás. Sou apenas um dos tantos pedaços de mim. Nada mais.

Ora sou de piche, ora de pedra, ora de terra batida. Sou chegada e partida. Sou aclive e declive. Sou de tantas viagens, paisagens, miragens. O sol nasce e morre em meus flancos. Pessoas amam e são amadas, matam e morrem, levantam e caem ao longo da minha rota. Muitos sentem prazer quando me vêem, outros enlouquecem....
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