Daniel Campos

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25/12/2011 - Natal a toda hora, em qualquer lugar

Era uma vez uma menina que tinha um cachorro chamado Natal. Era gordo e barbudo com o papai-noel. Isso sem falar que tinha umas mechas brancas ao longo da pelagem. Embora fosse representante de uma raça importada de nome bastante esquisito, lembrava muito um vira-lata. Apareceu em sua casa entre as caixas de presente no dia 25 de dezembro. Batizá-lo assim foi inevitável. Chegou num momento difícil, em que a pequenina estava com uma dessas doenças capazes de levá-la embora. Foi paixão à primeira vista, ou melhor, ao primeiro latido.

Era engraçado vê-la gritando Natal no carnaval, na fogueira de São João, no Dia das Bruxas. E por coincidência, Natal adorava comidas natalinas. Até sua caminha, que ficava aos pés da cama da pequenina, era vermelha e verde. Ficava hipnotizado quando via filmes ou desenhos natalinos na televisão. Latia em ritmo de jingle-bell. Seu sonho era descer numa chaminé. E a cada Natal, Natal parece que ficava ainda mais vistoso. Seus olhos chegavam a brilhar como aquelas estrelas de ponteiam as árvores.

Foram anos e anos assim. A criança se curou da doença de uma forma que deixou os médicos boquiabertos. Virou uma mocinha. Mas nem toda surpresa é agradável. No nono Natal de Natal, Natal dormiu e não acordou mais. Não quis nem mesmo comer nem as sobras da ceia. Não se animou com os sinos, com os corais, com a árvore enfeitada, com a iluminação especial. A menina chorou, mas sabia que Natal tinha cumprido sua missão e que precisava morrer para nascer em outra família.

Afinal, o Natal, mais do que tudo, é renascimento. Vida nova trazida por meio de homens, mulheres, crianças, animais, plantas, enfim, criaturas onde o espírito natalino pode habitar. Aquele cachorro foi o meio pelo qual a magia do Natal pode se aproximar da menina que tinha felicidade no nome, mas havia perdido os sorrisos. Durante anos, agiu em prol da evolução da menina. Com a morte do cão, passou a buscar o espírito do Natal no vento, num texto, numa música, numa flor, num abraço. Eram encontros e reencontros diários. Durante todo o ano ela celebrava o Natal.


Um Natal iluminado a todos!


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