Daniel Campos

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12/06/2011 - Nomes próprios e impróprios

Entre tantas Marias e Josés, Joões e Anas, Claras e Franciscos, é difícil encontrar alguém que esteja plenamente feliz com seu nome. Há sempre alguém que queria ser chamado de outra forma. Afinal, o nome é uma coisa íntima que deveria ser escolhido pelo próprio dono. Não importa se o nome é complicado ou simples, precisa sintetizar a alma de determinada pessoa. Nem sempre o que é bom para os pais é bom para os filhos. Por isso, a ditadura do batismo, deveria ser extinta. Deveríamos ficar sem nome, ser chamados por números, até conseguirmos escolher nossos nomes próprios.

Eu mesmo queria outro nome senão Daniel. Acho meu nome um tanto quanto fraco, comum, discreto. Minhas rimas são céu, mel, papel, coronel, bordel... Nada de muito significante. Sempre estudei em salas com pelo menos três outros alunos com o mesmo nome que o meu. Segundo referência bíblica, Daniel é aquele da cova dos leões. Ora, sou do signo do ar, prefiro mil vezes os pássaros aos leões. Se pudesse me batizaria novamente, com outro nome e com outros padrinhos. Mas essa questão de apadrinhamento já é assunto para outro texto. Voltemos à nomenclatura.

Minha mãe devia ter seguido os conselhos de meu avô e me batizado de Olimpio, em homenagem ao meu tataravô. Eu, como amante da magia grega, adoraria carregar um nome que remete ao monte onde habitavam os deuses mitológicos. O nome de minha mãe é fruto da composição do nome de suas duas avós. Se tivesse feito o mesmo comigo eu me chamaria Antonio Liberato. Ainda no campo da família eu poderia ter sido chamado com o nome de um dos tios de meu avô, Vitorino.

Se fosse para ter nome de poeta, seria Vinícius. Nome de música, Antônio (Tom). Nome de velocistas: Ayrton, Alain, Nigel. Nome de escritores, Dante. Nome de pintor, Pierre-Auguste. Nome de dança, Mikhail. Se fosse batizado com o nome do anjo que rege o dia do meu nascimento seria Aladiah. Pelo santo do dia, seria chamado Eduardo. Pelas divindades, seria Zéfiro, o vento que sopra do poente anunciando a primavera.

Meus pais poderiam ainda ter bebido na fonte dos nomes celtas, franceses, russos, tupis. Poderiam ter me chamado de substantivos ou adjetivos portugueses. Poderiam ter se inspirado em romances ou contos da literatura. Ou quem sabe no cinema ou nos grandes musicais. Poderiam ter consultado esses livros de nomes de bebê que se compra nas bancas de revista. Poderiam, mas optaram por um nome hebraico que significa Deus é meu juiz. Fizeram isso sem me perguntar se eu queria ajuizar meus sonhos no céu ou no inferno.


Comentários

30/04/2012, por olimpio:

boa noite meu nome e olimpio daniel de campos gostei do poema, parabens


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