Daniel Campos

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03/05/2011 - Noite pingada

Noite fria. Cama vazia. Lua muda. Estrelas ácidas. Ratos no quintal. Flores secas. Vento cortante. Palpitação. Relógio quebrado. Corpo cansado. Cortinas fechadas. Pirilampos apagados. Santos caídos. Pernilongos aos pés do ouvido. Insônia e pesadelo. Atropelo. Retratos solitários. Sim e não. Horóscopo errado, signo virado. Passado amaldiçoado. Travesseiro sem rosto. Noite sem gosto.

Noite deserta. Nó que aperta. Grilos desafinados. Sonhos amarrados. Balé de baratas. Torneira pingando. Porta que range. Cochicho de almas. Sapatos sem pés. Notícias velhas. Cheiro de azedo. Cegueira e alucinação. Monólogo. Febre de coração. Vontade de falar. Medo de existir. Queixas e deixas. Ausência doída. Penumbra e breu. Anoiteceu nas gerais. Noite de ais, adeus.


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