Daniel Campos

Ou exibir apenas títulos iniciados por:

A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todos

Ordernar por: mais novos  

Encontrados 73 textos. Exibindo página 2 de 8.

07/03/2011 - Lança perfume

A mulher amada, dentro ou fora do carnaval, nos blocos ou nos bailes, nas ruas ou na cama, no sonho ou na realidade, na folia ou na tristeza, lança perfume. Seja nos momentos de conquista, de lazer, de trabalho ou de reflexão, a mulher amada lança perfume de forma sutil ou avassaladora.

Dos poros da mulher amada emanam naturalmente fragrâncias relacionadas ao sentimento. Cheiro de amor, cheiro de raiva, cheiro de angústia, cheiro de saudade, cheiro de desejo, cheiro de diversão. Porém, em instantes de pura intensidade, a mulher amada não apenas emana, mas lança perfume. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Latidos

O céu num azul sem nuvens. Os ponteiros se preparam para o encontro do meio-dia. Os pés, por mais que se esforcem, não conseguem deixar pegadas na terra batida da rua. Uma terra seca e dura. A ausência da chuva mancha o sapato de poeira. Os matos da encosta numa paisagem que remete a lugares que não aparecem no horário nobre da televisão. E com toda a poeira, com todo o mato, com todo o azul, os pés continuam a caminhada, em silêncio.

Passos e mais passos e a solidão de uma palmeira se esparrama pelo terreno. Conforme a posição do sol, a sombra das folhas alcança uma casa que surge em várias cores, na tentativa de divertir o cenário. Uma morada simples, onde o sol desliza pelo amianto até se acabar nos gestos de um Joaquim que é Antônio que é Pedro que é Raimundo fulano de tal. Um homem que transforma a própria história em gestos....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

18/11/2010 - Latinidade

Hoje eu quero a mulher nascida sobre a água e renascida do fogo. Eu quero a mulher que tenha olhos de brasão. Eu quero a mulher de paradoxos, forjada entre a guerra e a delicadeza, entre os séculos dos séculos e o amanhã que ainda não vingou. Eu quero a mulher livre e transgressora, capaz de me deixar boquiaberto diante de sua boca. Eu quero a mulher inimaginada, que está além de cálculos e teorias. Eu quero avistar essa mulher caminhando pelos ladrinhos da poesia concreta que me habita. Eu quero essa linguagem de mulher na ponta da minha língua versando em segredo. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

21/04/2011 - Lava-pés

Os pés da mulher que eu amo são duas criaturas próprias e independentes, que caminham paralelas ou perpendiculares aos destinos que a ela convém. Como são belos os seus pés cheios de curvas e carnes, de desenhos e relevos. Caminham pela vida suja, pela noite turva que nos toma como reféns. Tens os pés de um anjo caído, de um desejo proibido, de um tempo perdido. Os pés da mulher que eu amo me levam em seu encalço implantando em mim marcapassos de uma dança que avança pela minha imaginação.
...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

20/04/2016 - Lavore

Há tanto para se fazer. Olha para os lados e ralha com você. Olha, olha quanto há por fazer. Não há tempo a perder. Trabalha. Valha por dois ou três. É a sua vez. Não deixa passar o tempo, pois o tempo é o que há de voltar. Segura o momento. Lapida o sentimento. Vá atrás do que é realmente importante. Faça diferente. Se reinvente. Não tente, faça, consiga, conquiste. Se não puder ser as asas, seja o alpiste do pássaro. Dobra o aço. Firma o passo. Corta todo e qualquer laço que te prenda ao sofrimento. Não fique isento à felicidade. Não ignore aquilo que o invade. Não se permita ao papel de observador. Seja o lavrador do seu campo. Nem pecador nem santo. Há tanto para se fazer. Deixe de doer e lavore o amor.


Comentar Seja o primeiro a comentar

14/01/2011 - Le Jeu de la Séduction

Sua alma é confeccionada em ouro branco, com navetes de rubis e diamantes. Espírito de seiva. Passado de marfim. Alma cortada com a exatidão de um deus ourives a partir da pureza das gemas que contrapõem seu design pouco inocente. Seu corpo físico é desenhado de forma onírica e com um detalhismo que mistura safiras azul, rosa e violeta com pavê de brilhantes. Seu coração é um broche atarracado ao peito e seus cabelos escorrem pelo pescoço como colares sutis que mudam de cor e textura ao sopro de um vento minerador. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

26/04/2016 - Leia-me

Leia-me antes de dormir e ao acordar. Leia-me na hora do café, do almoço, do jantar. Leia-me andando, malhando, amando. Leia-me para se apaixonar ou para se manter apaixonado. Leia-me de pé, com fé, para (des)entender a mulher. Leia-me nas horas de solidão e nas que os sentimentos se alvoroçam feito multidão aí dentro de você. Leia-me com ou sem porquê. Leia-me de todas as formas, jeitos, trejeitos, sem lei, sem normas. Leia-me vestido ou nu, bem-passado ou cru, deitado, de quatro, plantando bananeira. Leia-me em qualquer posição. Fetal, sexual, de meditação. Leia-me por fora e por dentro, pelo avesso, pelo começo, pelas beiradas, pelo fim, pelas horas mais curtas ou mais alongadas. Leia-me a sua moda. Leia-me numa reta, numa curva, numa roda. Leia-me na sacada, na varanda, no quintal, na praia, no campo, na montanha, no espaço sideral. Leia-me na crescente, na cheia, na minguante, na nova. Leia-me em prosa, em verso, em trova. Leia-me em silêncio ou cantando. Leia-me no papel, no computador, no celular. Leia-me em todo canto, em qualquer lugar. Leia-me fazendo crochê, fazendo comida, fazendo amor. Leia-me seco e molhado, chuvoso e ensolarado, aberto e fechado. Leia-me na primavera, no verão, no inverno, na meia estação. Leia-me no quarto, na ladeira, no parque, leia-me todo de parte em parte. Leia-me de óculos, de binóculos e cegamente. Leia-me com luzes frias ou quentes, no nascente ou poente, calma e desesperadamente. Leia-me pelo amor demais, pela paixão à primeira vista, pelo sentimento malabarista. Leia-me para se vestir de palavras. Leia-me para se cobrir de lava. Leia-me como se fosse acabar. Leia-me sem conseguir me deixar. Leia-me entre quatro paredes, no balanço das redes, azul, vermelho, rosa, verde. Leia-me independentemente se feio ou bonito, mas no rito de ler o amor em sua intensidade, em sua vitalidade, em sua profundidade. Leia-me como quem lê o amanhã, o hoje, o passado. Leia-me querendo ser amado, mas não num amor qualquer. Leia-me o quanto puder. Leia-me e deixa vir o que vier. Leia-me desfolhando-me bem-me-quer, malmequer, bem-me-quer, malmequer, bem-me-quer.


Comentar Seja o primeiro a comentar

14/06/2015 - Lendas do rouxinol

O buraco sem fundo é onde se esconde o melhor do mundo. No caco de vidro alguém se sangra e dá seu destino como lido. No fato ocorrido há sempre um inocente e um parente comovido. Na fenda da agulha passa linha, mas não passa trem. À fagulha da vela vem a alma que convém. Diz a lenda que é na lua nova que sobra desdém. Porém, se quiser algo novo basta dizer ao além: eu louvo a minguante também. O pano das costas é o mais alvejado. A inveja e olho-gordo andam lado a lado. A cobiça enguiça seu futuro e seu passado. Cuidado com os botões, pois no ato do abotoamento há sempre um casamento. O vão da vida é uma ode à despedida. Pela ponte estreita quem não se sacode não se endireita. Preste atenção, coração é curvo como anzol para fisgar amor e perdão até em mar turvo ou dias sem sol. Tudo isso quem me contou foi o menino rouxinol que hoje canta junto da santa de olhos de farol.


Comentar Seja o primeiro a comentar

28/02/2016 - Leva meus bois

Oô Oô carreiro, leva o que restou dos meus bois junto das suas juntas porque de agora em diante vou esperar pela vida, pois a morte eu já bem conheço vestida ou despida. Oô Oô vou sentir saudade do meu gado andante, do meu carro ligeiro que geme e chora, do sereno campeiro, mas minha lida daqui até outrora será pela minha senhora, a vida. Eu já duelei no norte, provei que fui mais forte, já morri e renasci inúmeras vezes, mas cansei, entrego os pontos, viverei de contar meus contos a quem quiser escutar. Toma toda a minha rês. Leva meus bois, ô leva carreiro, e daqui para frente pode me chamar de violeiro. Oô carreiro, das dez linhas do destino que já atravessei, do menino ao homem, fiz dez cordas de viola que selei junto ao peito em sinal de respeito aos bois que eu te dei. E agora toda vez que eu canto cada corda vibra, a boiada solta aquela mugida, o carro estica a gemida e lá vem a vida.


Comentários (1)

14/03/2014 - Levá-la no colo

Que meus braços sejam chamados de andor, porque eu lhe carrego por onde quer que for. Meus braços carregaram a pureza da santa, a beleza que é tanta, o mistério que encanta e uma fé que se agiganta. Que meus braços sejam imortalizados com você sendo sustentada por eles, suspensa em pleno ar como flor ao vento. Seu corpo tatuou a minha pele, o meu sangue, a minha alma, com a história de um amor sagrado. Meus braços ainda sentem a sua leveza, que mais parecia ser feita de pluma do que de carne, tendo bolhas de sabão no lugar dos ossos. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Primeira   Anterior   1  2  3  4  5   Seguinte   Ultima