Daniel Campos

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Encontrados 73 textos. Exibindo página 1 de 8.

07/08/2016 - Longe e perto

Faltam notícias. Sobram malícias. O pombo-correio ainda não voltou. Seu seio já deflorou. Eu ainda não sei nada sobre seus últimos dias. Eu ainda não te contei as minhas fantasias. Por onde tem andado? Espero por beijos molhados. Me perdi dos seus olhos. Sinto nossos corpos com seus óleos. Não entrou pela minha porta. A saudade me corta. Não sei o que usa. E fico te querendo me lambuza, me ruja, me coruja. Vigio uma ligação, uma mensagem, um pensamento. E tateando esperanças vou pelo seu corpo adentro. Longe de você eu medro e tremo. Perto de você eu quebro e gemo.


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24/07/2016 - Linda de viver

Linda, do princípio ao fim. Linda, a flor mais bela já tida no jardim. Linda, com olhos de esmeralda, boca de rosa-chá e um sorriso de Shangri-La. Linda, um convite à imaginação. Linda e ainda dá paz e harmonia como se fosse uma religião. Linda de tirar o juízo, de tirar do rumo qualquer estrada, de fazer do azedume a colher mais açucarada. Linda, de paisagens deslumbrantes, seja pelo seu exterior ou interior. Linda, de retas, semi-retas, curvas, parábolas que contrariam a física e a matemática. Linda, longe de ser estática. Linda, de uma atmosfera intensa e propensa à primavera. Linda e simpática. Linda e catedrática no que diz respeito a ser tudo e ser simples compondo assim a beleza da natureza do seu ser. Linda e surpreendente. Linda e envolvente. Linda de iluminação. Linda de viver, de viver para todo sempre. Linda de flor, fruto e semente. Linda de crer. Linda como o ápice da criação.


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21/05/2016 - Louco para amar loucamente

Louco para beijar a boca da noite. Louco para uivar aos olhos cheios de lua. Louco para fazer uma última prova de amor, pois a última é sempre a melhor. Louco para continuar com meu romantismo de vanguarda, que a faz baixar a guarda. Louco para ir além do além do além do infinito. Louco para escrever nossa história na história. Louco para ser considerado louco, pois o amor comum, o amor padrão, o amor do óbvio não me interessa. Louco para colocar em prática minha pressa de amar, pois o amor é urgente, é imediato, é inadiável. Louco para compor poesias, canções e outras fantasias reais. Louco para deixar marcas impressionistas no acervo romancista da criatura amada. Louco para perder o chão, extrapolar o teto, derrubar as paredes e amar livremente. Louco para romper a casca e ver a luz do amor no desconhecido.


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26/04/2016 - Leia-me

Leia-me antes de dormir e ao acordar. Leia-me na hora do café, do almoço, do jantar. Leia-me andando, malhando, amando. Leia-me para se apaixonar ou para se manter apaixonado. Leia-me de pé, com fé, para (des)entender a mulher. Leia-me nas horas de solidão e nas que os sentimentos se alvoroçam feito multidão aí dentro de você. Leia-me com ou sem porquê. Leia-me de todas as formas, jeitos, trejeitos, sem lei, sem normas. Leia-me vestido ou nu, bem-passado ou cru, deitado, de quatro, plantando bananeira. Leia-me em qualquer posição. Fetal, sexual, de meditação. Leia-me por fora e por dentro, pelo avesso, pelo começo, pelas beiradas, pelo fim, pelas horas mais curtas ou mais alongadas. Leia-me a sua moda. Leia-me numa reta, numa curva, numa roda. Leia-me na sacada, na varanda, no quintal, na praia, no campo, na montanha, no espaço sideral. Leia-me na crescente, na cheia, na minguante, na nova. Leia-me em prosa, em verso, em trova. Leia-me em silêncio ou cantando. Leia-me no papel, no computador, no celular. Leia-me em todo canto, em qualquer lugar. Leia-me fazendo crochê, fazendo comida, fazendo amor. Leia-me seco e molhado, chuvoso e ensolarado, aberto e fechado. Leia-me na primavera, no verão, no inverno, na meia estação. Leia-me no quarto, na ladeira, no parque, leia-me todo de parte em parte. Leia-me de óculos, de binóculos e cegamente. Leia-me com luzes frias ou quentes, no nascente ou poente, calma e desesperadamente. Leia-me pelo amor demais, pela paixão à primeira vista, pelo sentimento malabarista. Leia-me para se vestir de palavras. Leia-me para se cobrir de lava. Leia-me como se fosse acabar. Leia-me sem conseguir me deixar. Leia-me entre quatro paredes, no balanço das redes, azul, vermelho, rosa, verde. Leia-me independentemente se feio ou bonito, mas no rito de ler o amor em sua intensidade, em sua vitalidade, em sua profundidade. Leia-me como quem lê o amanhã, o hoje, o passado. Leia-me querendo ser amado, mas não num amor qualquer. Leia-me o quanto puder. Leia-me e deixa vir o que vier. Leia-me desfolhando-me bem-me-quer, malmequer, bem-me-quer, malmequer, bem-me-quer.


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20/04/2016 - Lavore

Há tanto para se fazer. Olha para os lados e ralha com você. Olha, olha quanto há por fazer. Não há tempo a perder. Trabalha. Valha por dois ou três. É a sua vez. Não deixa passar o tempo, pois o tempo é o que há de voltar. Segura o momento. Lapida o sentimento. Vá atrás do que é realmente importante. Faça diferente. Se reinvente. Não tente, faça, consiga, conquiste. Se não puder ser as asas, seja o alpiste do pássaro. Dobra o aço. Firma o passo. Corta todo e qualquer laço que te prenda ao sofrimento. Não fique isento à felicidade. Não ignore aquilo que o invade. Não se permita ao papel de observador. Seja o lavrador do seu campo. Nem pecador nem santo. Há tanto para se fazer. Deixe de doer e lavore o amor.


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17/04/2016 - Louvadeiro

Louva-deus, louva-vida, louva-céu. Louva-verde, louva-chuva, louva-rio. Louva-amor, louva-fé, louva-som. Louva-cor, louva-véu, louva-nu. Louva-sol, louva-terra, louva-beijo, louva-seio. Louva-flor, louva-ave, louva-mar. Louva-trem, louva-vai, louva-vem. Louva-choro, louva-riso, louva-mato. Louva-pó, louva-vento, louva-trilha. Louva-mulher, louva-mãe, louva-filha. Louva-pé, louva-olho, louva-sonho. Louva-ar, louva-noite, louva-dia. Louva-eira, louva-beira, louva-feira. Louva-alma, louva-dó, louva-pedra. Louva-sim, louva-não, louva-vez. Louva-grão, louva-chão, louva-asas. Louva-cheiro, louva-luz, louvadeiro.


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05/04/2016 - Ligações

Eu cheguei e logo me apresentei às moças. Meus braços nasceram para os laços como os talheres para as louças. Sou como ponto em cruz, nervo remontado, galho entrelaçado, caminho cruzado. Nasci para ser par sendo ímpar. Sou a mão que une as cordas do violão. Sou olhares trocados, línguas emaranhadas, corpos misturados, sexos casados. Sou junção, fusão, imersão no coração alheio. Floreio, serpenteio, clareio num único desejo: ligar-me. Viver é a sina de ligar-se num apaixonamento sem fim. Ligar do verbo unir, do verbo acender, do verbo conectar. E o que é a paixão senão uma união, um clarão, uma conexão de tecidos, transcendentes, gemidos, sementes, desejos e ensejos compreensíveis ou não, possíveis ou não, porém, sempre incríveis. E quando me apresentei às moças, liguei-me a elas no ímpeto versejo da mulher amada tornando a vida nada insossa.


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06/03/2016 - Luz, luz

Luz, pássaros azuis iluminando as ruas. Luz, luz das luas. Luz, luz de todas as idades num brilho jovem e amadurecido, recém-nascido ou envelhecido. Luz, luz que cobre a cidade. Luz, cometas nus passando sobre os prédios. Luz, luz da cura, dos santos remédios. Luz, luz que vem do espaço. Luz, luz das estrelas de tantas pontas e pontes. Luz do amanhã, luz do ontem. Luz, luz das ondas de energia que vão alumiando o dia. Luz, luz para espantar as sombras. Luz, luz que se espalha pela ventania, pelas ramas. Luz, luz que arromba as trancas dos nossos porões. Luz, luz que entra nos grotões iluminando nossas tramas. Luz, luz que alivia. Luz, luz que bota para correr os pensamentos macabros. Luz, luz dos olhos de candelabros. Luz, luz que vem do alto. Luz, luz das matas, das cascatas, dos pirilampos que se atrevem pelo asfalto. Luz, luz das candeias. Luz, luz das horas cheias. Luz, luz da prece que acalma. Luz, luz, luz que aquece a alma.


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28/02/2016 - Leva meus bois

Oô Oô carreiro, leva o que restou dos meus bois junto das suas juntas porque de agora em diante vou esperar pela vida, pois a morte eu já bem conheço vestida ou despida. Oô Oô vou sentir saudade do meu gado andante, do meu carro ligeiro que geme e chora, do sereno campeiro, mas minha lida daqui até outrora será pela minha senhora, a vida. Eu já duelei no norte, provei que fui mais forte, já morri e renasci inúmeras vezes, mas cansei, entrego os pontos, viverei de contar meus contos a quem quiser escutar. Toma toda a minha rês. Leva meus bois, ô leva carreiro, e daqui para frente pode me chamar de violeiro. Oô carreiro, das dez linhas do destino que já atravessei, do menino ao homem, fiz dez cordas de viola que selei junto ao peito em sinal de respeito aos bois que eu te dei. E agora toda vez que eu canto cada corda vibra, a boiada solta aquela mugida, o carro estica a gemida e lá vem a vida.


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15/12/2015 - Lua Tupinambá

É a lua, é a lua de Tupinambá clareando a noite de Shangrila. É a lua vermelha, é a lua amarela, é a lua emplumada em feitio de cocar. É lua cheia até de manhã na aldeia de Tupã. E fazendo festa à lua Tupinambá tem estrelas Jurunas, Caipis, Terenas, Carajás, Patachós, Cariris, Canidés, Caiapós, Aranãs, Yanomamis, Macuxís, Tiriós, Tabajaras, Apurinãs, Anambés, Tupiniquins, Ticunas, Caxixós, Bacairís, Tuiucas, Canoês, Kamayurás, Xavantes, Enawenê-nawes, Tumbalalás, Guaranis, Suruuarrás... Estrelas ao redor da lua cheia, da lua inteira, da lua verde, da lua das matas, da lua das cachoeiras, da lua das cordilheiras, da lua das fogueiras, da lua mais guerreira, da lua, daqui e de lá, Tupinambá.


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