Daniel Campos

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15/05/2012 - Nascimento espacial

E de uma espera longínqua, ela nasceu. Nasceu como nascem os sóis, em chamas. Nasceu entre dois cometas e uma estrela cadentes. Nasceu e foi logo saudada pelos cavaleiros do espaço. Nasceu aos gritos da chegada de uma nova era. Nasceu do ventre do mais feminino dos tempos – o tempo de amar. Nasceu de um quadrante superior. Nasceu vestida de feitiço. Nasceu com a tinta dos poetas correndo em suas veias. Nasceu com um coração salgado, que vai e vem no ritmo das marés.

E de uma explosão perfumada, ela nasceu. Nasceu como nascem as encanteiras, em feixes de luz. Nasceu banhada pelo choro dos pássaros que estavam condenados a amar uma mulher sem asas. Nasceu ponteada pela sapatilha das bailarinas dos reinos ocultos. Nasceu e foi embalada pela lua, ganhando dela olhares profundos e minguantes. Nasceu dobrando os sinos das mais altas torres. Nasceu com a sina de provocar suspiros, delírios e martírios. Nasceu para matar de amor.


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