Daniel Campos

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15/08/2012 - No reino de Iemajá

Hoje acordei com a alma ressecada. Não, não é problema de pele. O cerne da questão está mesmo na alma. Chega a ranger dentro do corpo. Além do ruído desafinado, uma sensação desconfortável que mexe com todo o físico. A alma dói. Com certeza, fruto da desidratação. Minha alma, feito oferenda de Iemanjá, precisa ser lançada ao mar de tempos em tempos. Devo ter sido pescador ou até mesmo peixe em vidas passadas. O cheiro do mar me alimenta, dá força aos meus sonhos, embala minha fantasia. Preciso da maresia corroendo as correntes da realidade que me prendem ao chão.

Que faz me faz uma sucessão de ondas se quebrando contra o meu peito. O meu coração chega a estar sem sal. Ciúme das velas que velejam pelas franjas oceânicas. Ciúme dos corais coloridos imersos e submersos naquele mundo das águas. Rezo para que numa dessas viagens ao fundo do mar eu encontre Atlântida, a cidade perdida a mil léguas submarinas. Quero morar lá pelo resto dos meus dias. Com a licença das águas doces de Oxum e das matas de Oxóssi, entre espelhos e flores, quero viver o tempo que me resta no reino de Iemanjá.


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