Daniel Campos

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Encontrados 362 textos. Exibindo página 32 de 37.

19/12/2010 - Coquetel

Um drinque para quem vai brindar ou engolir a seco o fim de ano. Um drinque para quem vai ter que se confraternizar com o chefe e os colegas de trabalho. Um drinque para quem vai fazer um balanço do ano que se vai. Um drinque para quem vai ter de encarar aqueles parentes indesejáveis. Um drinque para o trabalho atrasado. Um drinque para quem vai engolir alguns sapos. Um drinque para a louça suja que sobrou para você depois da ceia. Um drinque para acalmar a ressaca do ano anterior. Um brinde à paciência. ...
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11/11/2010 - Coqueteleira

Como é bom chafurdar nos lábios da mulher amada. Sua boca é tão convidativa quão aqueles coquetéis coloridos, com guarda-chuvinhas na borda da taça, que suscitam em nós uma doce inveja de personagens do cinema norte-americano. Sem dúvida alguma, a boca da mulher amada é piscina de resort, totalmente imaginativa e desejada. Uma piscina de coquetéis tão nocivos quão fundamentais para a continuidade da espécie humana. É uma espécie de elixir da existência, que garante vida longa e apaixonada aos sonhadores....
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24/04/2015 - Coração adormecido

Passaram-se séculos até que o coração finalmente sossegou. Foram centenas de anos ainda em chamas, queimando um amor altamente inflamável. Sabia que seria assim, mas quisera apostar todas as suas fichas nesse romance que tinha tudo para dar errado. E deu, mas enquanto foi vivido foi tão intenso quão incrível. Aceitou entrar de corpo inteiro naquele fogo que consome tudo e todos mais e mais numa doação energética crescente. Como vulcão que cessa depois de séculos de erupções seguidas, o coração agora está adormecido. Finalmente pode encontrar a paz, mas apaixonados ainda preveem novas ebulições. Basta que certa boca ou que certos olhos o acordem. Até lá, eis o descanso dos injustos.


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18/10/2012 - Coração atabaque

No lugar do coração eu tenho um atabaque. Sou feito de santo, do santo que me criou. Eu não sou, estou de passagem. E sigo essa estrada com o ritmo de quem serenou. Sigo com o corpo e alma consagrados ao sagrado que há na poesia, na mulher, na fantasia. O meu destino é o meu santo que faz e refaz, e o meu santo sempre bem me quer. O meu santo é o senhor do meu encanto, é quem me dá feitiço. Sou reboliço, sou homem, sou árvore, sou bicho. Sou a batida de um atabaque, sou a poeira levantada do terreiro, sou o sonho mais cabreiro que possa existir. É meu santo que determina a hora da minha chegada e a minha hora de partir....
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02/12/2016 - Coração de estudante

Não há como fugir, os estudantes, nesta época do ano, são inundados por uma mistura de sentidos, de emoções, de pensamentos que fogem à regra. Independentemente, se no ensino fundamental, no ensino médio, no curso técnico, no cursinho pré-vestibular, na universidade... dá um nó peito. Um nó que cartilha alguma explica. Essa mudança de ano ou melhor, de fase, não é fácil de ser assimilada porque traz à tona remanejamentos de contatos, de objetivos, de sonhos. Esses reencaixes da vida abalam, calam fundo, mexem com as estruturas mais íntimas do nosso ser. ...
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13/12/2016 - Coração de sal

De uma hora para outra, dou para chorar e ninguém me segura. Não sei é bad, deprê, dor-de-cotovelo, mas sei que esse choro chega de repente e devasta o interior da gente. É um choro sem explicação, sem motivo aparente, como uma nuvem que surge do nada numa tarde de sol e começa a chover. Eu choro porque choro e ninguém tem nada a ver com isso. Eu tento, mas não dá para impedir. E quem é, meu deus, que segura esse reboliço, que vai dando nó de marinheiro dentro da gente. É uma pegada diferente, uma batida de frente, um vazio que dá bem lá no ausente. É uma semente de choro que vai brotando, crescendo, florando num pé de chororo. É um trem desgovernado, um mergulho no passado, um medo do que lá vem. É choro de amor, de saudade, de apaixonamento, de querer bem. Choro o que podia ter sido diferente e não foi. Choro o que podia ter continuado e acabou. Choro o sonho que morreu antes de eu tê-lo vivido por inteiro. Choro o coração que foi partido como um simples pão. Choro o amor que ficou pela metade. Choro a volta da realidade. Choro porque não posso acumular o que já não dá mais para carregar. Choro o que já deu. Choro o que já se perdeu. Choro o que não tem mais jeito. Choro o que já expirou a validade. Choro o dia que volta. Choro o beijo que nunca mais terei. Choro os abraços que não mais me abraçam. Choro pelo corpo que sem mais explicações deixou de se encaixar com o meu. Choro o perfeito que virou imperfeito. Choro o eu te amo que se calou. Choro a maldição do ponto final no pra sempre da nossa história. Chorando limpando meu íntimo de toda ilusão, que se espalha como erva-daninha em sementeiras de solidão. Choro porque choro que não vira lágrima vira pedra. Choro porque não quero empedrar minha alma nem petrificar meu coração. ...
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16/07/2011 - Coração de vento

Ela não quer nada com nada da vida, apenas um pouco de ar. Um gole de ar, um trago de ar, uma gota de ar, um signo de ar, um beijo de ar, uma flor de ar. E tudo isso só porque lhe faltava o ar. O ar que dá sustentação à lua, o ar que abraça o vôo do pássaro, o ar dos balões de gás que andam nas mãos das crianças que gargalhavam se engasgando com ar. Quer sempre e para sempre todas as janelas abertas para que pudesse respirar plenamente pelo nariz, pela boca, pela pele...

Ela tem pânico de morrer sufocada, trancada numa masmorra sem ar. É claustrofóbica de nascença, tanto que veio à luz aos seis meses de gestação. Até hoje sofre com pesadelos se vendo num útero apertado ou na incubadora que lhe aprisionou por semanas numa UTI neonatal. Não usa roupas apertadas, cintos ou gargantilhas, tampouco se sente bem com os apertos financeiros no final do mês. Seus sapatos são sempre folgados fazendo-a caminhar de um jeito nada delicado. ...
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14/07/2013 - Coração fermentado

O coração fermenta como massa de pão, vinho e queijo. Fermenta nas cozinhas profissionais e amadoras do sentimentalismo humano. Fermenta de saudade, de amor, de tristeza e de tantas outras coisas. É por isso que temos a impressão que nosso coração amanhece, entardece e anoitece com sabores, volumes e texturas diferentes. E há sempre alguém a dizer que temos o coração fresco ou podre.

Isso porque as paixões, principais agentes da fermentação do nosso coração, são microscópicas tais como fungos e bactérias. Seja a paixão por uma pessoa ou uma situação, por um lugar ou uma comida, por uma roupa ou um tempo, é nítido que nosso dia-a-dia é um enrolar e desenrolar contínuo de paixões. E não faltam médicos e filósofos tentando compreender e explicar o coração fermentado. ...
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03/11/2015 - Coração morcego

Meu coração anda achando que é morcego ficando de ponta cabeça no meu peito. Os guardados do coração caindo pelo corpo todo como se o mundo tivesse virado de pernas para o ar. E em crise o coração não quer voltar. Passa o dia dormindo de ponta cabeça e a noite a caçar o que alimenta um coração pelas sombras da noite que a todos cobre. Meu coração sem juízo, rebelde, medroso. Coração que treme. Coração que sangra. Coração que não se expõe. Coração machucado. Coração tomado. Coração revirado. Meu coração anda achando que é morcego fazendo do meu peito sua caverna particular e assombrando (assombrado) quando o assunto é amar.


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16/11/2014 - Coração para quarar

Tem dia que é imprescindível colocar o coração para quarar. Deixá-lo por horas no sol regando com químicos para que até as marcas mais profundas desapareçam. Limpar o coração é questão de sobrevivência. Pesado, o coração deixa de bombear os sentimentos com a força necessária para que cheguem ao destino. Com nódoas das lágrimas, o coração pulsa num compasso machucado. A sujeira acumulada impede que as flechas cupidinianas atravessem esse músculo mágico. Dessa forma, nada melhor para tocar a vida do que um coração quarado. ...
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