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Encontrados 362 textos. Exibindo página 1 de 37.
22/01/2014 -
Cabeça de Vinícius
Vinícius de Moraes sempre foi meu poeta de cabeceira, por isso recomendo que você tenha sempre à mão um pouco dele para utilizar de forma homeopática ou com a intensidade de uma overdose. Assim como o filho de Xangô, ande por céus e mares vendo poetas e reis, com a certeza de que a vida chega sangrando aberta como uma pétala. Nasça amanhã, andando por onde ainda há espaço. Lembre-se de que “a mulher amada carrega o cetro”. Pergunte-se, sempre que necessário, “quem pagará o enterro e as flores se eu morrer de amores?”. Viva a receita do poetinha “De tudo ao meu amor serei atento”. Viva vinicianamente a vida como a arte do encontro. E atente-se para o fato de que “quem não pede perdão não é nunca perdoado”. Siga Vinícius, mesmo que nas pequenas coisas do dia a dia, para fazer valer o célebre “hei de morrer de amar mais do que pude”. E quando em silêncio aprenda a “viver cada segundo como nunca mais”. Ao ver o luar, tenha cuidado, porque deve andar perto uma mulher. Tenha para si que como cantou o capitão do mato “maior solidão é a do ser que não ama”. E renove-se a cada segundo numa prova ou num pacto de fidelidade trazendo em si a certeza de "que seja eterno enquanto dure"....
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27/10/2014 -
Caboclo daqui
Eu sou o caboclo daqui. Essas matas têm a cor dos meus olhos. Esses ventos dizem o que eu quero dizer. Cavalgo nas estrelas. Tudo o que me mandam de ruim o riacho carrega pro mar. Piso em terras astrais. As penas que me enfeitam são de espíritos que cantam e têm asas. Meu sangue é guerreiro. Meu coração derrama seiva. Meu corpo é fechado como o cerne das árvores milenares. Trago uma sementeira nas palavras. E meu grito quebra pedreira, rasga céu, sacode mato. O relâmpago me clareia. Minha alma é de fazer revoada. Minhas terras não se cercam. Minhas flechas me guiam. Minha razão é forte e minha paixão verga a morte.
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07/07/2013 -
Caboclo Sete Flechas
Eu vibro com Oxossi na linha dos caboclos, saudando seu Sete Flechas. Salve cada uma de suas flechas sagradas. Salve cada uma de suas flechas abençoadas por Oxalá. Salve a flecha da saúde entregue ao seu braço direito por Oxossi. Salve a flecha da defesa dada por Ogum para o seu braço esquerdo. Salve a flecha da justiça cruzada em seu peito por Xangô. Salve a flecha contra toda e qualquer traição cruzada em suas costas por Iansã. Salve a flecha do abre caminho que Iemanjá colocou sobre sua perna direita. Salve a flecha a iluminação deixada por Oxum sobre sua perna esquerda. Salve a flecha da força astral superior passada as suas mãos por Omulu. ...
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28/07/2013 -
Caboclo Tupinambá
Êêêêêêê Caboclo Tupinambá, graças a Deus! Salve Deus meu caboclo gigante, pode chegar, pode tomar de conta, pode saudar o povo das matas e das cachoeiras fazendo seu trabalho de desobsessão. Estala os dedos, vibra, grita, canta, manipula as energias limpando seu filho de toda carga negativa. Leva os espíritos sofredores para a luz.
Caboclo Tupinambá é valente, é forte, é intensamente presente. Caboclo Tupinambá tem o cheiro das matas, tem o movimento das águas, tem a magia das plantas, tem as virtudes dos bichos. Caboclo Tupinambá não pede licença para quebrar feitiço e todo enguiço que faz sofrer um filho seu. Caboclo Tupinambá é do Vale, Salve Deus. ...
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16/02/2008 -
Caçador de estrelas
Era certo. Lá pelas sete e meia da noite, depois de jantar no rabo do fogão a lenha, ele corria para o terreiro. Seus pais, já acostumados, não falavam nada. Afinal, àquela hora as lidas da roça já estavam feitas. As viagens daquele menino de onze anos tinham pouso certo. Perto da cerca do curral, do pé de araçá, do arado velho.
Toda noite, sentava-se ali, na espinhela do arado, para vigiar o céu de estrelas. Dizia que elas se movimentavam e até cantavam baixinho. Sem saber as figuras zodiacais, enxergava vacas, bodes, anjos, galinhas e peixes naquele céu negro. Ficava mudo e estático para não assustar suas estrelas. Apenas as espreitava. De repente, partia em carreiro em busca de uma luz cadente. ...
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05/05/2010 -
Cachorrada da hora
Socorro. O mundo foi globalizado em todas as instâncias e não me avisaram de nada. Ao abrir o portão de casa, deparei com um cachorro vira-lata comendo cup noodles, aquele macarrão instantâneo que vem em um copo. Feliz da vida, nem se importou com a minha presença. Continuou com o focinho enfiado dentro do copo plástico como se tudo estivesse normal. Eu assustei, mas, segundo a moçada, não há motivo para espanto. Ao contrário de ossos, os cãezinhos de hoje comem o que há de mais badalado em matéria de fast food. Chega de ração balanceada, de biscoitos caninos. Vou fazer um convênio com o Mcdonalds para agradar a cachorrada lá de casa. ...
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12/01/2010 -
Cachorro de bolso
Quando Eduarda chegou ao seu quarto, tarde da noite depois de uma festa de aniversário, encontrou um cachorro minúsculo no chão do quarto. De pronto, pegou o bichinho e colocou no bolso do vestido. Adorava vestidos de bolso para guardar ali todo tipo de tranqueira. Só estranhou que o bicho se remexia muito. Devia ser pilha nova. Além do mais, tinha outros brinquedos que se remexiam tanto quanto aquele. Levou a novidade para a pracinha, para a escola, para a igreja. E contava para todos que o tal brinquedo mexia como se fosse de verdade. ...
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26/08/2012 -
Cachorro falante
Doutor, meu cachorro começou a conversar. Ele fala A, ele fala B, ele fala C, ele junta as letras e sabe responder. Ele conhece as vogais e até os números decimais. Ele fala enrolado, meio cantado e arrastado, mas está falando adoidado. Será alienígena, será assombração, será o resultado de uma reencarnação. É o cão? O próprio cão no meu quintal?! Do jeito que fala daqui a pouco tá puxando samba de carnaval.
O auau virou i love you? Ele fala inglês, francês, juridiquês. Ele fala a língua de Saturno. Ele dá ordens como se tivesse de coturno. Ele faz serenata à lua que um dia já uivou. Ele canta e dança. Além de falar, ele fica em pé, na ponta dos dedos igual criança. Ai meu deus que lambança. Será obra de um anjo arteiro, de um raio ou do feitiço de algum bruxo prisioneiro? Seja o que for meu cachorro já se instalou feito um poceiro no palco da pracinha. ...
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03/08/2008 -
Cada dia nasce de um novo amanhecer
Em pleno inverno, a lua parece arder em febre. Com certeza deve ser efeito de sua paixão impossível pelo sol. E esse clima só faz sufocar o menino que passa cabisbaixo pelas ruas. Caminha sem direção, sem rumo, sem destino. Até mesmo o vento que deveria ser fresco sopra um bafo quente, deixando em brasas a angústia daquele jovem que desconta sua raiva chutando as pedras que encontra pelo caminho. De repente, avista um banco daqueles de cimento que dividem espaço com a grama, já castigada pela seca. ...
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03/07/2015 -
Cadê as flores?
Pelas folhas da primavera onde estão as flores? Onde estão as flores pelos dias que se vão cinzentos, secos, retorcidos? Sobram dores pelos canteiros do adeus. Os jardineiros perderam seus empregos e agora bebem, bebem, bebem até se despedir dos dias seus. Tulipas, rosas, petúnias, hortênsias, cravinas, bromélias, orquídeas, margaridas, violetas... Pra onde foram as flores? Não há flores para os buquês das noivas. Não há flores para enfeitar os defuntos. Não há flores para presentear as namoradas. Não há flores para as abelhas, para os beija-flores, para os ursos. Não há flores para ver, para comer, para beber, para cheirar, para dar, para se refestelar. Por onde andam as flores que o inverno carregou? Por onde andam as flores que o tempo devorou? Que os guardiões da primavera tenham conseguido defender as sementes, as semente, as sementes das flores da gente.
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