Ou exibir apenas títulos iniciados por:
A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todosOrdernar por: mais novos
Encontrados 95 textos. Exibindo página 9 de 10.
30/09/2008 -
Uma outra cidade
Eu não entendo a língua dos brancos. Eu não vivo nos brancos da página. É melhor viver no negro, no azul, no vermelho das palavras que tingem a brancura desta cidade de papel. Mas essa cidade é secreta, feito uma terra que já virou lenda. Ao menos, para os olhos dos brancos. E é assim que passo os meus dias, moendo o açúcar das palavras em busca dessa cachaça poética, que pinga dos tonéis e é levada por meus pensamentos no gemer dos carros de boi. Passo os dias dançando em busca da chuva das palavras, invocando o Tupã das palavras, caçando e colhendo a alma das palavras. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
28/09/2011 -
Uma palavra
Uma palavra é mais do que eu posso dizer. Uma palavra é menos do que eu queria ouvir. Uma palavra pro estômago, outra pro santo. Uma palavra à medida do meu silêncio. Uma palavra que grita. Uma palavra que berra. Uma palavra que erra. Uma palavra de sangue. Uma palavra de honra. Uma palavra de destino. Uma palavra de menino. Uma palavra ao vento. Uma palavra úmida. Uma palavra perdida. Uma palavra remota. Uma palavra de canto.
Uma palavra e duas pedras de gelo. Uma palavra fria. Uma palavra que faz a ponte. Uma palavra vazia. Uma palavra sem volta. Uma palavra que arrepia. Uma palavra suspensa. Uma palavra intensa. Uma palavra final. Uma palavra sem boca. Uma palavra livre. Uma palavra errada. Uma palavra proibida. Uma palavra mocinha, outra bandida. Uma palavra borrada de batom. Uma palavra caída. Uma palavra que fere. Uma palavra à flor da pele. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
28/07/2011 -
Uma pintura a 300km/h
Há quem cresceu em meio às telas de Cézzanne, de Chagall, de Matisse, de Van Gogh... Já eu cresci me alimentando das pinturas de um artista que pintava cabeças. Quantas as vezes que chorei e vibrei e cantei diante de uma das obras, em especial, desse pintor pós-moderno. Sua obra que viajou o mundo e arrancou aplausos e despertou suspiros. Foi perseguida, combatida, invejada, cobiçada e coroada.
Obra cobiçada por pessoas de todas as idades e classes sociais, reproduzida em cadernos de escola, em muros, em jornais, em tatuagens. Eu fui um dos milhares que já compraram uma cópia dessa pintura e que já colocaram as mãos e posaram para as lentes ao lado de uma original. Tão conhecida quão MonaLisa, essa obra de arte faz parte de mim. Das minhas memórias, das minhas aventuras, das minhas histórias, das minhas paixões sem curas. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
11/01/2012 -
Uma risada
Eu quero uma risada de criança. Uma risada espontânea, inocente, feliz. Uma risada aconchegante. Uma risada ressoante. Uma risada sem maiores motivos. Uma risada sem explicações. Uma risada generosa e farta. Uma risada livre. Uma risada genuína. Uma risada imensa daquelas que ninguém dá conta de dimensionar. Uma risada que seja capa e conteúdo ao mesmo instante. Uma risada crônica. Uma risada que passa e ao mesmo tempo não passa. Uma risada que fica, que quer ficar. Uma risada tranquilizadadora. Uma risada de desejo e desejada. Uma risada fadada ao riso. ...
continuar a ler
Comentários (1)
21/09/2008 -
Uma senhora de coração azul
Lá vem pela estrada uma senhora de sombrinha aberta ao sol trazendo, por entre a penumbra, um semblante sério que logo se desmancha numa afabilidade de açúcar. A senhorinha tem passos pequenos e caminha numa leveza que, há primeira vista, parece volitar. Traz consigo aquela velha Minas dos contos de Guimarães Rosa que já não contam mais. Uma Minas que pulsa em seus gestos, em seu falar, em seu uai mais bem afinado, sô. Vem de sandália baixa, numa simplicidade tão nobre de se ver. E sem perder a postura de professora, vem ensinando o amor para aqueles que cruzam sua estrada. Uma sensação de ternura, de aconchego, de contentamento, de doação caminha ao seu lado e contagia o mundo que, com todo respeito, abre passagem para ela prosseguir tecendo sua estrada, que é de barro, sopro e fé. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
13/03/2015 -
Uma só caminhação
Seus pés, pequeninhos e macios, dado à cocegas iminentes e, até mesmo, permanentes, carecem de caminhar por meus caminhos. Seus pés devem pisam em mim como se pisassem nas filhas das videiras para fazer vinho. Seus pés precisam conhecer não só meus rastros, como as estradas que pretendo tomar, jamais me deixando à deriva, perdido ou sozinho. Seus pés necessitam de estar junto do meu corpo, da minha pele, das minhas caminhações, das minhas primeiras às últimas intenções, como flor de linho. Seus pés nunca podem se apartar dos meus, pois o adeus em nossas estradarias deve ficar restrito às canções que vibram as cordas do pinho.
Comentários (1)
Uma taça de traição
Os ponteiros do relógio, embaralhados e em silêncio. Numa lentidão de pôquer, avançavam para além das duas horas. A noite que não se sabia, se noite ou madrugada, passava em tons escuros e desertos. Como de costume, quando ela chegasse não precisaria tocar campainhas, machucar a mão na porta, gritar entre as lanças do portão... bastava encostar seu corpo na porta e... e a porta ganharia o ângulo de um decote. Diante dela, os ponteiros do relógio desapareceriam. Diante dela a noite entraria numa espécie de depressão pós-parto. Atrás dela não existiriam trancas, cadeados, segredos... ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
17/12/2016 -
Uma troca mágica chamada amizade
A vida é uma estação de trem. Há todo momento pessoas vão e vem. Encontro algum é por acaso. Cada pessoa tem um porquê de ter cruzado nosso caminho, de estar em nossos dias. Entre os parentes, que são os primeiros a chegar e o grande amor, que custa a aparecer, pois antes dele surgem muitos amores que parecem grandes, mas só parecem... chegam os amigos. E que encantadas criaturas são essas que chegam do nada e se tornam, rapidamente, e, ao mesmo tempo, parte da nossa família e nossos amores – um outro tipo de amor chamado amizade. Amigos são diários ambulantes, pois desabafamos, enfim, compartilhamos nossos momentos, bons ou ruins, com eles. Amigos são os que nos entendem mesmo quando nem nós mesmos nos entendemos. Amigos são leais, legais, anormais como a gente, ao menos, é assim que deveriam ser. Afinal, amigo é a família que escolhemos, é o amor duradouro, resistente, que não te cobra nada senão amizade. Há amigos de todos os tipos e jeitos, de várias intensidades e extensões. Dá, inclusive, para ser amigo de quem curte coisas diferentes. Aliás, amigo que é amigo se junta a nós para multiplicar tudo o que somos. Aprendemos muito sobre o que desconhecíamos ao lado de um bom amigo. Ele nos ensina, nos apoia, nos acompanha, enfim, se joga na vida junto conosco. O problema é que nos esquecemos que a vida é uma estação de trem. Há todo momento pessoas vão e vem, inclusive, os amigos. Alguns se mudam para outra cidade, outros partem para novos círculos de amizade, outros ainda renunciam a tudo, até mesmo ao nosso convívio diário, por um amor. Nunca estamos preparados para perder ninguém, ainda mais alguém que se tornou parte integrante do nosso dia a dia. Mas, precisamos entender que amigos, por mais que desempenhem papeis de anjos, duendes, gnomos, fadas, super-heróis em nossas vidas, são pessoas como nós. Pessoas que estão em constante movimento, buscando seu lugar no mundo, vivendo o que tem para ser vivido. Há amizades que começam na infância e duram a vida toda assim como há amizades que duram meses, semanas, dias. Uma amizade não se mede pelo tempo de duração, mas pelo que ela deixa em nós. E está aí a grande beleza de se tornar inseparável, algo que está muito além do contato físico e digital. Não importa o tempo que durar, mas o que ela realizou em nós, para nós, por nós. Há amigos que precisam de uma semana para cumprir a missão que têm ao nosso lado, seja nos oferecendo e/ou recebendo algo. Há outros, que precisam de uma vida toda para realizar essa troca. Se um amigo parte do seu cotidiano, não chore, agradeça, pois é sinal que a amizade de vocês mudou de fase. O que foi construído entre vocês já pode resistir ao tempo e à distância. Você vai poder passar para outros amigos que chegam, pois amigos estão sempre chegando, tudo o que viveu com ele. E ele também vai espalhar tudo o que aprendeu com você pelo mundo. Seja por experiências, sensações ou pensamentos, vão continuar presentes na vida um do outro. Fazer novas amizades é fundamental para deixar os velhos amigos cada vez mais vivos em nossas vidas. O universo opera de forma que, na maioria das vezes, não conseguimos compreender. Mas, olha só, por mais que as estrelas mudem de lugar, ficando mais distantes uma das outras em certas noites, elas continuam estrelas, misturando suas luzes no mesmo céu. Assim são os amigos, eles podem se mudar para longe, se afastar da gente, perder o contato conosco, mas se houve, entre vocês, essa “troca mágica” chamada amizade, relaxe, posto que seus corações continuarão ligados para sempre....
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
19/08/2016 -
Unhas púrpuras
O que dizer dessas unhas pintadas para mim? Unhas púrpuras, entre o vermelho e o azul. E o melhor foi a confissão espontânea de que cada uma delas foi pintada pensando em mim. Unhas para me encontrar. Unhas para me arranhar. Unhas para cravar em meu corpo descolorido pela saudade. Unhas capazes de me devolver a cor. Unhas que trazem suas mãos ao encontro das minhas. Unhas que são a continuação das linhas do destino que escapolem de suas palmas. Unhas que me atiçam e me acalmam. Unhas d’alma. E o que pensou sobre mim ao pintar cada uma delas? Seja o que for me atiça, viça, reboliça fazer parte de tamanha aquarela.
Seja o primeiro a comentar
13/02/2014 -
Uníssono
Inocenta a nossa culpa, pois não há desculpa para amar tanto assim. O amor chegou, fincou raízes, germinou tanto para você quanto para mim. Acalanta o que sente e pressente o que se agiganta por vir. Nada de sumir, mas de assumir que não dá mais para pensar que pode existir qualquer fim entre você e eu. O porquê disso tudo é que o amor não deixa cego, surdo ou mudo, mas fazer enxergar, ouvir e falar de um jeito novo, e eu sorvo a novidade de amar e amar e amar com tamanha intensidade.
Perdoa o que não é à toa, pois não há perdão para o que é mais forte que a razão. Voa com a ajuda dos meus braços e se doa num outro conceito de abraço. Atenção. Silencia o não. Não há espaço para não. Só o embaraço do meu no seu no meu coração. Eu não paro. Você não quer parar. Tudo está claro, claríssimo. É só observar os efeitos e os jeitos e os feitos deste coração que amolece enquanto de nada se esquece. Enlouquece de sentir que estamos a viver um ao outro sem hora nem lugar num amar uníssono.
Seja o primeiro a comentar