Daniel Campos

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Encontrados 150 textos. Exibindo página 12 de 15.

03/11/2010 - No mesmo amor

Desde que o mundo é mundo é assim, o amor se perde e se acha, o amor se quebra e se cola, o amor sorri e chora, o amor fica e passa, o amor afirma e nega, o amor cega e enxerga, o amor nasce e renasce, o amor dói e se dói, o amor caminha e descaminha, o amor amarra e desamarra, o amor enfeitiça e encanta, o amor atrai e espanta, o amor silencia e canta, o amor cai e levanta, o amor planta e colhe, o amor tolhe e acolhe no mesmo amor desde que o mundo é mundo.

Desde que o mundo é mundo é assim, o amor galga e cavalga, o amor adoece e cresce, o amor avacalha e ralha, o amor enobrece e empobrece, o amor caminha e aninha, o amor beija e deseja, o amor teme e treme, o amor enguiça e reboliça, o amor machuca e cura, o amor suporta e segura, o amor importa e bate à porta, o amor desaparece e se esquece, o amor noticia e extasia, o amor torna e entorna, o amor rompe e corrompe, o amor acode e explode no mesmo amor desde que o mundo é mundo. ...
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11/01/2016 - No mesmo ponteio


O lobo uiva à lua. O faroleiro murmura às ondas. O pirata cantarola às estrelas. O lavrador conversa com a plantação. O menino fala com o cachorro. E a senhora fica de prosa com o tempo. O moço troca palavras com o vento. A garota confessa ao diário. A aranha toca as cordas da sua teia como o violeiro tateia sua viola em noite de lua cheia inspirado pelo lobo que uiva, pelo faroleiro que mareia, pelo pirata da barba ruiva que serpenteia pelo mar das constelações, pelo lavrador que semeia histórias, pelo menino que troca memória com o cão, pela senhora perdida no tempo da imaginação, pelo moço que de solidão troca com o vento, pela garota que escreve sentimento, pela aranha que se amarra na própria teia e pela sua própria mão que mais parece uma garra de lobo quando a lua clareia a viola e sua peia. E o cavaleiro, até então sumido, relampeia, serpenteia e apeia no terreiro como sombra na lua que de desejo incendeia. E o pássaro preto, no viveiro, gorjeia. O uivo e meio, o galope que não veio e o gorjeio no mesmo ponteio. ...
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23/06/2015 - No meu quintal

No meu quintal tem graviola, acerola e jatobá. Tem moça bonita e um danado sabiá. No meu quintal tem enxame de abelha, moita de erva cidreira e ramas de hortelã. Tem romã pra dar sorte e uma biruta por onde passa o vento pra indicar o norte. Tem o azedinho do limão, o quê que amarra do caju e canção de bem-te-vi, sanhaço e anu. No meu quintal tem galo que canta na hora certa e galinha carijó que bota o ovo que fortalece o peito do poeta. Tem fruta do conde, tem tico-tico rei e uma imagem da rainha do mar. No meu quintal tem folhas que curam e uma formosura de encher as vistas. Tem uma lista de unguentos e matos pra fazer firmamento e muito espaço para buscar alento. Tem sementeira e roseira de tudo quanto é cor. Tem perfume e tem sabor. No meu quintal tem sombra pra pensar na vida e uma enxada para quem quiser pegar na lida. No meu quintal tem água corrente, mina brotando feito capim e cigarra chamando chuva e até um querubim. Tem goiaba, mangaba, jabuticaba e uma encantaria que não se acaba.


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12/12/2012 - No que transformaram a Justiça...

O que aconteceu com a Justiça? A deusa que atende pelo nome de Thêmis na Grécia e pelo nome de Justitia em Roma vem sendo descaracterizada em sua natureza, perdendo suas feições, suas virtudes, suas atitudes, sua história, sua alma. Thêmis, a filha de Gaia e Urano, segunda mulher de Zeus, está em perigo. Na mitologia grega a Justiça e a Ética são inseparáveis, já na mitologia brasileira...

Até o século retrasado a Justiça era representada como uma mulher em pé, de espada em riste, de olhos abertos e com uma balança nas mãos. Em frente ao palácio do Supremo Tribunal Federal, a Justiça está sentada em um trono, de olhos vendados e com a espada pousada em seu colo. Sentada por descaso ou por cansaço? Por quem a Justiça levanta? Por quanto a Justiça levanta? ...
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29/01/2010 - No quintal dos Barbosa

Billy comia a galha da roseira, Sansão afiava as unhas no cimentado, Dafne iniciava as obras de um novo buraco, Draco rasgava a coberta e Polly fingia a própria morte. Tudo normal no quintal dos Barbosa: muitos latidos, destruição e bagunça. Tudo ia bem até que a galinha do vizinho inventou de subir no muro e provocar quem estava quieto. E não eram as habituais galinhas d’angola que moravam na casa ao lado e, vez ou outra, davam o ar da graça. Era uma típica galinha de despacho: magricela e preta, com a crista tão vermelha quão um demônio. E a cachorrada estranhou a galinha que parecia o cão....
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23/09/2012 - No rastro de Oxóssi

A estrada nunca é longa para um filho de Oxóssi. Enquanto muitos seguem a pé, ele vai a cavalo. Segue no galope selvagem dos cavalos de Oxóssi. Segue escoltado pelos caboclos do senhor da floresta. Òké Caboclo, Òké Aro Oxóssi, Arolé. O corpo do filho de Oxóssi não cansa, segue sua caça sem parar, sem desistir, sem se entregar. E a caça pode ser um bicho, um amor, um sonho, uma estrela. Não há caminho que não possa ser seguido por um filho de Oxóssi.

Entre o céu azul turquesa e a mata verde, é por aí que vai que o filho de Oxóssi. Sempre dão um jeito de se locomover, de ir em frente, de fazer valer a semente. Passam pela luta em nome da sobrevivência diária com leveza e elegância. Nem sol, nem água, nem animal, nem feiticeira, nem homem, nada se move na floresta sem permissão de Oxóssi. Seus filhos caminham seguindo seu rastro, pois à frente sempre está o senhor da riqueza e da fartura.


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15/08/2012 - No reino de Iemajá

Hoje acordei com a alma ressecada. Não, não é problema de pele. O cerne da questão está mesmo na alma. Chega a ranger dentro do corpo. Além do ruído desafinado, uma sensação desconfortável que mexe com todo o físico. A alma dói. Com certeza, fruto da desidratação. Minha alma, feito oferenda de Iemanjá, precisa ser lançada ao mar de tempos em tempos. Devo ter sido pescador ou até mesmo peixe em vidas passadas. O cheiro do mar me alimenta, dá força aos meus sonhos, embala minha fantasia. Preciso da maresia corroendo as correntes da realidade que me prendem ao chão. ...
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12/12/2015 - No samba de Clementina e Jovelina

Chega, pode chegar, no samba da Clementina, tem pandeiro e cuíca se enroscando a cada esquina. Chega, vem vadiar, num samba bom, capricha no paletó, reforça o batom, pois vai longe tão longe esse som que atravessa a noite, a terra e o mar chegando a London. Chega, pode chegar, no samba da Jovelina, tem romance e nuance de amor por todos os lados, passista se declarando pra rainha de bateria, porta-bandeira tirando a fantasia pra ciúme do mestre-sala, tem samba no pé e traje de gala. Chega, pode chegar, no samba da Clementina a harmonia nunca chega a atravessar. Chega, pode chegar, no samba da Jovelina, pode rir e chorar, só não pode silenciar. Chega, chega no samba da Clementina. Chega, chega no samba da Jovelina. Uma é de Jesus, a outra Pérola Negra, chega, se achega, no samba onde senhora vira menina e o coração repica no amor que multiplica.


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09/03/2013 - No seu caminho

Caminho em sua direção, sempre e para sempre. Caminho percorrendo seus caminhos, descaminhos e recaminhos. Caminho dobrando as suas curvas, entregando-me as suas retas, chacoalhando em seu balançado. Caminho pelo seu futuro,presente e passado. Caminho pelas suas crendices e superstições. Caminho pelos sóis e luas que orbitam em sua constelação particular. Caminho pelo seu lugar, pelo seu gostar, pelo seu tratar. Caminho no seu mais enigmático porquê. Caminho pelas tantas mulheres que traz consigo. Caminho pela sua aura, sendo completamente influenciado por suas energias. Caminho por suas realidades e por suas cidades imersas da fantasia. ...
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18/07/2014 - No seu lugar

Que eu sinta todas as suas dores. Que eu sofra por você, por mim, por nós. Que eu seja espinho e você flor, como deve ser, e espinho não alcança a flor. Que eu absorva todos os seus medos e preocupações. Que eu seja culpado por tudo e você absolvida sempre. Que tudo de ruim venha pra mim e nada sequer respingue em você. Que eu chore todo seu pranto. Que eu morra quantas vezes for preciso no seu lugar. Que eu carregue todo e qualquer peso em seu lugar. Que todos os problemas, mesmo destinados a você, batam na minha porta. Que eu caia no seu lugar. Que você esteja, por algum milagre operado por mim, isenta dos males dessa terra. Que tudo o que for para lhe adoecer, encontre abrigo em mim. Que as chicotadas do seu destino estalem nas minhas costas. Que suas dívidas sejam debitadas da minha conta. Que a sua corda arrebente toda vez em minhas mãos. Que todas as suas loucuras me invadam. Que eu seja destruído para que você possa ficar inteira.


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