Daniel Campos

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11/01/2016 - No mesmo ponteio


O lobo uiva à lua. O faroleiro murmura às ondas. O pirata cantarola às estrelas. O lavrador conversa com a plantação. O menino fala com o cachorro. E a senhora fica de prosa com o tempo. O moço troca palavras com o vento. A garota confessa ao diário. A aranha toca as cordas da sua teia como o violeiro tateia sua viola em noite de lua cheia inspirado pelo lobo que uiva, pelo faroleiro que mareia, pelo pirata da barba ruiva que serpenteia pelo mar das constelações, pelo lavrador que semeia histórias, pelo menino que troca memória com o cão, pela senhora perdida no tempo da imaginação, pelo moço que de solidão troca com o vento, pela garota que escreve sentimento, pela aranha que se amarra na própria teia e pela sua própria mão que mais parece uma garra de lobo quando a lua clareia a viola e sua peia. E o cavaleiro, até então sumido, relampeia, serpenteia e apeia no terreiro como sombra na lua que de desejo incendeia. E o pássaro preto, no viveiro, gorjeia. O uivo e meio, o galope que não veio e o gorjeio no mesmo ponteio.


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