Daniel Campos

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Encontrados 86 textos. Exibindo página 7 de 9.

Fogueira

Em plena cidade grande, o céu de nanquim é cortado por fogos. Fogos de fagulhas reluzentes. Estrelas de pólvora. Estrelas efêmeras. Estrelas fugazes. Estrelas instáveis. Estrelas de moças e de rapazes. Ora luz ora sombra. Ora tudo, ora nada. Ora enchendo os olhos de alguém ora sumindo de vista. E era assim que aquela menina olhava os céus ? como quem olha um cartão postal pela primeira vez.

Por alguns minutos, ela consegue se sentir dona daquele céu de brilhos repentinos. Brilhos que explodem de dor ou de prazer e gritam na língua dos estrondos. Por alguns minutos, ela consegue se esquecer da vida e de tudo mais que a rondava. Ela, num estágio ômega ou alfa de meditação, consegue a proeza de deixar de pensar. Só sonha. Sonha com aquelas estrelas que tão logo alcançam o céu, caem como uma chuva de luz. E ela consegue se sentir sozinha, como que no meio de um descampado, observando aquelas pétalas de fogo se formando e se desmanchado no céu. ...
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06/05/2017 - Foguetório

Eu abro os braços para te pegar. Eu solto o grito para te procurar. Eu mergulho na sua boca sem medo de me afogar. Eu me dou e não cobro a conta dessa doação. Eu me dou para te ver feliz, de coração. Eu só busco respeito, amor e gratidão. Eu te dou meu mundo para você habitar. Eu te agarro e te mordo e te arranho. Eu te gosto de um jeito tamanho. Eu te aceito como é e não te estranho. Eu toco as cordas da sua imaginação. Eu vou longe em matéria de sedução. Eu sou o gato e também o cão. Eu te pego chão e te levo além das nuvens. Eu te apresento a um sentimento antiferrugem. Eu cochilo pelas suas penugens. Eu acordo no seu sonhadeiro. Eu cultivo o amor por inteiro. E quando você sorri incendeia o meu eu fogueteiro. ...
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20/10/2011 - Foi Exu quem chegou

Bate, bate tambor, foi Exu quem chegou. Chegou fazendo movimento, movimentação. Chegou o mensageiro entre o Orun (espiritual) e o Aiye (terreno). Chegou falante, brincando, cheio de ginga. Chegou provocando. Chegou aquele quem primeiro recebe as oferendas, os cantos, as danças. Chegou mais uma vez confundindo com satanás. Chegou, chegou Exu, o senhor da noite. Chegou o mais humano dos orixás. Chegou aceitando toda e qualquer oferenda. Chegou aquele que tem olhos, nariz e boca feitos de búzios. Chegou metendo medo e causando arrepio. Chegou Exu ventando frio. ...
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13/10/2008 - Foie Gras à brasileira

Senhor garçom, por gentileza, desce um foie gras. Foie Gras? Pelo nome, deve ser coisa de primeira, da grã-finagem, tipo aquele caviar cantado pelo Zeca Pagodinho. Bem, o prato é uma das iguarias mais sofisticadas da culinária francesa, com origem lá no tempo dos egípcios. Mas, depois de saber o significado e o modo de preparo, duvido que o apetite seja o mesmo. Vamos para a tradução ao pé da letra: foie gras significa fígado gordo. Fígado de quem? De pato ou de ganso superalimentado.

Para realçar o sabor, é preciso realizar a gavage, ou seja, estufar o fígado do ganso dando alimentação em excesso para ele. Dessa forma, o órgão cresce chegando a uma textura mais tenra. Mas isso é bom, afinal trata-se bem do bichinho. Não se iluda com isso, senhor garçom. Ou achas bom os produtores colocarem um cano de trinta centímetros na boca do animal injetando comida sem dó nem piedade. Um pato pode dobrar de peso acumulando gordura, principalmente, no fígado. Alguns chegam a morrer de tanto comer. Depois de tudo isso, acha ético, meu senhor, servir um foie gras?...
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06/03/2011 - Foliões deste e de outros mundos

Reza uma lenda que no carnaval os espíritos mais mundanos ganham permissão para sair do inferno. Na prática, é isso mesmo o que ocorre. Nesses dias de festa uma multidão de espíritos inferiores ganha às ruas ao lado de foliões encarnados. E não é deus ou o diabo quem concede essa alforria, mas a própria humanidade. O intercâmbio vibratório, feito a partir dos pensamentos de quem cai na folia, permite essa invasão umbralina. Graças à afinidade os espíritos das trevas se unem aos sambistas de plantão dando um tom de tragédia ao carnaval. ...
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25/04/2012 - Fome de sonhar

Independentemente se é dia ou noite lá fora, se meus olhos seguem fechados ou abertos, hoje eu quero ter sonhos fritos e fofos. Sonhos fartos. Sonhos de farinha de trigo, ovos e água. Sonhos recheados de lirismo e aventura. Sonhos que dispensam até mesmo fermento para crescer. Sonhos de bem querer. Sonhos ocos e leves capazes de voar alto nos céus do desejo e da imaginação. Sonhos que se lambuzam na frigideira. Sonhos disputados por homens, cachorros e moscas. Sonhos devorados sem culpa. Sonhos polvilhados com açúcar e canela. Sonhos de fazer gritar e suspirar. Sonhos nus. Sonhos de chocolate, de goiabada, de creme de baunilha, de doce de leite. Sonhos mordidos. Sonhos apalpados e engolidos....
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25/05/2014 - Fome de você

Eu tenho fome de você. Difícil controlar a vontade de lhe morder. Impossível me convencer de que é preciso não, não lhe querer comer mais e mais. Comer com os olhos, com a boca, com as mãos, com os pensamentos e as ações. Sou faminto do que faz, desfaz e refaz você a todo momento. Fome do seu corpo, das suas prosas, da sua loucura, das suas rosas, do seu sopro, da sua doçura. Você atiça meu eu selvagem, meu deus primitivo. Você me escancara o apetite sendo um convite aberto e misterioso ao canibalismo, ao antropofagismo, ao tropicalismo de amor e sexo. Sua língua é poesia que me alimenta. Sua beleza dá fome em todas as minhas células, principalmente nas coronárias e neurais. Sua existência (e o que falar da sua presença?) redimensiona crescentemente o meu metabolismo. Há uma queima generalizada de sentimento consumindo lembranças e liberando sonhos. Declaro-me faminto de tudo o que compõe você, seja palpável ou não. Deliro com com seus sabores, com seus contrastes, com suas cores. Tenho fome de seus olhares, de seus luares, de seus lugares... Fome olfativa, ótica, tátil... Queria ser esfinge para que errasse todas as minhas charadas e eu pudesse lhe devorar misticamente. Quero ter você entre meus dentes. Quero colheradas e mais colheradas de você. Espero, de coração inteiro, provar cada um de seus segredos e temperos. Tenho gosto, muito gosto, de sentir a fundo o seu gosto. E sua ausência faz a saudade extrapolar os limites do abstrato e se transformar numa sensação fisiológica de fome, ai, de fome de você.


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12/02/2010 - Fome, fome, fome

A fome me consome. Fome de um tempo que acabou de acabar. Fome de um sonho que sumiu das prateleiras. Fome de uma vontade nunca saciada. Fome de um sol comendo a madrugada. Fome de um cheiro que não se encontra por aqui. Fome de alguém que decidiu partir. Fome de um tempero raro e caro que foi embora do jarro. Fome de uma noite tranqüila de sono e amor. Fome da maçã do paraíso. Fome de uma constante inconstante. Fome que nunca dorme. Fome colorida e preta e branca. Fome tanta. Fome de uma sopa de letrinhas só com o alfabeto que forma seu nome. ...
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25/10/2009 - Fonte dos Desejos

Entre a Europa e a Groelândia, uma fonte jorra águas geladas no meio de uma dessas pracinhas pitorescas. Em meio a esse cenário de cinema-arte, uma menina, islandesa de nascimento e tradição, deposita seus sonhos interioranos naquela fonte erguida no centro da capital Reiquiavique. Trezes séculos já haviam transcorrido desde que os primeiros povos - os monges eremitas irlandeses - ocuparam aquelas terras pela primeira vez, mas Kata Petursdottir, castigada pelas coisas do coração, insiste em ser uma fonte de solidão. ...
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10/09/2012 - Fora do ar

Amanheci fora do ar. Totalmente fora do ar. Desde então, canal algum consegue sinal. Estou sem acesso a qualquer texto ou imagem. Ferramenta de busca alguma consegue encontrar coisa alguma que esteja na minha memória. Vírus, hacker, tempestade ou qualquer outro objeto causador dessa pane agiu durante o meu sono. Ao dormir ainda tinha todos os meus comandos em perfeito estado. Agora, fora do ar, deixei de funcionar. Aliás, deixei de ser eu. Não consigo encontrar minha identidade. Sou só presente. Expectativas e passados estão perdidos. A esperança é de que tudo isso seja temporário. ...
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