Daniel Campos

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25/05/2014 - Fome de você

Eu tenho fome de você. Difícil controlar a vontade de lhe morder. Impossível me convencer de que é preciso não, não lhe querer comer mais e mais. Comer com os olhos, com a boca, com as mãos, com os pensamentos e as ações. Sou faminto do que faz, desfaz e refaz você a todo momento. Fome do seu corpo, das suas prosas, da sua loucura, das suas rosas, do seu sopro, da sua doçura. Você atiça meu eu selvagem, meu deus primitivo. Você me escancara o apetite sendo um convite aberto e misterioso ao canibalismo, ao antropofagismo, ao tropicalismo de amor e sexo. Sua língua é poesia que me alimenta. Sua beleza dá fome em todas as minhas células, principalmente nas coronárias e neurais. Sua existência (e o que falar da sua presença?) redimensiona crescentemente o meu metabolismo. Há uma queima generalizada de sentimento consumindo lembranças e liberando sonhos. Declaro-me faminto de tudo o que compõe você, seja palpável ou não. Deliro com com seus sabores, com seus contrastes, com suas cores. Tenho fome de seus olhares, de seus luares, de seus lugares... Fome olfativa, ótica, tátil... Queria ser esfinge para que errasse todas as minhas charadas e eu pudesse lhe devorar misticamente. Quero ter você entre meus dentes. Quero colheradas e mais colheradas de você. Espero, de coração inteiro, provar cada um de seus segredos e temperos. Tenho gosto, muito gosto, de sentir a fundo o seu gosto. E sua ausência faz a saudade extrapolar os limites do abstrato e se transformar numa sensação fisiológica de fome, ai, de fome de você.


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