Daniel Campos

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10/09/2012 - Fora do ar

Amanheci fora do ar. Totalmente fora do ar. Desde então, canal algum consegue sinal. Estou sem acesso a qualquer texto ou imagem. Ferramenta de busca alguma consegue encontrar coisa alguma que esteja na minha memória. Vírus, hacker, tempestade ou qualquer outro objeto causador dessa pane agiu durante o meu sono. Ao dormir ainda tinha todos os meus comandos em perfeito estado. Agora, fora do ar, deixei de funcionar. Aliás, deixei de ser eu. Não consigo encontrar minha identidade. Sou só presente. Expectativas e passados estão perdidos. A esperança é de que tudo isso seja temporário.

Ao olhar para o espelho só vejo oras um reflexo chuviscado ora um reflexo com listras coloridas ora um reflexo estático, sem cor ou movimento algum. Estou ilhado sem qualquer contato com meus canais de espetáculos, documentários, jornalismos, séries, variedades... O meu satélite deve ter dado uma de estrela cadente. Saiu da órbita. Sai de mim. Não encontro qualquer vestígio da programação de hoje. Como um daqueles filmes que deram em nada, estou fora de exibição. Ando pelas ruas e ninguém me vê. Como num passe de mágica deixei de existir. Sou só um aparelho sem sinal, ou melhor, só um corpo sem alma.


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