Daniel Campos

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Encontrados 86 textos. Exibindo página 6 de 9.

28/08/2008 - Fim de agosto

Agosto se despede. O mês do agouro, da seca, da loucura se despede nos braços dessa ventania desvairada que lhe é característica. Os ventos de agosto não trazem chuva. Os ventos de agosto não trazem sementes. Os ventos de agosto não trazem bons presságios. Ao contrário, trazem gemidos, arrastar de correntes, portas e janelas que batem sem parar. Há certa tristeza no ar neste mês que nos aproxima do final do ano. Há muito futuro e muito passado, enquanto o tempo presente é tragado por um clima de opulência. Pudera, este mês foi batizado em homenagem ao primeiro imperador romano, César Augusto, que lutou cruelmente pelo poder. Sem escrúpulos e autoritário, agosto, assim como quem lhe deu nome, segue seus dias de guerra. ...
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19/11/2014 - Final caprichado

Eu quero um final épico. Quero tudo o que me é de direito. Quero todos os olhos. Quero todos os aplausos. Quero todo o silêncio que puderem me dar. Quero um final apoteótico. Quero tudo o que não tive, e do que tive quero ainda mais. Quero o ápice, o auge, o apogeu. Quero todo sentimento, carga máxima mesmo. Quero uma enxurrada, uma tempestade, um tsunami de emoções. Quero o que há além dos limites. Quero toda licença poética. Quero os sentidos em carne viva. Quero doses e mais doses de fantasia, de sonho, de esperança. Quero fechar a conta em grande estilo. Quero quebrar as regras no tocante à imaginação. Quero adentrar as dimensões paralelas que já fazem parte mim. Quero meu tempo de ponta-cabeça. Quero ganhar na cartada final nem que for num blefe. Quero me lançar ao infinito perdidamente apaixonado.


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Fios do tempo

Os cabelos desfiados cobriam o sono do rosto. Um corte moderno e um sono antigo. Foram noites e noites quase sem dormir. Também os preparativos foram tantos. Desde a apresentação do último projeto, algumas despedidas, a lista de convidados, o estresse com o trabalho, com o tempo e até com o corte de cabelo. Tudo pronto em cima da hora. Também, o baile de formatura era a sua maior ambição desde que entrara para a faculdade. Era a realização plena. Estaria formada. Chega de provas, de listas de presença, de trocar o sono pelo estudo. Agora poderia dizer quando lhe perguntassem: sou advogada. ...
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21/06/2012 - Flecha de Oxóssi

Sou flecha disparada pelo arco de Oxóssi. Sou flecha cabocla. Sou flecha flechando destinos e corações. Sou flecha correndo pelos ventos de Iansã. Sou flecha atravessando as águas doces de Oxum. Sou flecha verde floresta. Sou flecha azul céu. Sou flecha que arde no fogo de Xangô. Sou flecha forjada na guerra de Ogum. Sou flecha à procura da caça. Sou flecha da fartura e da riqueza. Sou flecha voando entre árvores e espíritos ancestrais. Sou flecha da mata fechada. Sou flecha do rei de Kétu. Sou flecha do dono da Terra....
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16/12/2010 - Flerte nº 89

Você é perfeita, dos meus dias a eleita. Mona Lisa pós-moderna, batata da minha perna. É sublime sensação, lua de batom. Mania predileta, ilha deserta. Sabor dos sabores, deixa dos atores. Pelos de arrepios, corredeira dos rios. Bobagem dos apaixonados, desejo dos tarados. Juras de carne e osso, santa do pau oco. Jogo e brinquedo, sorte e medo. Luz que rompe, beleza que corrompe.


Você é poesia pequenina, estrela peregrina. Néctar do fruto, posse e usufruto. Promessa madura, doença sem cura. Paixão que estonteia, brisa que mareia. Reza do interior, lenda de amor. Vela que veleja, céu que troveja. Canção de ninar, clarão de âmbar. Doce de candura, fonte de loucura. Sentimento arredio, arrependimento tardio. Beleza oculta, magia absoluta. ...
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02/04/2011 - Flor em movimento

A mulher é flor em movimento. Um movimento balístico, ou, de baile, ou ainda, de balé. Um movimento sinfônico, de uma coreografia delicada e ousada, repleto de peripécias e trajetórias. A mulher é uma flor em suas rotações e translações cotidianas. Uma flor de pés e pernas. Uma flor nômade, passando de tempos em tempos de coração em coração. E isso só pode acontecer por meio de uma força maior, coisas de amor ou de vontade divina. Afinal, é por um descuido de Deus que a mulher é flor em movimento. ...
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Flores de Maio

Maio. Não é primavera, mas é tempo das flores de maio. Não é primavera, mas flores delicadas, grandes e brilhantes roubam à cena. Não é primavera, mas flores que são rosas, brancas, laranjas e vermelhas caem nas bocas dos beija-flores. E, em pleno outono, testemunhamos à floração do nascimento.

O escritor dá vida às histórias, o compositor dá vida às canções, o pintor dá vida às telas. Porém essas vidas são falsas. As histórias do escritor não continuam longe da fantasia dos livros, as canções do compositor deixam de existir no mais leve toque do silêncio e as telas do pintor não dizem nada num quarto escuro. ...
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24/06/2013 - Flores de Mangueira

Mangueiras floridas por todos os lados como fogos de São João. Flores pequeninas e agrupadas como grãos de néctar. Com toda magia, a floração do doce antecede a própria primavera. Os olhos se perdem por entre os cachos de flores e encontram cuícas, surdos e pandeiros. Salve Beth Carvalho, Alcione e Maria Bethânia, flores legítimas de Mangueira. Salve a Estação Primeira que dá sabor ao samba. Salve as mangas rosa, espada, ubá, manteiga... Salve Roberta Sá, Leci Brandão e Clementina de Jesus. Flores de tamborim. Flores de cavaquinho. Flores de alegoria. Flores cantantes. Flores passistas. Flores pela avenida, pelo morro, pela cidade, pela roça... ...
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Comentários (1)

Flores de outras épocas

Crisântemos, cravos, antúrios,..., ao abrir a janela, o tédio nos invade. A data do calendário muda e continuamos com a sensação de que anda tudo normal. Sensação de fazer parte de uma espécie de paraíso. Vez ou outra surge algum problema, mas nenhum "monstro de sete cabeças" vaga pelas ruas ou se esconde nas bancas de revistas. Eis o cabresto da inocência. Somos obrigados (inconscientemente) a viver algo que sequer existe.

"Quem vai me escutar, quem vai me entender, ninguém pode mais sofrer"... A canção de protesto de Geraldo Vandré de outras épocas volta aos nossos assobios. Sofremos sem saber que o fazemos. O sofrimento não é só uma dor física e aparente, mas também uma dor moral, íntima e que passa despercebida. Entretanto, parecemos padecer na morfina. ...
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04/10/2013 - Florida

Ela passou por jardins, por canteiros, por parques e se vestiu de flores. De flores amarelas, verdes, vermelhas. Ela esverdejou e floriu, como florem as mulheres primaveris, de tempos em tempos, em diferentes sentimentos. De uma saia negra, um universo sem estrelas, brotou ramos e pétalas num blazer furta-cor. Ela saiu espalhando pólens, como um beija-flor que trocou bicos por lábios.

Ela passou com os olhos em botão, com asas abertas como rosa que quer voar. Ela passou falando a língua das flores, sendo entendida e sentida pelo mundo dos ramos. Ela passou, voou, mergulhou pelas ruas espalhando e se deixando, como que se entregando sem querer, em perfumes e cores. Ela passou despertando ciúmes, causando invejas, numa floração que chegou ao cume da paixão.


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