Daniel Campos

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Encontrados 208 textos. Exibindo página 16 de 21.

30/12/2010 - Entre perdas e ganhos

Entre perdas e ganhos, perdi. Perdi o passo, perdi o rumo, perdi o prumo. Perdi quem sempre me protegeu, quem sempre me valeu, quem sempre engrandeceu a minha vida. Perdi quem me amou de fato. Perdi quem me ensinou o ato da lida. Perdi quem me criou, quem me educou, quem me inspirou. Perdi o fio da meada. Perdi a estrada. Perdi a cabeça, perdi a canção, perdi o coração. Perdi o ritmo, perdi a razão, perdi para a doença.

Perdi a terra, perdi a lavoura, perdi a semeadura. Perdi a lição, perdi o causo, perdi o sol e a chuva também. Perdi o gosto, perdi o posto, perdi a vontade de voltar. Perdi o embalo, perdi o faro, perdi o verde dos olhos. Perdi a crença, perdi o heroísmo, perdi o cavalheirismo. Perdi a dança, perdi a balança, perdi a esperança. Perdi os sonhos mais puros. Perdi o porto seguro. Perdi a loucura. Perdi a força, perdi a paciência, perdi o ânimo, perdi a ternura. ...
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22/12/2010 - Espírito natalino?

Cadê o espírito natalino? Só podem tê-lo roubado, seqüestrado, violentado. Infelizmente o governo ainda não se deu conta de que precisa proteger o imaginário popular. Como se falar em espírito natalino num trânsito como esse que promove o caos nas metrópoles? Como acreditar em espírito natalino nas enormes filas de supermercado? Como sonhar com espírito natalino em shoppings lotados, em lojas abarrotadas, em presentes que custam o olho da cara? Como fazer o espírito natalino suportar a programação da TV aberta para a época?...
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21/12/2010 - Eu, Nelson e Vinícius

Eu nasci em 1980. Eu nasci no mesmo ano em que perdi dois inspiradores, um poeta e um cronista. Eu nasci e um mês depois morria Vinícius de Moraes. Chorei sua morte enquanto minha mãe achava que chorava alguma cólica ou coisa parecida. Seis meses depois, morria Nelson Rodrigues. Difícil explicar certas coisas, mas, mesmo sem tê-los vivido pessoalmente, vivo-os pelo desenrolar dos meus dias numa busca desenfreada, numa paixão platônica, em sentidos e significados que nem Freud explica.
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13/10/2010 - É preciso resgatar Camões

Pegue todos os “eu te amos” ditos durante 24 horas diante dos olhos da pessoa amada e os some ao “eu te amos” ditos de forma inconsciente pelos cantos solitários da cidade, de forma saudosa ou platônica. Chegando a esse resultado, acrescente a soma de “eu te amos” escritos em cartas ou emails, disparados por meio de celular ou garrafas náufragas. O somatório de declarações é grande, no entanto, ainda é preciso acrescentar os “eu te amos” não ditos, apenas pensados ou, quiçá, sonhados.

Não tenha medo de fazer essa conta. Eu sei que os números são de enlouquecer tamanha a grandiosidade dessa matemática. Ninguém irá cobrar impostos por essa quantidade de amor, tampouco criar formas de combatê-la. O que eu quero demonstrar com esses cálculos todos é que o amor existe e é invocado em todo lugar, em toda hora. No entanto, esse amorosidade toda não corresponde à realidade de guerras e sentimentos menores que vivemos. ...
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02/10/2010 - É lá que eu quero morar

Detrás das montanhas do vento leste, há casinhas coloridas, pintadas com duas ou três demãos de cal, por pintores de aquarela. Lá, as ruas são de pedra e sal e ninguém medra de bandido ou de desconhecido. Lá, a lua volta e meia tem uma queda de pressão, o que a faz cair nos braços de um sol vermelho rouxinol. Lá, há um frescor de menta pelas esquinas e as meninas se vestem de vestidos de algodão. Nessa cidadezinha perdida entre a mata e um riacho, dona Mariquinha raspa a goiabada cascão pregada no fundo do tacho. Lá, nessa terra de amores simplórios, reza-se o responsório ao meio-dia e não há espaço pro esculacho. Reina a rainha poesia. ...
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20/09/2010 - Espinheira

Estresse. Agonia. O corpo entontece, pula, treme sob efeito da disritmia. É tudo tão desesperador. É muito espinho pra pouca flor. Que o deus do relicário tenha pena dessa gente que vive entre a vida e a morte, entre a pele e o osso, entre a ferida e o corte, entre o velho e o moço. Que o deus que anda na boca de tantos se una aos santos e ponha fim a esse alvoroço. Ninguém agüenta mais esse ritmo avassalador. É tanta informação e desinformação nos levando para os caminhos mais tortuosos, para os pensamentos mais pecaminosos, para o avesso dos amorosos... ...
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25/07/2010 - Eles vivem

Ele vive toda vez que toca uma moda de viola no rádio, toda vez que eu pego um táxi, toda vez que eu como macarrão gelado. Ele vive toda vez que eu vejo uma roda de amigos, um velhinho e uma pracinha, uma batida de catira e alguém dando balas para criança. Ele vive toda vez que eu preciso caçar um lagarto para trazer à mesa num almoço de domingo. Ele vive toda vez que eu fico frente a frente com um jogo de bocha. Ele vive toda vez que eu escuto o som dos relógios de bolso, que eu recolho um parafuso na rua, que eu vejo Inezita Barroso na televisão. Ele vive toda vez que eu encontro uma história de pescador, que eu busco nas memórias um elogio capaz de me motivar. Ele vive toda vez que eu como doce de leite de colher, que tem arroz com frango frito em meu prato e que vejo um chinelo de dedo azul e branco caminhando por aí. Ele vive toda vez que eu olho no fundo do espelho e digo: olha eu aqui. ...
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21/05/2010 - Estradeando

Ao longo do dia, das vinte e quatro horas do dia, quantas estradas se abrem diante de você? Se sua resposta por “nenhuma” ou “apenas uma”, mude urgentemente a forma como enxerga o mundo ao seu redor. Afinal, essas estradas que surgem em seu dia-a-dia são milagres que, na maioria das vezes, passam despercebidos diante de seus olhos e passos. Confesse! Quantas novas estradas você já deixou de desbravar por medo? Quantas estradas você não percorreu por puro comodismo? Quantas estradas você fingiu que não viu só para continuar reclamando da falta de sorte? Quantas estradas, quantas?...
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27/04/2010 - É o circo da vida

Olha. Olha lá. Lá vem vindo o circo dos palhaços tristes, dos equilibristas desequilibrados, das bailarinas descalças. É o circo da vida, de tantas chegadas e despedidas. Olha. Lá vem o circo com lonas rasgadas, com bichos feridos, com salários atrasados. Olha. Olha lá. Lá vem o circo dos leões cansados de apanhar, dos mágicos loucos para acertar um truque, da contorcionista se contorcendo de fome.

Cadê os risos, os aplausos, a pipoca? Cadê a luz, o espetáculo, as arquibancadas cheias? Cadê o circo dos fogos de artifício, dos desfiles na praça, da serragem cheirando à diversão? Olha. Olha lá. Lá vem vindo o circo da vida, de tantas chegadas e despedidas. O que se vê é o circo dos acrobatas do sinal vermelho, dos cavaleiros a pé, dos macacos repetindo as mesmas velhas macaquices. Olha. Olha lá. Lá vem vindo o circo das piadas sem graça. ...
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07/03/2010 - Eu te amo, mulher

Eu te amo, mulher. E não há como voltar atrás. Meu amor é ponte queimada, estrada acabada, palavra empenhada. Não há como escapar desse romance que começou capítulos atrás em outro livro. E por te amar assim sem negativas é que acho tolice colocar este amor em xeque. Amo não por pileque ou fetiche, amo como piche: de forma intensa, densa e propensa a agüentar seus pés tatuando meu corpo pela estrada afora.

Não existe separação ou qualquer coisa de fim em tudo isso. O sentimento em questão é água corrente correndo pros braços do oceano. E todo oceano é infinito. Estamos condenados à eternidade, a sentir saudade mesmo quando pertos um do outro. Essa é a realidade dos apaixonados. E nós temos o gene da paixão em nosso DNA. Atraímos-nos até quando nos repulsamos. ...
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