Daniel Campos

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Encontrados 208 textos. Exibindo página 15 de 21.

30/05/2011 - Eu sempre acreditei...

Eu sempre acreditei que a vida poderia ser mais do que uma rotina, do que uma agenda, do que uma obrigação. Eu sempre acreditei que existe algo por trás de todas as coisas. Eu sempre acreditei em elfos, magos e bruxas. Eu sempre acreditei que a tristeza, um dia, cairia. Eu sempre acreditei que somos mais do que temos. Eu sempre acreditei em outras dimensões, em reinos paralelos. Eu sempre acreditei que a dor não venceria. Eu sempre acreditei que mais e mais eu sonharia...

Eu sempre acreditei que a chama de algumas pessoas jamais iria se apagar. Eu sempre acreditei muito mais nos livros de poesia do que nas manchetes de jornal. Eu sempre acreditei que a morte, uma noite, desistiria. Eu sempre acreditei que os silêncios falam mais do que as palavras. Eu sempre acreditei nas histórias contadas pelo vento. Eu sempre acreditei que as flores choram. Eu sempre acreditei que existe outro deus, diferente de tudo o que dele já se falou e se escreveu......
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09/05/2011 - Eu vou pra Aruanda

Eu vou lá para Aruanda, para Aruanda lá vou eu. Já tô encaminhado pelo meu babalalô. Mas antes vou tomar um banho com ervas maceradas. Abô. Agô. Licença que eu vou fazer uma entrega para os meus orixás. Amalá. Já comprei velas, comida, fitas, flores e bebida. Depois que eu sair do canzuá, vou pegar a estrada para Aruanda. Lá não tem espírito desencarnado viciado no mal. Mas por precaução, vou levar meu oxê, meu machado sagrado de Xangô.

Em busca do meu odu, destino meu, eu vou lá para Aruanda, para Aruanda lá vou eu. Vou de abadá, tocando um adjá. Vou tocando a sineta invocando os orixás. Vou batendo paô, de palma em palma despertando as energias. Vou fazer um ritual de Bori, oferecer minha cabeça ao orixá. Meu Eledá vai comigo, me guardando de todo e qualquer encosto. Já preparei a fundanga para fazer meu descarrego. A pólvora vai queimando num círculo de fogo, abrindo meu portal para Aruanda. ...
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08/04/2011 - Eu quero um tempo

Eu quero um tempo, um tempo feito só pra mim. Um tempo à parte de relógios e calendários. Um tempo sem começo nem fim, bem farto e com cheiro de alecrim. Um tempo sem direito a adeus. Um tempo de resposta. Um tempo feito assim, no tempo de Deus. Um tempo de romance, de nuance, de entrance. Um tempo para quem gosta de temporizar. Um tempo sem data de validade e sem direito à saudade. Um tempo que não devore segundos, minutos e dias da minha vida, tampouco me faça caminhar rumo à despedida.
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05/04/2011 - Enlace

Quando ele chega ao fim do dia trazendo consigo a saudade, dores e um cesto cheio de caipirices ela se avia e agradece rezando baixinho uma ave maria. Ele tem o corpo cansado, o rosto suado e um monte de coisas para contar. Enquanto ele vai para o chuveiro ela lava sua marmita, passa um café e tira um bolo do forno e pensa coisas de mulher. Ela põe sua toalha na janela e ele canta como que espantando seus males, como que voltando para seus lugares, como que velejando por mares sem fim.
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04/04/2011 - Entre o silêncio e a escuridão

A mulher amada é tão detalhada e silenciosa quanto à noite que cobre o seu corpo. Estelar, como as revistas de ficção científica, e divina como os livros sagrados que falam em céu, a mulher amada é noite profunda, funda escuridão. É a cantiga da estrela cadente e o desejo de tê-la só e somente só o quanto mais perto e a todo e qualquer instante. E o cometa infante, apaixonado, escorrega sobre a barriga dessa mulher que tanto se quer entre o sereno e a neblina.

Mulher que sacia a fome, a sede, a angústia de viver. Mulher que cala a solidão e fala em espaço, em universo, em galáxia com a naturalidade das crianças que sonham em embarcar em foguetes. Mulher que é materialização da saudade que berra entre o astronauta e a Terra. Mulher que é santa e vaga, em feitio de vagalumes. Mulher que míngua e se renova como a lua. Mulher luminosa e grandiosa como a noite que invade a cidade com suas carruagens puxando sedutoras paisagens. ...
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27/03/2011 - Estrelas pirilampos

Menina preste atenção no que as estrelas do cruzeiro querem nos dizer. Lá de cima elas sabem tanto do nosso caminho quanto a velha que lê nossa sorte nas cinzas do cinzeiro. As estrelas, tanto as mais sérias quanto as mais fagueiras, estão nos mandando atravessar o sertão rumo ao encontro de um novo tempo ou ao reencontro de um velho sentimento. Somos as sementes de uma nova plantação. Já recebemos o sinal. As estrelas nos mandaram um postal. Vamos...

Se a estrela não mente, vamos, enquanto semente, deitar na terra onde tudo dá e esperar a chuva nos germinar. Vamos plantar nosso coração no chão e rezar pra não dar erva daninha, seca ou geada durante a nossa jornada pelas terras de Santa Cruz. Que possamos madurar, lado a lado, à luz das estrelas de luz. Que a morte não envolva nossos olhos matizados em seu capuz. Ave-Maria, madre luz. ...
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21/03/2011 - Em você

Os caminhos que me levam são as linhas da sua mão. Minha casa é o seu corpo, onde me deito depois de correr sua pele de cima abaixo. Pelo seu avesso, escrevi meus segredos. Vez ou outra, eu ignoro o medo, entro num barco de papel e desço o rio escorregadio dos seus olhos amorenados. Corto o sertão dos seus pensamentos e choro a distância que me separa das suas lembranças mais desbotadas. Abro os braços fingindo ter asas e vôo no rastro da lua cheia impulsionado pelo sopro doce e quente da sua boca molhada. ...
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13/03/2011 - Estação das ameixas

Seus olhos são como ameixas negras, que mesmo negras são vermelhas, rubras, magentas. Olhos suculentos, lágrimas de um sangue açucarado. Prazer dos sedentos. Olhos de ameixas, queixas da estação, paixão aristocrática. Olhos lisos, aparentemente homogêneos, porém, formados por centenas, milhares, milhões de pontos luminosos. Olhos de casca fina e polpa macia; desejáveis a olhos e bocas alheias.

Olhos de ameixas, madeixas de frutas; deixas de cicuta. Olhos maduros mesmo novos, doces mesmo azedos, silvestres mesmo civilizados. Olhos de ameixas nas ameixeiras, nas prateleiras, nas bandejas, nos pratos, nas quitandas, nas gargantas e nas entranhas. Olhos de ameixas sendo lambidos, mordidos, decorados, engolidos, digeridos, incorporados a outros olhos, olhares, lugares de óleos e holísticos. ...
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19/02/2011 - Edifício de mulher

À primeira visita, a mulher desejada deve ser contemplada do alto de sua arquitetura e engenharia. Porque depois que ela se tornar mulher amada só poderá ser vista de baixo, no ângulo permitido aos olhos que rastejam e ajoelham. Enquanto lhe é permitido voar, alongue as asas e observe bem do alto esse arranha-céu de beleza e tristeza que é essa criatura descendente de Eva. Se não conseguir chegar até lá com suas próprias asas, tente um teleférico, um foguete ou se pendure nos cabelos de um anjo. ...
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06/02/2011 - Estorieta

As matilhas dos seus olhos vão me caçando milhas e milhas ao sul. Vamos correndo, se escondendo e se vendo como amor proibido do primogênito do sol com as filhas da lua azul. E no peito da gata blue um coração movido a pilha palpita, grita, triplica a emoção de um blues .

E pela trilha das ervilhas e tortilhas tudo se transforma em canção. Na canção de redondilhas que ganha o céu a partir do uivo dos lobos que a habitam, a incitam e volitam seus desejos de mulher numa partilha de pétalas carnívoras de bem ou mal me quer. ...
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