Daniel Campos

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27/04/2010 - É o circo da vida

Olha. Olha lá. Lá vem vindo o circo dos palhaços tristes, dos equilibristas desequilibrados, das bailarinas descalças. É o circo da vida, de tantas chegadas e despedidas. Olha. Lá vem o circo com lonas rasgadas, com bichos feridos, com salários atrasados. Olha. Olha lá. Lá vem o circo dos leões cansados de apanhar, dos mágicos loucos para acertar um truque, da contorcionista se contorcendo de fome.

Cadê os risos, os aplausos, a pipoca? Cadê a luz, o espetáculo, as arquibancadas cheias? Cadê o circo dos fogos de artifício, dos desfiles na praça, da serragem cheirando à diversão? Olha. Olha lá. Lá vem vindo o circo da vida, de tantas chegadas e despedidas. O que se vê é o circo dos acrobatas do sinal vermelho, dos cavaleiros a pé, dos macacos repetindo as mesmas velhas macaquices. Olha. Olha lá. Lá vem vindo o circo das piadas sem graça.

Olha. Olha lá. Lá vem vindo o circo das bestas feras, das aberrações, dos trapezistas caídos. A mulher barbada se depilou. As crianças cresceram. Os coelhos se esconderam nas cartolas. Os engolidores de faca foram esfaqueados. Os cuspidores de fogo morreram queimados. E os elefantes partiram à procura do cemitério dos elefantes. Olha. Olha lá. Lá vem vindo o circo da vida, de tantas chegadas e despedidas.


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