Daniel Campos

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Encontrados 362 textos. Exibindo página 19 de 37.

07/06/2011 - Começa assim

Era uma vez, um gato xadrez. Era uma vez, uma vaca amarela. Era uma vez, um príncipe escocês. Era uma vez, uma linda donzela. Era uma vez, um circo encantado. Era uma vez, um cavalo voador. Era uma vez, um peixe dourado. Era uma vez, um por do sol no arpoador. Era uma vez, um maestro pianista. Era uma vez, um reino de fábulas. Era uma vez, o cravo, a rosa e um florista. Era uma vez, a paixão dos gárgulas.

Era uma vez, uma triste manhã. Era uma vez, um tempo distante. Era uma vez, uma flor de hortelã. Era uma vez, um cavaleiro errante. Era uma vez, um dragão azul. Era uma vez, um aprendiz de feiticeiro. Era uma vez, um veleiro ao sul. Era uma vez, uma brisa de cheiro. Era uma vez, um gato de botas. Era uma vez, um mundo perdido. Era uma vez, uma fada de costas. Era uma vez, um conto esquecido. ...
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04/06/2011 - Casais

Outro mês, outra vez, outra rés. Eu, você, a lua, nós três a bordo de um amor que flutua a bombordo das estrelas. Paixão outono inverno, abraço longo, seu lenço estampando meu terno. Flores à mesa, velas ao redor da cama, o duque e a dama flertando na mesma trama.

Sonhos revirados, sentimentos mexidos, ventos idos. Asas de violetas, pólen de borboletas, carícias e caretas. Vidas à toa, dias de canoa, um desejo que o amor não doa. Voltas de ilusão, batuques de coração, bossa nova, jazz, samba-canção. ...
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25/05/2011 - Contemporâneo

Ao contrário de vivo ou morto, passei a dizer que estou online ou offline. Nem luz do sol nem luz de velas, só há a luz da tela do computador. Eu não mais caminho ou vôo, apenas navego. Só amanheço depois de efetuar o login. Não abraço ou beijo, conecto. Meu bicho de estimação passou a ser o micro. A minha coleção de livros foi trocada por um netbook. Minha literatura diária ganhou ícones, abreviações, sinais codificados. Deletar ou adicionar, eis a questão. Meu coração virou modem.

Troquei as cartas, com seus envelopes e selos, pelos emails; Tenho caixas e caixas deles. Percebi que tudo começa com www. Meus sentimentos foram estilizados em emoticons. Passaram a compartilhar meus sonhos num ciberespaço e fazer sucessivos downloads de mim. Os hackers, piratas da rede, passaram a saquear minha alma. Apareço no you tube e sou celebridade do twitter. Escrevo, ou melhor, posto minhas memórias num blog. Ao contrário de nuvens de chuva, nuvens de tags no meu céu. ...
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24/05/2011 - Cinza céu

O tom cinza do dia parece pesar no céu. Um peso tão grande que nem o vento, que ricocheteia cortando as nuvens em milhões de pedaços, consegue arrastá-lo para longe. O céu, do amanhecer ao anoitecer, é borrado, como que sujo de inverno. É como se um deus das trevas passasse pelo celestial arrastando um manto espesso e turvo. Um céu que intimida o vôo dos pássaros, dos aviões e dos balões.

Só não é capaz de intimidar meus olhos, que voam querendo descobrir o que há por trás daquele cinza todo. No entanto, na maioria das vezes, meus olhos campestres acabam absorvidos por aquela cor fria e úmida. Não é à toa que nessa época meus olhos tremem mais do que de costume e, até mesmo, surgem com manchas de mofo. O mofo da melancolia. Em dias assim, a poesia surge pálida e quer ficar embaixo das cobertas. ...
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25/04/2011 - Capítulo 66

A editora propôs um centro cultural, como o Recoleta ou o Ricardo Rojas, da Universidade de Buenos Aires, e até mesmo uma daquelas salas de teatro que movimentam a Avenida Corrientes. Shoppings, livrarias, restaurantes e outros centros espíritas ofereceram suas instalações para sediar o lançamento do livro mais esperado dos últimos tempos, mas o autor estava irredutível. Para ele, o evento não podia acontecer em outro lugar senão no centro espírita Sementes de Luz.

Não quis apresentações musicais ou refinados coquetéis. Artistas e empresários queriam a todo custo colaborar com o lançamento, mas Sebastian optou por uma cerimônia simples. O evento aconteceria no salão do centro, logo após a sessão espírita de uma quinta feira. Depois da palestra e dos passes, o livro seria lançado. A intenção era não espetacularizar esse momento e adaptá-lo à doutrina espírita. Mas estava difícil. ...
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17/04/2011 - Carrego

Eu carrego essa mulher comigo. Carrego-a nos meus ombros, no meu peito, nos meus braços, nas minhas lembranças, nos meus projetos e em cada uma das minhas células. Eu a carrego como um escudo, como uma arma, como uma santa. Carrego-a como um medicamento controlado, como um enxerto, como uma máxima. Eu a carrego como uma medalha, como um amuleto, como uma oração. Carrego-a a carrego como uma marca, uma tatuagem, uma aliança. Eu a carrego como uma linha do destino, como uma imagem em movimento, como um pedaço do meu corpo, do meu íntimo, da minha personalidade. ...
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09/04/2011 - Coisas do frio

O frio chegou antes. Chegou lá pelos meados de março e sem vergonha espalhou-se por abril. Um frio duradouro que chega a doer os ossos reumáticos. Um frio indiscreto, que causa. Um frio poético, que atiça. Um frio que cala dois corpos em um só corpo. Adoro esse frio inesperado. Um frio chuvoso, de neblinas e lãs. Um frio que corta como uma navalha nas mãos de um barbeiro. Gosto de sentir esse frio e de vê-lo se aboletar pelas coisas e pessoas que estão ao redor.

É como se o tempo tivesse enjulhecido. Sinto novamente as sensações e vibrações dos meses de julho que ficaram pelo caminho. Noites de festas juninas. Noites de fogueiras. Eu cortava a noite, indo da casa dos meus pais à casa do meu avô, com uma manta nas costas. Tempo em que a terra nina as sementes, e elas adormecem na espera por dias de calor. Tempo de chás e sopas, de livros e músicas capazes de agasalhar a alma, como um bom disco de Jobim....
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06/04/2011 - Considerações

O que se ganha se perde nesta vida. O que se prende um dia se solta. O que se aprende um dia se esquece. O que se peca logo mais se arrepende. O que se acha volta e meia não se encontra. Todo riso se transforma em lágrima e todo pranto um dia volta a sorrir.

O que se une com o tempo se separa. O que se acredita um dia se duvida. O que deus deseja o céu troveja. O que se ilumina mais pra frente volta a escurecer. O que se espera mais cedo ou mais tarde acontece. Toda semente pra vingar primeiro é preciso morrer. ...
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30/03/2011 - Choradeira

Chora. Chora feito chuva. Choro manso ou de vento, choro fino ou de granizo, choro que cala à terra ou que troveja de dor. Chora feito uva virando vinho. Chora feito viúva sem carinho. Chora como uma porta se abrindo e deixando escapar o que esconde. Chora como se estivesse em trabalho de parto, perdendo um pedaço de seu corpo. Chora como choram as virgens, meio que sem saber chorar. Chora por brio, vazante como um rio. Chora como uma gaivota que voa. Chora sem motivo, chora à toa.

Chora como se fosse o tempo das águas. Chora mariritamente mágoa a mágoa. Chora o choro dos cristais. Chora aos deuses do sal. Chora suas muitas marés. Chora o amor de um corsário. Chora fazendo de seus olhos um perfeito aquário. Chora e me conta quem é. Chora como prova de fé. Chora num tamborim. Chora um choro de guerra ou de festim. Chora com perfume de flor. Chora de favor. Chora baladas e hortelã até amanhã de manhã. ...
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20/03/2011 - Copos e criaturas

Vasculhando as minhas memórias não encontro referência maior de pluralidade do que os copos que se esparramavam pelas mesas de almoços e jantares na casa de minha avó Adélia. Copos de diferentes cores, texturas, tamanhos, formatos e procedências. Difícil encontrar dois copos iguais nas prateleiras daquela mulher que foi quebrando e juntando copos ao longo de mais de cinqüenta anos de casamento. Copos comprados, ganhados, achados. Copos gorduchos e esbeltos, copos lisos ou desenhados, copos transparentes ou estampados com temas florais. Copos originalmente copos de requeijão, de massa de tomate, de milho, de azeitona, de geléia... ...
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