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Encontrados 362 textos. Exibindo página 10 de 37.
22/01/2014 -
Cabeça de Vinícius
Vinícius de Moraes sempre foi meu poeta de cabeceira, por isso recomendo que você tenha sempre à mão um pouco dele para utilizar de forma homeopática ou com a intensidade de uma overdose. Assim como o filho de Xangô, ande por céus e mares vendo poetas e reis, com a certeza de que a vida chega sangrando aberta como uma pétala. Nasça amanhã, andando por onde ainda há espaço. Lembre-se de que “a mulher amada carrega o cetro”. Pergunte-se, sempre que necessário, “quem pagará o enterro e as flores se eu morrer de amores?”. Viva a receita do poetinha “De tudo ao meu amor serei atento”. Viva vinicianamente a vida como a arte do encontro. E atente-se para o fato de que “quem não pede perdão não é nunca perdoado”. Siga Vinícius, mesmo que nas pequenas coisas do dia a dia, para fazer valer o célebre “hei de morrer de amar mais do que pude”. E quando em silêncio aprenda a “viver cada segundo como nunca mais”. Ao ver o luar, tenha cuidado, porque deve andar perto uma mulher. Tenha para si que como cantou o capitão do mato “maior solidão é a do ser que não ama”. E renove-se a cada segundo numa prova ou num pacto de fidelidade trazendo em si a certeza de "que seja eterno enquanto dure"....
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09/01/2014 -
Calvin
Calvin precisa de afago. Calvin precisa de colo. Calvin precisa de ar. Calvin está triste. Calvin está preocupado. Calvin está sem rumo. Calvin precisa se alimentar. Calvin precisa sonhar. Calvin precisa acreditar. Calvin está sem força. Calvin está sem sono. Calvin está sem cor. Calvin precisa lutar. Calvin precisa de beijo. Calvin precisa de amor. Calvin está sem lugar. Calvin está de luto. Calvin está doendo. Calvin precisa imaginar. Calvin precisa viajar. Calvin precisa seguir. Calvin está sem riso. Calvin está sem voz. Calvin está sem querer. Calvin precisa de paz. Calvin precisa sentir. Calvin precisa confiar. ...
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25/11/2013 -
Corações-bomba
O que há de sentido no amor senão a falta de sentido? Essa loucura generalizada que toma conta das vísceras, das entranhas, do íntimo mais íntimo que há. E o instinto de matar ou de morrer por amor convive com a vontade de compartilhar um sono manso, capaz de amolecer o coração mais duro que possa existir. O amor dobra joelhos, acama, tomba heróis e eleva bandidos. Ninguém fica imune às tramas desta teia confeccionadas com mistério, beleza e veneno. Sim, o amor é letal, mas e daí? Quem se importa em sofrer todos os efeitos de um sentimento que para se fazer inteiro não deixa nada inteiro em você. em mim, em nós?...
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13/11/2013 -
Coraçãonismo
Que coração algum fique escondido. Que seja revelado o retrato de todo e qualquer coraçãozinho. Que os corações deixem os ninhos, as tocas, os becos, os quartos escuros. Que os corações caminhem livremente pelos olhos, sem medo da inocência ou da maledicência. Que os corações se alimentem de outros corações num canibalismo saudável. Que as constelações dos corações pequeninos e também dos grandes e grandiosos corações guiem e estampem nossos espíritos e nossos corpos por uma vida de apaixonamento. ...
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30/10/2013 -
Constelação Julie
Acordou, fazendo jus ao seu vocabulário, pilhada. Aliás, acordou sem ter dormido. Seus sonhos ficaram apagados na noite escura. Nem mesmo a lua apareceu para acalmá-la. Pudera, a menina, vestindo um pijama de fantasminhas, foi assombrada a noite toda pelo medo da perda. Quando fez dezoito anos poderia ter se encantado com um carro, uma jóia, uma casa, mas se apaixonou por Julie, seu presente mais marcante até hoje.
Difícil explicar o sentimento existente entre a menina e a cachorrinha. Além de dividirem lanchinhos e de correrem juntas, as duas falam sobre tudo. Uma entende e se rende a outra de forma mais do que especial. São confidentes. São melhores amigas. São inseparáveis. Daí, a angústia generalizada. Naquele dia em que a menina amanheceu com olhos de tsunami, Julie seria submetida a uma cirurgia. ...
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19/10/2013 -
Cem Vinícius
Não conheci Vinícius, que morreu um mês depois do meu nascimento, mas é como se eu o tivesse vivido durante todos esses anos. O poetinha é como uma espécie de sol, de lua, de estrela que se faz presente todos os dias da minha existência. Já li, já vivi, já bebi Vinícius de Moraes de tantas e quantas formas. Vinícius foi uma espécie de poeta da guarda, que sempre me aconselhou a ir por aqui ou por ali nos assuntos do coração.
Vinícius está na minha estante, no meu rádio, na minha memória. Samba da Benção, Pela Luz dos Olhos Teus e Eu Sei Que Vou Te Amar correm em minhas veias assim como Soneto da Fidelidade e A Brusca Poesia da Mulher Amada. Sou tão cheio de Vinícius, que ele chega a sair dos meus poros. A imagem do poeta, bem como suas palavras e ritmos, sempre me foram familiares. É como se Vinícius fosse minha casa. ...
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12/10/2013 -
Criança ça
Criança dança com balançado. Criança cansa quem está ao lado. Criança avança entre o certo e o errado. Criança enche a pança, fica de bucho virado. Criança trança cabelo, faz na boneca seu penteado. Criança lança choro e sorriso num humor delicado. Criança é a esperança de um coração mais bagunçado.
Criança é criança quando esperneia, quando faz birra, quando fala do bicho-papão. Criança é criança quando faz beicinho, pede colo, dá carinho sem ninguém pedir. Criança é criança quando descomplica o complicado. Criança é criança quando troca almoço e jantar por brincadeira. ...
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10/10/2013 -
Cuidados
Cuida da lua para que ela não caia do céu ou não se apague. Cuida do mar para que ele não dessalgue. Cuida do tempo para que ele não se adiante ou se atrase por demais. Cuida do sonho para que ele não ultrapasse o prazo de validade. Cuida das asas para que elas não se transformem em raízes. Cuida da boca para que ela não fique sem beijos. Cuida do caminho para que ele não se divorcie de seus passos.
Cuida das mãos para que elas saibam dizer olá e adeus com a mesma desenvoltura. Cuida do passado sem que ele ocupe o lugar do futuro. Cuida do destino independentemente se vai cumpri-lo ou alterá-lo. Cuida dos meios, dos terços, dos quartos, dos quintos como se cuidasse do inteiro. Cuida dos anjos para que eles continuem acreditando que acredita neles. Cuida do recomeço e faça dele seu endereço fixo.
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18/09/2013 -
Chuva chegou
E foi então que ela chegou fazendo arruaça, trazendo graça e amor. Chegou sacudindo as saias, balançando as folhas. As folhas dos livros, das árvores, dos calendários. Chegou sem cumprir horário, sem pedir licença, sem cerimônia. Chegou gerando gritos, sorrisos e alívio. Chegou levando a uma explosão de palavras de esperança naqueles que já iam com a garganta seca. Chegou acordando o canto dos pássaros antes da hora.
E foi então que ela chegou assoviando, caindo aqui e ali e ao mesmo tempo. Chegou causando suspiros, delírios, a ascensão de lírios e a queda de martírios. Chegou e imediatamente a inspiração germinou dentro e fora. Chegou umedecendo, molhando e encharcando. Chegou calando a morte, a falta de sorte, o corte aberto pela sequidão. Chegou roubando a cena, manipulando poemas, levantando perfumes de alfazemas, açucenas... ...
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20/08/2013 -
Carnívoro
Carne de sol. Carne de panela. Carne frita. Carne seca. Carne serenada. Carne salgada. Carne cozida. Carne acebolada. Carne desfiada. Carne vermelha. Carne com molho. Carne vermelha, branca, rosa... Carne apimentada. Carne apaixonada. Carne argentina. Carne empanada. Carne crocante. Carne de cheiro. Carne fresca. Carne no prato. Carne na grelha. Carne de traseiro. Carne de novilha ou de garrote. Carne louca. Carne na vitrine. Carne de mistura. Carne prensada. Carne do último corte.
Carne marcada. Carne de avó. Carne gourmet. Carne caipira. Carne que cacareja, que muge, que grunhe. Carne com salada. Carne no alho. Carne que chora. Carne maturada. Carne embalada. Carne recheada. Carne de ponta de faca. Carne ao ponto. Carne com alecrim, manjericão, orégano... Carne picadinha. Carne espetada. Carne de bandeja. Carne com batata. Carne atolada. Carne com gordurinha. Carne no vinho. Carne na brasa. Carne marinada. Carne enjoada. Carne de caça. Carne de caçador ou caçadora...
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