Daniel Campos

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25/11/2013 - Corações-bomba

O que há de sentido no amor senão a falta de sentido? Essa loucura generalizada que toma conta das vísceras, das entranhas, do íntimo mais íntimo que há. E o instinto de matar ou de morrer por amor convive com a vontade de compartilhar um sono manso, capaz de amolecer o coração mais duro que possa existir. O amor dobra joelhos, acama, tomba heróis e eleva bandidos. Ninguém fica imune às tramas desta teia confeccionadas com mistério, beleza e veneno. Sim, o amor é letal, mas e daí? Quem se importa em sofrer todos os efeitos de um sentimento que para se fazer inteiro não deixa nada inteiro em você. em mim, em nós?

O amor não é o coelho que sai da cartola do mágico, é o leque de segundos que habita os olhos voltados à cartola na expectativa do que sairá de lá. Expectativa, suspense, incerteza e, sobretudo, esperança, são ingredientes fundamentais a serem lançados neste caldeirão. O que seria dos filmes, dos livros, das revoluções, das músicas, do exercício da fé sem o amor. Como pode um sentimento ser capaz de provocar viagens sem volta, de mudar o rumo das coisas, de nos tirar a gravidade e inverter a lógica da vida. Sim, o amor é capaz de subverter a ordem dos corações mais caretas. O amor é pólvora doce e nós, corações-bomba.


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