Daniel Campos

Prosas

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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 318 de 320.

Um convite à solidão

Era preciso você. Não demorei a perceber que o que buscava era você. Você de tanto você. Horas e demoras olhando sem ver coisa alguma, dentre tantas visões nefastas, buscando uma explicação, um porque que não conhecia de onde vinha, uma razão para prosseguir... Mas a única causa que conseguia encontrar, entre angústias e agonias, era a conseqüência... Você. Era impossível deparar com algum tema além de você. Talvez já o soubesse. Apenas tinha que me convencer.

Um convite à solidão, um silêncio quieto e uma paisagem que dizia por si própria. No início seriam minutos, algumas horas, semanas a fim de achar respostas para a qual só haviam hipóteses e mistérios. Dentre tantas reflexões, uma pergunta que resumia tudo: como viver ausente de você? Podia ler jornais, revistas, livros, ouvir canções e só conseguia me perder desse mundo (que inexiste sem suas estruturas de cimento, suas frases prontas, seus consolos indecifráveis...). ...
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Um eu que ama

Quem sou eu? Eu? Um eu que ama. Ama o mundo. Ama a conjuntura existente no cruzar de pernas das palavras. De preferência, que as palavras estejam de saia. Um eu que ama a lua que mingua para ser nova. Ama o romance das letras, suas paixões e traições. Sou alguém que nasceu de uma licença poética. Sou quem escreve para o meu próprio alguém, para outro alguém e, outras vezes, pra ninguém.

Contos, crônicas, poemas... O texto me habita e eu habito as gavetas. As gavetas da minha escrivaninha. As gavetas da minha memória. As gavetas das retinas de quem se aventura a entrar em meu mundo. Meu mundo de palavras. Sou quem escreve sobre aquele olhar da menina que parece distante, sobre aquela última decisão política e sobre a guerra de um país que só conheço daquele globo redondo e mágico que ficava sobre a mesa da minha professora de geografia da sétima série. ...
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Um homem também chora

"Um homem também chora, menina". O choro, em si, não tem sexo, entretanto as lágrimas de uma mulher são completamente diferentes das lágrimas de um homem. Talvez o choro das mulheres seja mais atraente. Talvez o choro dos homens seja mais bruto. Mas, não vamos aqui, por hora, discutir as anatomias do choro.

Quantas vezes, leitor(a), você já escutou, por aí, que homem não chora? Quantas vezes você, viu um homem chorar? Quantas vezes? E não vale citar como exemplos o choro de um ator de cinema, de um louco preso nas torres de um manicômio, de um bêbado em fim de noite. Também não vale citar aquele choro fingido que surge em nome de algum interesse. Falo do choro, simplesmente, chorado. Então, quantas vezes? ...
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Um mundo febril

Sol. Sun. Soleil. Sole. Sonne. Zon. Seja qual for à língua falada, escrita ou escutada, ele, o sol, brilha soberano. A estação não muda. É verão o tempo todo. Metade da Groenlândia virou mar. Parte da Antártida se perdeu e com ela, uma legião de pingüins e leões marinhos. O mar tem seis metros a mais do que se acostumou a ver naqueles velhos Atlas em nossas aulas de geografia. A Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro; a Vila Belmiro, em Santos; a praia da Boa Viagem, em Recife, e a Ponte dos Ingleses, em Fortaleza, e outros tantos cartões postares litorâneos estão debaixo d´água como Atlântida, a cidade perdida. Se houvesse um termômetro que medisse a temperatura média do mundo, o mercúrio indicaria 18ºC. Termômetro? É um mundo febril. É um mundo doente. É um mundo em extinção....
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Uma bossa ainda mais nova

Era demais, mas não era tarde quando um deus, louco e pagão, pausou um olhar (como se buscasse um outro céu) e confessou seus desejos ao piano. As mãos partiram em busca de uma fórmula ainda não inventada. As claves de sol se envolveram e das entranhas de uma sétima menor nasceu, sem gritos ou explosões, uma canção impossível. Ela, a canção, escapuliu por entre as teclas pretas e brancas e se fez mulher.

Ela passou e, diante da euforia em suas artérias, ele se atirou daquela cobertura que arranhava estrelas mais abusadas. ...
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Uma cidade em perigo

Chamem a tropa de choque, a força aérea, os agentes especiais. Chamem os recrutas e chamem os ladrões. Todos são necessários. Mogi-Mirim está tomada. Invadiram a cidade. Não, não é coisa dos sem-terra, tampouco dos extraterrestres. É um inimigo que chega em bando, canta sempre o mesmo hino e suga o sangue de quem encontrar pela frente. Vampiros? Quase. Pernilongos. Milhões deles.

Sem que ninguém os impedisse, os mosquitos se alastraram pela cidade com a fome dos exércitos medievais. Desde então, a rotina é a mesma. Enquanto o sol impera no céu, eles se escondem. Ficam invisíveis, protegidos em alguma sombra. Afinal, eles são guerreiros das sombras. Depois, a noite chega e eles atacam. Aquele barulho infernal nos ouvidos é o sinal de que a guerra está declarada. Voam pela casa como aviões norte-americanos sobre o Iraque. Por falar em EUA, avisem o Bush que em Mogi-Mirim há uma nova espécie de terroristas. Pernilongos terroristas. Se as autoridades municipais não conseguirem resolver o problema, eu sugiro que chamem o 007, o Exterminador do Futuro, o Marcos. Marcos? Aquele da novela das oito. Aquelas raquetes de tênis usadas pelo personagem de Dalton Vigh para bater na mulher seriam de grande utilidade na batalha contra os pernilongos....
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Uma fé, uma voz, um tempo

Os tons pastéis da igreja matriz se derramam pela praça. Uma praça com coreto, fonte e bancas de jornal. Uma matriz de escadarias e torres que lembram as fortalezas que um dia, alguém nos contou em histórias. Pelos arredores da matriz, uma voz pausada. Uma voz que é metade som, metade silêncio.

Havia quem passasse sorrindo, havia quem passasse dançando, havia quem passasse com pressa. E como passavam, morriam. Consolo para os que passavam amando, amando não importa o que, se um alguém, se um tempo, se uma música. ...
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Uma taça de traição

Os ponteiros do relógio, embaralhados e em silêncio. Numa lentidão de pôquer, avançavam para além das duas horas. A noite que não se sabia, se noite ou madrugada, passava em tons escuros e desertos. Como de costume, quando ela chegasse não precisaria tocar campainhas, machucar a mão na porta, gritar entre as lanças do portão... bastava encostar seu corpo na porta e... e a porta ganharia o ângulo de um decote. Diante dela, os ponteiros do relógio desapareceriam. Diante dela a noite entraria numa espécie de depressão pós-parto. Atrás dela não existiriam trancas, cadeados, segredos... ...
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Vatinga, meus aplausos

Que este artigo não tarde os meus aplausos. Não pensem que eu parabenizo os moradores da Vatinga por terem "ganhado" uma cadeia no quintal de casa. Faço-o pelos abalos que causaram às estruturas da política local. Adiantaram o trabalho dos carunchos.

Fez-se a vez de um povo que dificilmente alguém escuta. Um povo desprezado e que por ironia da vida, sustenta o nosso país. Falam em indústrias, mas o que move o país é a agricultura. Envergonhar-se da terra, tratá-la mal, são gestos que prefiro nem comentar. Para os que acham que cultivar a terra é coisa de país subdesenvolvido, vale lembrar que a França ganhou o título de celeiro europeu. Subdesenvolvidos são aqueles que não se preocupam com a vida que surge da terra, com os calos das mãos dos agricultores. Para a maioria dos políticos, que nada fazem pelo povo durante o mandato, a terra só serve para erguer construções de concreto, estas, um mostruário eleitoreiro barato. ...
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Vela em riste

Quando o fósforo acalorado por duas unhas tão esmaltadas quão longas esfrega-se nas laterais escuras de uma caixa sem samba, uma explosão em chama acende o pavio lânguido de uma vela. À luz dessa explosão, o mundo abre seus ouvidos. A vela é posta nas costas de um piano como um vaso solitário. Vaso de cera. Vaso em chamas. Vaso de cera. E os dedos das unhas daquela mulher, ainda com fragmentos de pólvora do fósforo, causavam inúmeras outras explosões. Algumas maiores, outras menores e outras ainda não diagnosticadas. Explosões vindas das teclas esmaltadas de um piano longo como um daqueles vestidos de baile....
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