Daniel Campos

Prosas

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21/09/2013 - Anda daqui, cisca dali, zanza de lá

Anda daqui, cisca dali, zanza de lá. O rei caiu. O dragão comeu a princesa. O sapo ficou pra sempre sapo. Anda daqui, cisca dali, zanza de lá. O mundo virou. A terra tremeu. O apocalipse nunca terminou. Anda daqui, cisca dali, zanza de lá. O cupido flechou. O menino feriu. A menina correu. Anda daqui, cisca dali, zanza de lá. O vento bateu. A boca calou outra boca. O sino parou.

Anda daqui, cisca dali, zanza de lá. Fulano maldou. Ciclano esqueceu. Beltrano sumiu. Anda daqui, cisca dali, zanza de lá. Teve crime na esquina. E ele não chegou para o jantar. E ela esperou com fome na janela. Anda daqui, cisca dali, zanza de lá. A promessa acendeu. A solidão queimou em feitio de vela. A fantasia se abriu. Anda daqui, cisca dali, zanza de lá....
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16/11/2008 - De bandido a herói e de herói a bandido

Onde será que o pai escondeu meu vídeo-game? Já procurei em cima do armário da cozinha, no velho cofre que perdeu a tranca, na penteadeira da mamãe. Onde será que ele está? Estou de castigo, mas não posso ficar sem jogar. Esses três dias que fiquei longe do controle já fora o bastante. Além do mais, papai não precisa saber. Eu jogo um pouquinho e o escondo novamente, no mesmo lugar. Ele só vai voltar do trabalho no final do dia. Ainda faltam três horas e vinte e oito minutos. É o suficiente para eu matar minha vontade. Para minha sorte, mamãe foi resolver umas coisas na cidade e só vai voltar com ele. É a minha chance. Mas eu estou perdendo muito tempo. Precisava achá-lo logo. Quem sabe no guarda-roupa? Camisas, meias, cuecas, lenços, calças, cintos... Ah! Onde será que ele enfiou meu vídeo-game? Tudo porque eu tirei nota baixa na escola, matei o gato da vizinha, respondi mal aquela minha tia chata. Isso lá é motivo para me deixar sem vídeo-game? Se não bastassem as três chineladas que eu ganhei na perna, a bronca, a cara feia, eu tive que ficar sem uma das coisas que eu mais gosto. Ou seria a que eu mais gosto? Vestidos... não... essa já é a parte de mamãe do guarda roupa. Só se estiver no maleiro. Mas é muito alto. Eu não alcanço. Mas se eu pegar aquela cadeira do telefone e subir nas suas costas pode ser que dê certo. Antes tentar do que ficar sem meu joguinho. Nossa como a cadeira é pesada. Só mais um pouco, deixa-me esticar o braço. Pronto. Nossa! Mamãe vai me matar. Derrubei um monte de toalha, de roupa antiga. Também, estava tudo embolado, apertado aqui. Que bagunça. Depois, vou ter que guardar tudo. Quem sabe se eu procurar um pouco mais. Vou esticar um pouco mais meu braço. Parece que achei algo. Ta enrolado em um pano. É um pouco frio. Será meu vídeo-game? Não. É muito pequeno. Mas o que será? O que é isso. Ai meu Deus, to escorregando. Aiiiiiiiii. Cadeira traiçoeira. Ainda bem que cai em cima da cama. Mas o que é isso? Nossa mãe, isso é uma arma. Papai tem uma arma escondida em casa. Que legal. Jamais pensei que um dia pegaria numa dessas. Deve ser uma pistola automática ou será um calibre 38. Não entendo muito disso não. Deixa só o Diego me ver armado até os dentes. Vai ficar morrendo de inveja. Quero ver o Ricardo vir falar que não posso jogar no time da escola porque sou perna-de-pau. Ah! Posso fazer tantas coisas com essa arma. Nem preciso mais do vídeo-game. Agora eu sou o cara. Vou levá-la dentro da mochila e apontar para cara daquela professora idiota que foi me dedurar para meu pai. Vou acabar com ela. Melhor. Vou dar um tiro para o alto na hora do recreio e todo mundo vai ter medo de mim. Já pensou? Até o Gustavo vai se ajoelhar e pedir desculpas por ter me chamado de rato de laboratório. Só porque não sou forte e bronzeado como os meninos... Mas eles todos vão me pagar. Vou ter que agradecer muito ao meu pai por ter me dado esse presente. E ele não vai sentir nem falta se eu tomar emprestado seu revólver só um pouquinho. Estou me sentindo igual naqueles filmes que passam tarde da noite. Parece que estou ouvindo até mesmo aquela música de suspense. Vou arrepiar geral. Posso entrar naquela loja da esquina e sair de lá com a última geração do vídeo-game que eu quiser. O meu estava ultrapassado mesmo. E depois, posso pegar um monte de refrigerante, chocolate, sorvete... Mandar um taxista lá do ponto da praça me levar para o parque de diversão. Até a Aninha vai curtir esse meu poder todo e deixar o Gustavo de lado. Minha vida nunca mais será a mesma. Olhe eu lá no espelho da penteadeira da mamãe. Estou diferente, mais forte, mais bonito. Parece até que cresci um pouco mais. Virei homem. Só não posso deixar meu pai perceber que estou com o brinquedinho dele. Oh não, estão abrindo a porta. Mas quem será? Ainda não está na hora de meus pais chegarem. Será ladrão? Mas por que estou com medo? É só atirar e pronto. Vou ser herói. Vou matar o bandido que queria roubar a nossa casa. Meu pai vai me perdoar por tudo e ainda vai me colocar no colo, vai gostar de mim. Basta eu ficar calmo, apontando para a porta e esperar o momento certo. Quando a porta abrir, dou logo uns três tiros para não ter como errar. Os passos estão mais perto. Estão chegando. É um, é dois, é três... Nunca atirei, mas não deve ser difícil. Já fiz tanto isso no vídeo-game que devo estar craque. Basta pensar que é mais um daqueles carinhas do jogo que eu tenho que matar para passar de fase. Eu sei fazer isso. Eu posso. Eu consigo. E eu preciso mudar de fase. Atenção. A porta está abrindo. O suor escorre pela minha testa. Começo a tremer. Fecho os olhos e disparo. Um disparo, dois disparos... e antes do terceiro, um grito conhecido. Como é que o bandido fez para ficar com a voz do meu pai? Pausa. E agora? Estou entre o terceiro tiro e o abrir dos olhos. ...
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19/05/2012 - O vendedor de nuvens

Era uma vez um menino apaixonado pelas nuvens. Vivia olhando para o céu, namorando aquelas criaturas esbranquiçadas e de formas tão variadas. Sonhava em poder tocar aquelas painas gigantes. Ah! Quanto se imaginou deitado sobre aquelas nuvens como se fosse um anjo. Gostava de vê-las mesclando o céu azulado, pois para ele nuvens chuvosas eram nuvens chorosas. Preferia as nuvens leves, levadas para lá e para cá ao ritmo do vento.

Quando lhe perguntavam o que seria quando crescesse, a resposta era uma só: piloto de avião. Queria viver a voar sobre nuvens. Não pensava em outra coisa senão fazer piruetas ao lado delas e tirá-las para dançar. Queria tocá-las, abraçá-las, cheirá-las, beijá-las, amá-las. Se pudesse, engravidaria as nuvens. Melhor, ficaria grávido de nuvens. ...
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07/11/2012 - "Merda", Ney Latorraca

Que essas complicações em seu quadro de saúde façam parte apenas do roteiro de mais um de tantos dramas já interpretados por Ney Latocarra. Que o fechar das cortinas e os aplausos não tardem, pois os fãs estão ansiosos para ver o mestre novamente em pé. Todos torcem contra essa vilã que atende pelo nome de insuficiência respiratória aguda. Além do mais, lugar de Ney é nos palcos, nas telas da televisão ou do cinema, e não em uma Unidade de Terapia Intensiva. O filho de um crooner e de uma corista precisa reagir. O público espera isso para ovacioná-lo mais uma vez. ...
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01/12/2014 - "Sem-ar"

Por todo amor desta vida, tenha um pouco de compaixão desses que estão por todo lugar em busca de um pouco de ar. De quem mesmo com todos os pulmões em pleno funcionamento não consegue respirar. É como se tivesse uma espada atravessada no peito, água na garganta, concreto no nariz. Falta espaço para conseguir ar. Os olhos até enxergam a vida, mas essa vida não consegue ir para dentro do peito. Esses “sem-ar” são muitos. Adoecidos pelo desespero, pela falta de perspectiva, pelas frustrações e decepções da caminhada de cada um, carecem de ar. Há quem chore por não conseguir puxar esse ar para o seu interior e há quem já esteja conformado de murchar mais e mais a cada dia. Há muitos querendo água, terra, fogo, mas há muitos de muitos querendo ar numa dor invisível e ainda incompreendida. Por todo amor desta vida, tenha um pouco de compaixão dos que esmolam um punhado de ar.


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16/05/2014 - (Im)Possivelmente assim

Tudo que há em você é orquestrado para dar certo mesmo quando tudo está errado. Cada camada que lhe compõe propõe mistérios a mais por perto. E é preciso mergulhar e explorar o mundo ao redor do qual orbito, sim, sou um satélite atraído pelas suas forças magnéticas, fonéticas, ecléticas... É estrela única na minha vida ao mesmo instante que é constelação no meu universo, dividindo-se e se multiplicando em brilhos aos ladrilhos dos meus olhos que pavimentam o seu céu na minha terra. E quando eu choro é porque tenho a certeza de que você tem os meus melhores sorrisos. Sua beleza se encaixa perfeitamente numa sucessão de acontecimentos de deixar sonhos e desejos boquiabertos. Bonecas, fadas, anjas se perguntam como você é possível. O açúcar que brota naturalmente de seu íntimo e dá perfume e sabor e sentimento a todo o seu ser é irresistível. ...
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16/09/2010 - (In)felicidade

Quer algo mais complexo do que a felicidade? Uma busca permanente, com doses caprichadas de sacrifício e adversidades. Pode parecer paradoxal, mas para ser feliz é preciso primeiramente ser triste. Viver a tristeza em todas as suas faces e fases até chegar a um período de contentamento. Porque, por natureza, a felicidade é efêmera, como um sopro. O sopro divino. Por essas e outras, ser feliz é algo que condiz com o terreno imaginativo e abstrato do eu que existe em cada um de nós. Tentar ser feliz é se dispor a uma queda livre infinita por poços sem fundo e submundos da (in)consciência. ...
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11/04/2015 - (Re)Encontro com o Pai

Estou totalmente entregue ao Simiromba de Deus. Os fluidos da projeção do espírito do grande cacique Tupinambá alcança cada poro, célula, pulso do meu corpo em suas três dimensões – físico, alma, espírito. Os três reinos de minha natureza são iluminados, habitados, inundados por Seta Branca. Como chuva, a energia desce da cabeça aos pés, por todo o meu ser. Uma energia intensa e ao mesmo tempo tão serena, que acalma e fortalece ao mesmo tempo. Uma sensação única que me transporta às nuvens, ao universo, ao astral. Ao contrário de sangue, fluidos de Seta Branca parecem caminhar pelas minhas artérias e veias. Ganho asas. Minha voz muda. Meu esqueleto muda. Meu olhar muda, mesmo estando de olhos fechados, e nada mais é como antes. A emoção fala mais alto. O choro é de felicidade, de reencontro, de realização, de paz interior e exterior. É mais do que a alegria de depois de muito tempo, de muitos caminhos errados, chegar à casa do pai; É a casa do pai chegando até você.


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25/06/2012 - 100% medo

Eu vivo porque tenho medo da morte. Eu amo porque tenho medo da solidão. Eu como porque tenho medo da fome. Eu rezo porque tenho medo do céu em fúria. Eu grito porque tenho medo do silêncio. Eu escrevo porque tenho medo da página em branco. Eu me ajoelho porque tenho medo do castigo. Eu amadureço porque tenho medo do verde. Eu corro porque tenho medo do tempo me pegar. Eu trabalho porque tenho medo do ócio. Eu chovo porque tenho medo seca. Eu bebo porque tenho medo da lucidez. Eu queimo porque tenho medo da chama se apagar. Eu sonho porque tenho medo da vida real. Eu minto porque tenho medo da verdade. ...
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01/05/2013 - 19 anos de impunidade

Há 19 anos um crime brutal continua impune. O assassinato de Ayrton Senna continua sem solução. Os culpados seguem suas vidas como se nada tivessem feito. O circo da Fórmula-1 continua armando suas lonas milionárias como se nada tivesse acontecido. Não vai faltar quem diga que não se tratou de um crime, mas de um acidente. Será? Eu tenho razões de sobra para acreditar que uma conspiração envolvendo uma série de pessoas, interesses e fatores foi responsável por ceifar a vida do tricampeão.
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