Daniel Campos

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Encontrados 111 textos. Exibindo página 8 de 12.

31/01/2016 - Tom precisa voltar

Tom Jobim precisa voltar. É necessário tratar com urgência urgentíssima o processo reencarnatório do maestro. A nossa música carece do Antônio Brasileiro para não morrer pobre, vulgar e desacreditada. Falta o piano, a flauta, o violão dando o tom para outros seguirem seu Wave, seu caminho. Tom precisa voltar para salvar a Mata Atlântica, a Bossa Nova, a MPB, a juventude... E em razão da necessidade extrema, é fundamental que Tom já nasça grande com notas, partituras e letras-poema. Ah, e se não for pedir demais, que Vinícius de Moraes o acompanhe para reeditar o casamento perfeito entre poesia e melodia. Eu quero mais Jobim, mais Vinícius, mais disso que é bom. Aumenta o som, com as bênçãos de Drummond, volta Tom. Volta para o nosso meio, para o seio da fina flor da música brasileira que sem seu maestro chora perdida, luto por uma vida inteira. O Tom de Ipanema, o Tom de Mangueira, o Tom carioca da gema, o Tom Arpoador, o Tom das Águas de Março, o Tom do Samba do Avião, o Tom do compasso, o Tom do Amor, do Sorriso e da Flor precisa voltar, Eu Sei Que Vou Te Amar, eu sei que vou esperar sua volta pelo resto dos meus dias, a porta está aberta, o piano que nas suas mãos nos dá gosto está posto e há por todo o Jardim das Rosas, de Sonho e Medo, uma esperança de te (re)ver o quanto mais cedo.


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26/12/2013 - Toma de conta

Toma de conta do que eu conto, que tudo é teu. Aposse-se sem receio ou pudor porque tudo de mim já nasce e renasce destinado a você. Toma de conta porque, para você, minha obra, mesmo inacabada, já está pronta para tomares conta. Apanhe tudo o que há pelo caminho que abro e desbravo para você passar. Nem precisa fazer de conta que tudo, de fato, é teu porque não sou mais meu, é fato. Guarde o que quiseres, como quiser, pois só existo quando guardado entre teus guardados. Toma de conta do meu samba, da minha moda, do meu tango, da minha bossa, do meu fado e de tudo mais que em mim se compõe a você. Leve contigo, em teus tantos abrigos, as minhas linhas, os meus versos, as minhas rimas, pois tudo é da inspiração que me move e comove por direito. Toma de conta e não se preocupe em acertar qualquer conta, pois a doação do meu amor por meu amor é espontânea e incondicional, impossível de ser contestada, modificada ou anulada. Toma de conta do que amo porque foi legitimamente declarada e vivida amada, com todo gozo e regalia que lhe cabe ao tomares conta do que é da sua conta – eu.


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31/05/2014 - Toma juízo

Se você me quiser eu posso tudo. Tudo o que sonhar e imaginar eu posso fazer acontecer. Não conheço limites, desconheço o impossível. Não tenho os pés no chão, mas na lua mais incrível que já pode desejar. Coloca suas mãos soltas no ar e deixa minha presença lhe levar. Projeta suas lembranças no futuro e permita viver o que quer viver. Não olhe pros lados senão para dentro de você. Tenha juízo, mas no sentido de não se deixar. Nada de desperdiçar emoções. Escuta o poeta e se desamarra, e se desprenda e aprenda que o pássaro só é pássaro no céu. Vá fundo no seu papel sem se esquecer que você é a protagonista do seu coração. E por mais que não veja o amor e seus caminhos estampado em jornais ou pichado em muros, fecha os olhos que tudo aparecerá como um letreiro neon.


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30/05/2015 - Tomação

Toma juízo. Toma cuidado. Toma prosa. Toma água. Toma boca. Toma pé. Toma tento. Toma consciência. Toma rumo. Toma jeito. Toma flecha. Toma chuva. Toma língua. Toma costume. Toma caldo. Toma chão. Toma assovio. Toma nota. Toma chá. Toma tempo. Toma vento. Toma onda. Toma saudade. Toma fim. Toma pernada. Toma pílula. Toma pedrada. Toma poeira. Toma linha. Toma luz. Toma foco. Toma estrada. Toma ciúme. Toma voz. Toma sangue. Toma gol. Toma queda. Toma trilho. Toma dó. Toma pau. Toma liberdade. Toma olhares. Toma tiro. Toma gosto. Toma tenência. Toma raio. Toma benção. Toma xarope. Toma banho. Toma remédio. Toma ponto. Toma drible. Toma partido. Toma sol. Toma amor. Toma lá dá cá. Toma cá dá lá. Toma dá lá cá. Toma lá cá dá. Toma cá lá dá.


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06/02/2015 - Tomando chuva

No meio de tantos que correm e se cobrem da chuva, que fazem uso de sombrinhas pretas ou coloridas, das românticas às psicodélicas, há quem passe literalmente tomando chuva. Tomando no sentindo de beber, pois cada milímetro quadrado de tecido, cada poro, cada célula é devida e inteiramente preenchido pela chuva que há. Homens que não se importam em manchar seus sapatos engraxados, embaçar seus óculos, incitar o linho de suas camisas de mangas longas ao desejo de florescer. Mulheres que tomam aquela chuva borrando a maquiagem, desmanchando o penteado, revelando segredos corporais. Felizes os que não gritam com suas crianças quando elas vão pela enxurrada ou poças. Aliás, como seria bom se fossemos barquinhos de papel sendo levados pela água no meio fio pela força da gravidade, vivendo o êxtase até ser desmanchados e tragados por alguma boca de lobo. Olhemos a chuva e saibamos com ela como nos comportar. A chuva não combina com gritos, com correria, com desespero. A chuva alimenta a alma, e por maior que seja sua força, é um convite ao silêncio, à contemplação, à entrega. Ninguém toma uma bebida caríssima num gole só, é fundamental a existência de um ritual que permita o aproveitamento a fundo de todos os sabores que compõem aquele sabor. E não há bebida mais cara neste mundo do que a chuva. Portanto, não desperdice a chuva correndo ou blasfemando o quanto de deus (de deuses) há nela. Viva a chuva para que a chuva possa viver você.


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17/12/2010 - Tomara o tempo fosse diferente

O velho Vinícius me ensinou que “a coisa mais divina que há no mundo é viver cada segundo como nunca mais”. Uma versão viniciana para o famoso carpe diem. O tempo é impiedoso. Enquanto estamos entretidos com trabalho, sono, televisão, jogo, conversa fiada, ele está passando como vento que não cessa. Passando e carregando um pouco de tudo, inclusive, de nós. O tempo é mar bravio, que vira nossos cascos de pernas para o ar. O tempo é o Deus sempre presente e atuante. O tempo é para todos e de ninguém. O tempo é a locomotiva, cada um dos vagões que seguem em fila indiana e o trilho vazio também. ...
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23/11/2008 - Torre de esmeralda

Todo fim de tarde é a mesma história. Praticamente, um ritual cumprido religiosamente. Uma menina de nove anos aproveita que a mãe se perde nas contas do terço e deixa a parte central da igreja com a desculpa de brincar com as outras crianças, que correm pela pracinha de paqueras e pipoqueiros. No entanto, seus passinhos tomam outro destino - a torre da igreja. O sino está desativado há alguns anos, mas a vista da cidade dali de cima é capaz de dobrar, badalar, ensurdecer corações. Ela já havia contado. É preciso enfrentar cento e oitenta e três degraus para se chegar ao topo daquele seu castelo de cartas. ...
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Torresmos

O chão vermelho era mais poeira do que terra. Uma cor que tingia a roupa para desespero de quem fosse lavá-la. A minha camiseta manchada pelas patas vermelhas do dragão. Dragão? Não. Não estou em nenhum cenário de castelos e princesas em perigo. Mas meu avô deve ter mergulhado nesse mundo mágico para batizar aquele cachorro que tinha em si tantas raças. Quem sabe em seus genes não havia a genética de um dragão? Delírios. Fantasia e sol.

Andávamos pelo abacateiro. Ele, ao meu lado, corria, com o corpo esticado, como se mergulhasse e planasse no ar por alguns instantes antes de tocar o solo. Íamos juntos até o fim do pomar, mais de quinhentos passos de um metro. Ele comia alguns abacates que encontrava rachados pelo chão e, sobretudo, corria. Adorava correr. Perdi todas as corridas que apostamos. No começo, ele me dava uma colher de chá, mas depois começava os seus mergulhos e me vencia. ...
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Trabalho Carcará

Lembra do dia
Que o trabalho lhe venceu
Ao podar sua vida
Lembra do seu filho que chorou
Porque disputou
Um campeonato e perdeu
Sua torcida

Lembra da especialização
Daquela pós-graduação
Que você tanto sonhou
E não pode fazer
Lembra do quanto deixou de crescer
Porque o trabalho roubou
Horas e horas do seu prazer

Ah! Trabalho carcará
Pega, mata e come
Ah! Trabalho carcará...
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08/01/2013 - Tráfico de sentimentos

Trafica meu coração para o peito da criatura amada. Trafica meus passos para os caminhos da mulher que eu amo. Trafica meus braços para os abraços dessa mulher. Trafica minha língua para as palavras de amor que habitam a boca de quem tanto desejo. Trafica meus beijos para a boca da mulher que toma minha imaginação. Trafica as linhas das minhas mãos para o destino da mulher que é meu passado, presente e futuro.

Trafica minha saudade para a presença da mulher amada. Trafica minhas dores para o bálsamo que é a mulher que eu me entrego. Trafica meus sonhos para a insônia que atormenta a mulher que eu amo. Trafica minhas promessas para a lista de afazeres da criatura pela qual me apaixonei. Trafica minha seiva para as artérias da mulher que amo. Trafica meu tempo para a atemporalidade da mulher amada.


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