Daniel Campos

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Encontrados 111 textos. Exibindo página 7 de 12.

20/03/2012 - Toda molhada

Ela chega molhada em casa cheirando à chuva. Seu cabelo escorre como um rio doce. Veleiros velejam pelas tempestades de seu corpo agitado. Suas palavras quebram como ondas. Sua boca está mais viva, trazendo o viço das plantas depois de uma noite de chuva. Chega aliviada como nuvem depois de descarregar seus raios e trovões. Dispensa sombrinhas e sapatos. Vem descalça pelas enxurradas, totalmente livre, dividindo as corredeiras com barquinhos de papel e olhares distraídos.

Sua pele vem úmida e semeada, como se cada pingo de chuva enterrasse a flor de seu tecido uma semente de desejo, ou de esperança, ou de felicidade. Brinca com as poças d’água. Em momento algum pensa em se esconder da chuva. Em determinado trecho, depois de absorver muito daquelas nuvens, ela passa a chover. E chove num contentamento de encher os olhos dos deuses da chuva. E quanto mais chove mais exala um frescor que causa suspiros e sons ainda não batizados. ...
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14/02/2012 - Tardes na janela

Louco de amor e de aflição, eis como eu levo os meus dias chuvosos de poesia, separado por quadras e eixos paralelos e perpendiculares da mulher que fia o meu destino em seu tear de paixões e incompreensões. As tardes surgem como pinturas de manicômio no vidro da minha janela. Lá fora o mundo real parece um borrão. Vejo as ilusões caminhando pelas ruas, os sonhos crescendo nos jardins e as esperanças se cristalizando como pedra nos olhos de quem tenta enxergar além das nuvens escuras.

Nesses dias de chuva, o céu ganha um riscado de baile. Tudo parece estar em movimento numa dança que não cessa. Um balé de folhas de árvores e de cadernos promovendo desenhos abstratos no chão e crônicas de um amor caudaloso em livros ainda não escritos. As cores se realçam, as formas se confundem, as sombrinhas formam outra dimensão. Tudo inspira um romantismo desmedido, redimensionado no mais puro sentido do afeto e do querer perto. ...
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02/02/2012 - Tempo pra esquecer

Indiferente como uma estrela cadente, o tempo passa transformando vivos e mortos. Todos são vítimas da megalomania do tempo, que quer dominar tudo e todos em seus servos, escravos, amantes... O tempo é sempre tempo, não existe ex-tempo. . O tempo passa de mão em mão, mas não fica com ninguém. Mesmo frio e calculista, o tempo desempenha um importante papel na nossa imaginação. Afinal, nossos sonhos e fantasias estão condicionados ao tempo e sua extensa mitologia.

Somos todos temporais, com exceção do próprio tempo, atemporal por natureza. O tempo é o senhor da mobilidade. É o puxador dos fios da nossa vida. Por meio dele chegamos rapidamente a algum destino ou não chegamos a destino algum. Por mais ausente que esteja, o tempo está sempre presente. Por saber da sua falta de limites, esbanja confiança e poder e até mesmo um ar pretensioso. Dependendo de seu humor, rasteja ou voa, deixando-nos pesados ou leves. ...
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18/01/2012 - Tudo

Se tudo deu certo é porque tudo não era tudo. Se tudo acabou é porque nada começou. Se tudo sorri é porque tudo já chorou. Se tudo foi diferente é porque o óbvio se fez ausente. Se tudo deu em lua cheia é porque a luz está na veia. Se tudo já foi falado é porque existe alguém calado. Se tudo é superficial é porque tudo já voltou do fundo. Se tudo envelheceu é porque o espelho se perdeu. Se tudo é coração é porque a ilusão venceu a razão. Se tudo é fantasia é porque o mundo nasceu um grão de poesia. ...
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13/12/2011 - Tudo por um fio

Ao final de cada ano tudo fica por um fio. As tensões aumentam. As cordas se arrebentam. Os laços se soltam. A dor, a quebra de expectativa e o estresse acumulados durante os doze meses dão nisso. A vida em dezembro, seja ela no campo profissional ou pessoal, fica por um fio. A morte parece estar em todos os lugares. E essa sensação está muito longe de um mero sentimento de perseguição. Trata-se de um fato concreto que a cada ano anula mais e mais o espírito natalino. Afinal, diante de consecutivas injeções de realidade, a magia fica por um fio....
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24/11/2011 - Trago-me

Mãe, mais uma vez olha eu aqui me trazendo aos seus pés em prova de amor, em prova de fé. Mais uma vez trago flores de pensamento, velas de esperança e terços de sonhos. Trago aos seus pés um rosário de coisas para agradecer. Trago pedidos vindos de longe e também de dentro de mim. Trago angústias e aflições. Trago um desejo de colo. Trago um amanhã ainda em formação. Trago dúvidas, incertezas e mãos para que me conduza em sua direção. Trago palavras nunca ditas e uma história tão bonita...
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14/11/2011 - Tudo é bom

Tudo é bom desde que não seja ótimo. Tudo é bom desde que seja na medida certa, não sendo assim de menos ou demais. Tudo é bom desde que não vicie. Tudo é bom desde que valha a pena. Tudo é bom desde que seja tudo mesmo. Tudo é bom desde que você esteja disposto. Tudo é bom desde que haja cumplicidade em tudo. Tudo é bom desde que ninguém saia ferido. Tudo é bom desde que não tenha volta. Tudo é bom desde que tudo seja permitido. Tudo é bom desde que seja vivido intensamente. Tudo é bom desde que não haja limites. Tudo é bom desde que não haja distinção entre sonho e realidade. ...
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07/10/2011 - Toda noite

Toda noite, um beijo de boa noite. Toda noite, a cama forrada. Toda noite, uma estrela caindo um pouco mais. Toda noite, uma canção de ninar. Toda noite, uma lua num balão de gás. Toda noite, o perfume dos anjos da guarda. Toda noite a dança dos pirilampos e siriris. Toda noite, os olhos abertos da coruja. Toda noite, o medo de assombração. Toda noite, o amor e a revolução se casando sob lençóis. Toda noite, sonos e sonhos. Toda noite, contos de fadas e princesas.

Toda noite, corpos colados. Toda noite, uma xícara de chá. Toda noite, um capítulo inédito de novela. Toda noite, um novo mesmo jeito de adormecer. Toda noite, uma saia rodada de abajur ilumina o quarto. Toda noite, um gato em serenata. Toda noite, velas e preces acesas. Toda noite, corações de pijamas. Toda noite, beijos de néon. Toda noite, o mingau das almas. Toda noite, o vento batendo o portão. Toda noite, silhuetas e sombras. Toda noite, piratas avançando sobre o oceano da escuridão....
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25/08/2011 - Tudo apagado

Tudo apagado em mim. Tudo fosco, sem brilho. Toda luz que havia se esvaiu até o fim. Estou, por completo, desluminado. O fogo virou brasa que virou cinza que o vento levou. Não há incêndio, não há chama, não há uma fagulha sequer. Roubaram minhas estrelas de um modo que não é possível mais vê-las. Tudo sem cor, sem vida, sem calor. Pálido, ajoelho, mas nem deus é capaz de acender uma vela em mim.

O pranto que corre em mim desaguou nas fogueiras interiores e tudo se apagou. Até o magma que borbulhava em meus olhos virou rocha. No meu céu não há mais raios ou cometas, nem um corpo incandescente corta meu horizonte. E esfregando meu coração de pedra não há faísca sequer que consiga chamuscar um papel. Meu inferno é frio. Um frio que provoca ardor, pavor, torpor e escuridão. ...
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21/07/2011 - Tem gente...

Tem gente que vai, tem gente que vem, tem gente que sai, tem gente que tem, tem gente que cai, tem gente no trem, tem gente que some, tem gente que esquece, tem gente com fome, tem gente que enlouquece, tem gente que dorme, tem gente que ganha, tem gente que come, tem gente que apanha, tem gente que intriga, tem gente com sanha, tem gente que briga, tem gente que acanha, tem gente com figa, tem gente que assanha, tem gente que liga e gente que desliga.

Tem gente que fantasia, tem gente que morre, tem gente que adia, tem gente que corre, tem gente que assovia, tem gente com sorte, tem gente que chia, tem gente do norte, tem gente que queria, tem gente que quer, tem gente homem, tem gente mulher, tem gente lobisomem, tem gente sequer, tem gente astuta, tem gente maluca, tem gente sem cura, tem gente dura, tem gente pura, tem gente sem vergonha, tem gente que sonha e gente que enfadonha. ...
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