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Encontrados 150 textos. Exibindo página 9 de 15.
20/07/2014 -
Náufrago de amor
Sou náufrago em mar aberto de um amor que (não) deu certo. Há solidão por todos os lados com suas ondas bravias. Piratas passam com seus tapa-olhos rindo da minha paixão (mais) cega. Há gaivotas brancas, lindas com suas asas envergadas, que me beliscam a carne como se fossem abutres fedorentos. Todas as sereias que me rodeiam têm o rosto da mulher que amo. Todas elas cantam lindamente na minha língua ou em línguas desconhecidas. Essas sereias todas são a mesma pisciana que me quando quer me coloca na escuridão completa ou nos seus vértices luminosos numa espécie de colo estelar. Ora é metade mulher metade peixe, ora metade mulher metade estrela. O rei Netuno crava seu tridente em minhas costas com raiva por eu ter flertado com sua filha. O sol, aparentando ter milhões de vezes o seu tamanho normal, dá febre e delírios intensos. E no embalo dessas vertigens chamo pelo nome da mulher que amo. Sou náufrago de um mar tão, mas tão salgado que em muitas horas penso estar dentro dos meus olhos prantosos. Há ilhas de saudade que me dão acalanto fazendo-me por alguns instantes de miragem me desvencilhar do pesadelo real. E eu me pergunto naquele infinito de ausência se sou alguém que luta para sobreviver ou que não aceita a própria morte. Sou náufrago de um amor que deu certo.
Comentários (1)
31/07/2010 -
Nêga
Nêga, hoje a nossa lua amanheceu tão negra, como que marcada pelo batom da escuridão. Nêga, deixa-me entrar no seu barracão e ver onde você guarda o nosso amor, por debaixo das fantasias e alegorias de crepom. Nêga, sabe que meu coração pertence a sua escola e bate no compasso do seu tamborim. Nêga, eu quero o seu amor negro. Nêga, desejo toda essa folia negra que bole pelo seu corpo num quebrado sem fim. Tem dó de mim, ò nêga, e coloca mais água no seu feijão. Eu lhe sondo no jardim das rosas negras, ò nêga, só para lhe oferecer meu amor num samba-botão, numa flor-canção. Da Portela à Estação Primeira de Mangueira, eu me rendo aos seus passos e abraços negros de domingo à quarta-feira de cinzas e carregos. ...
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16/09/2013 -
Nem
Nem todo truque de mágica pode ser descoberto. Nem todo segredo pode ser revelado. Nem todo pecado pode ser confessado. Nem todo acerto pode ser certo. Nem todo amor pode ser realizado. Nem toda promessa pode ser comprida. Nem todo acordo pode ser desfeito. Nem toda chegada pode ser bem-vinda. Nem todo desejo pode ser exposto. Nem toda esperança pode ser posta. Nem todo gosto pode ser compartilhado. Nem toda solidão pode ser morta.
Nem todo rei pode ser esquecido. Nem todo sentimento pode ser consumado. Nem todo futuro pode ser passado. Nem todo coração pode ser vivido. Nem todo céu pode ser distante. Nem todo amante pode ser proibido. Nem toda história pode ser terminada. Nem todo orgulho pode ser engolido. Nem toda caminhada pode ser perdida. Nem toda fantasia pode ser despida. Nem toda paixão pode ser ferida. Nem toda sina pode ser partida.
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Nem mais nem menos
Sem quaisquer cumprimentos, ela vem, como vinha todos os dias, e senta-se na mesa de sempre. Nem perto da porta, nem perto dos pratos quentes, nem perto da parede, nem perto do banheiro, nem perto do balcão de frios, nem perto do garçom, nem perto da cozinha. Em seus traços, um quê de uma Itália abrasileirada. Em seu prato raso, um pouco de alface e cenoura. Como se tivesse um combinado com o garçom, ao sentar-se um refrigerante, que tentava imitar o gosto de uva, já estava borbulhando em seu copo. Emburrada, come da forma mais lenta possível. Parece não ter mais nada para fazer em seu horário de almoço senão mastigar os ponteiros do relógio. ...
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20/02/2015 -
Nem sempre a gente
Nem sempre a gente sabe sobre o amor que nos cabe. Nem sempre a gente quer que a última pétala seja de bem-me-quer. Nem sempre a gente escolhe o que colhe. Nem sempre a gente se deita e se ajeita num sonho. Nem sempre a gente corre adiante ou pra cima, muitas vezes a gente simplesmente escorre. Nem sempre a gente esquece o que da nossa vida não desaparece. Nem sempre a gente quer mais do que falta aos outros casais. Nem sempre a gente tem uma explicação para o que se esconde atrás de um sonoro não. Nem sempre a gente domina nosso querer-menino ou nossa paixão-menina. Nem sempre a gente sustenta o que por um motivo ou outro inventa. Nem sempre a gente abre a porta a quem de fato nos importa. Nem sempre a gente acerta e se aperta. Nem sempre a gente assovia e o sentimento como vento vem ao nosso encontro. Nem sempre a gente acredita no que de dentro pra fora palpita. Nem sempre a gente quer dar o suor e tudo podia ser melhor. Nem sempre a gente volta à palavra morta. Nem sempre a gente dá atenção ao que habita na solidão. Nem sempre a gente dorme sem fome de outro dia ou do dia que deu noutro. Nem sempre a gente é livre e vive solto. Nem sempre a gente compreende que o amor nunca se rende. Nem sempre a gente bota fé no que não dá pé. Nem sempre a gente floreia o que nos rodeia. Nem sempre a gente vê graça na primeira garça. Nem sempre a gente educa uma atração maluca. Nem sempre a gente tem que ser o que nos faz sofrer. Nem sempre a gente ilumina o caminho da nossa sina. Nem sempre a gente fala o que nos cala. Nem sempre a gente comemora o que o outro chora. Nem sempre a gente nina o que vem ao nosso imã. Nem sempre a gente pode com o que nos sacode. Nem sempre a gente toca o que nos provoca. Nem sempre a gente rui com o que nos possui. Nem sempre a gente ignora quem nos manda embora. Nem sempre a gente tem a receita de uma tarde perfeita. Nem sempre a gente imagina a cria de uma fantasia. Nem sempre a gente declara o “acabou” ao que já terminou. Nem sempre a gente dá calor ao que nos deixa de bom-humor. Nem sempre a gente entende que “infinito”, “eternidade”, “pra sempre” muitas vezes viram saudade.
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12/06/2014 -
Nem teto nem fundo
Amor que é amor desses que surgem como tempestade em dia claro tomando conta de tudo e derramando o mundo não tem teto não tem fundo. Um amor que não pede licença pra tomar de conta do coração, mas que tem toda paciência para se fazer eterno dentro de sua infinitude. Um amor de atitude, bruto em sua pureza, mas nada rude. Um amor delicado, sincopado, estilizado no melhor de cada um. Por isso que eu digo, amor que é amor desse porte ninguém tem poder de desviar de seu norte. E não existe sofrer pra quem ama, para quem está entregue ao amor, existe essa convulsão do amor entre sim e não, razão e emoção, pecado e perdão. ...
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23/06/2013 -
Nem toda, nem todo
Nem toda guerra é de pólvora. Nem toda rosa é de espinho. Nem toda pedra é de sal. Nem toda onda é de Iemanjá. Nem todo trovão é de chuva. Nem toda fome é de comida. Nem toda arte é de aplauso. Nem toda maçã é de amor. Nem toda linha é de destino. Nem todo enredo é de samba. Nem todo pecado é de confissão. Nem todo anjo é de luz. Nem toda sombra é de morte. Nem toda cachaça é de beber. Nem toda saudade é de passado.
Nem toda lua é de fase. Nem toda nuvem é de algodão. Nem todo sorriso é de palhaço. Nem toda revolução é de ideias. Nem todo sentimento é de corte. Nem toda dor é de remédio. Nem toda caminhada é de caminho. Nem toda estrela é de brilho. Nem toda fera é de ataque. Nem toda dança é de encontro. Nem todo cálculo é de exatidão. Nem toda orquestra é de som. Nem todo santo é de procissão. Nem toda partida é de chegada.
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26/12/2011 -
Nem tudo nem todos
Nem todo latido que há será capaz de me amedrontar. Nem todo amor desta vida será capaz de me convencer. Nem todo trovão que houver será capaz de chover. Nem todo mar do mundo tem sereia. Nem todo sino que existe ira se dobrar pensando em alguém. Nem todo tempo que há vai me vencer. Nem todo mal-estar da cidade vai me desanimar. Nem todo vento que soprar vai me alcançar. Nem todo lodo é vazio de flor.
Nem todo pó já foi alguém um dia. Nem todo romance foi feito para durar séculos sem fim. Nem toda fé é direcionada a algum deus. Nem toda guerra tem dois lados. Nem todas as palavras podem ser ditas sem prévia censura. Nem toda encenação é mentirosa. Nem todo choro escorre dos olhos. Nem todo rio corre para o sul. Nem todo abraço é visível. Nem todo pensamento é pensado. Nem toda lua é de comer. ...
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Nenhum motivo explica a guerra
Como protagonista de mais uma tragédia cotidiana, Evandro João da Silva gritou por socorro e recebeu um tiro na barriga. Caído no centro da mesma cidade que receberá um dos maiores símbolos da paz entre os povos – as Olimpíadas, Evandro sentiu na carne o destino de muitos jovens. Perdeu o tênis, a jaqueta, a carteira... Perdeu a vida. Gritou por socorro, mas foi silenciado. Silenciado pela violência que buscou combater na coordenação social do Afroreggae, que tem um dos trabalhos sociais mais bonitos desenvolvidos neste País que grita por socorro assim como gritou Evandro. Grita contra a fome, contra a insegurança, contra o descaso. ...
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11/11/2012 -
Nesse mundo de ninguém
Nesse mundo de ninguém há sempre alguém procurando por alguém. Por alguém que se perdeu. Por alguém que se encontrou. Por alguém que não se esqueceu. Por alguém que sempre se sonhou. Por alguém que se arrependeu. Por alguém que não se despediu. Por alguém que marcou. Por alguém que lhe mostrou uma nova janela, uma nova aquarela, uma nova realidade. Por alguém que sorriu, depois sumiu. Por alguém que semeou, de um jeito ou de outro, a saudade. Por alguém que se ama, se amará ou se amou.
Nesse mundo de ninguém há sempre alguém procurando por alguém. Por alguém para cobrar uma dívida, uma pendência. Por alguém que lhe dê esperança. Por alguém para pagar sua penitência. Por alguém que resgate o seu eu mais criança. Por alguém que não tenha medo ou vergonha de se entregar. Por alguém que transforme tristeza em dança. Por alguém que nasceu para gostar de você. Por alguém que faça da sua flor mais solitária um buquê. Por alguém que venha e fique sem mais nem porquê. ...
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