Daniel Campos

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Encontrados 150 textos. Exibindo página 8 de 15.

07/04/2015 - Naquele tempo

Sou do tempo em que a gente tinha tempo de ter tempo. Tempo de amar, de sonhar, de esperar. Um tempo em que o rio custava a dar no mar. Em que uma casa demorava uma vida para ser erguida. Em que Natal era distante e a dimensão do dia, gigante. Sou do tempo em que o tempo não corria, bailava. E como todo bailado há voltas e volteios, passos que vão e ao mesmo instante não num jogo de ilusão. Sou do tempo em que o tempo levava tempo a nos vencer. Naquele tempo era possível se ater à mudança da lua, à chegada do chuvaredo, à mudança de cor da paisagem. Os filhos demoravam a nascer e a crescer. Uma esperança tardava a morrer, sendo muitas vezes a última a fechar os olhos. Sou do tempo em que a gente se misturava ao tempo, bem diferente de hoje em que parecemos água e óleo. Sou do tempo da inocência, da simplicidade, da paixão acontecendo a cada segundo como se o amor não tivesse teto nem fundo. ...
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01/04/2010 - Narciso, o pardal

Que pardal mais narcisista este. Tanto lugar para fazer ninho e ele teve que inventar de querer sua casinha bem no retrovisor do meu carro. Todo dia é assim. O bichinho se debatendo em asas querendo entrar no espelho. Talvez queira ficar perto de seu reflexo ou, em sua maluquice passariana, enxerga ali, entre seus traços, uma suposta namorada. Já virou rotina encontrar pela manhã o espelho todo riscado de seus pulinhos e o retrovisor salpicado de sujeira de pardal.

Pensei em fazer uma arapuca para pegar Narciso, o auto-admirador grego. Talvez seja esse o nome mais adequado para ele. Vai gostar de se admirar assim lá na Grécia antiga. Também já cogitei esticar um bom estilingue para dar um basta nessa novela. Mas sempre acabo ficando com pena. Se bem que nessa história toda quem tem pena é o pardal. Nem bem o dia amanhece e o bichinho já está às voltas com seu reflexo. Como Caetano diz, Narciso acha feio o que não é espelho....
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19/04/2013 - Nasceu o sol azul

O sol azul nasceu nos confins da existência consolidando as profecias dos livros sagrados. O exército dos sonhos afrodisíacos se levantou e marchou rumo aos raios desse sol azulado. A moça correu de biquíni para se banhar no sol azul. O jovem abriu a boca para beber todo o azul daquele sol. O velho inclinou a cabeça esperando a cura para todas as suas doenças. A mulher abriu os braços querendo abraçar aquele azul como se fosse Cristo Redentor. A criança não entendeu nada, mas achou bonito.
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13/11/2014 - Nascida na ribanceira

Nasceu lá na ribanceira uma muda que virou árvore e até pé, o que será que é? Será jabuticabeira? Será figueira? Será quaresmeira? Será pau de dar em doido ou de rezar na quarta-feira? Será árvore macho ou fêmea, qual o sexo do seu cerne? Será árvore para namorados ou amantes? Será que a passarada refesteleira sabe que espécie é aquela? Será árvore donzela? Será árvore de raízes ou de matizes? Será que o chá de suas folhas cura ou enlouquece? Será que suas frutas dão de comer ou de matar? Será que suas flores perfumam ou devoram? Que será que será isso que nasceu em plena ribanceira numa tortura que chega dar zonzura só de olhar? Será mangueira? Será pereira? Será madeira de lei ou bandida? Será árvore do mato ou do asfalto ou do mar-alto? Será que a gravidade vai deixá-la inteira? Será prisioneira desse ângulo obtuso? Será pé convidado, nativo ou intruso? Será o que será que será que se deu lá pras bandas da ribanceira?


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05/07/2013 - Nascidos da explosão

Eu, você, nós, o mundo nascemos de uma explosão. De uma explosão de prazer. De uma explosão de querer e bem-querer. De uma explosão de hormônios. De uma explosão de células. De uma explosão de luz. De uma explosão universal, visceral, umbilical. De uma explosão de olhares. De uma explosão de pegadas. De uma explosão fatal. De uma explosão de fantasia. De uma explosão criadora. De uma explosão de bolsa d’águas.

Tudo nasceu a partir de uma explosão. De uma explosão de sinais. De uma explosão de temporais. De uma explosão de amor. De uma explosão de fé. De uma explosão de cheiros. De uma explosão de temperos. De uma explosão de ideias. De uma explosão de suor. De uma explosão de energia. De uma explosão ancestral. De uma explosão maternal. De uma explosão de desejo. De uma explosão de chegadas e de partidas.


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15/05/2012 - Nascimento espacial

E de uma espera longínqua, ela nasceu. Nasceu como nascem os sóis, em chamas. Nasceu entre dois cometas e uma estrela cadentes. Nasceu e foi logo saudada pelos cavaleiros do espaço. Nasceu aos gritos da chegada de uma nova era. Nasceu do ventre do mais feminino dos tempos – o tempo de amar. Nasceu de um quadrante superior. Nasceu vestida de feitiço. Nasceu com a tinta dos poetas correndo em suas veias. Nasceu com um coração salgado, que vai e vem no ritmo das marés.

E de uma explosão perfumada, ela nasceu. Nasceu como nascem as encanteiras, em feixes de luz. Nasceu banhada pelo choro dos pássaros que estavam condenados a amar uma mulher sem asas. Nasceu ponteada pela sapatilha das bailarinas dos reinos ocultos. Nasceu e foi embalada pela lua, ganhando dela olhares profundos e minguantes. Nasceu dobrando os sinos das mais altas torres. Nasceu com a sina de provocar suspiros, delírios e martírios. Nasceu para matar de amor.


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25/12/2014 - Natais são sempre natais

Natais são sempre natais embora alguns não voltem nunca mais e outros estão tão à frente, distantes, longínquos, impossíveis, que ficaram para trás. Natais de uma estrela lilás difícil de ser vista. Natais com espumantes em pétalas nas mãos do florista. Natais a prazo ou a vista. Natais de cartão e no cartão. Natais de pedidos pendurados em árvores que de tanto peso envergam e quebram e secam. Natais da manjedoura e do ouro que a tudo doura. Natais, natais, natais cada um tem o seu e muitos não tem natal algum. Natais de saudade. Natais de solidão. Natais perdidos no breu da escuridão. Natais de fartura e de grão em grão. Natais de verão. Natais de arrebentação. Natais de trégua. Natais imperfeitos como que fora da régua. Natais de presentes e ausentes. Natais com tudo igual mas ainda assim diferentes. Natais de latidos, mugidos e mios. Natais fundos e rentes. Natais de renas suspensas como tremas. Natais de imaginação, de ilusão, de alucinação. Natais de lembranças soltas no ar. Natais de reencontros e de voltas capazes de deixar tonto o coração. Natais de São João e de Réveillon. Natais embrulhados em papel de pão. Natais de um sentimento de que sempre falta algo de um Natal já passado ou que ainda não chegou. Natais são sempre natais, sentimentos e mais sentimentos ancorados num imenso cais. ...
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25/12/2011 - Natal a toda hora, em qualquer lugar

Era uma vez uma menina que tinha um cachorro chamado Natal. Era gordo e barbudo com o papai-noel. Isso sem falar que tinha umas mechas brancas ao longo da pelagem. Embora fosse representante de uma raça importada de nome bastante esquisito, lembrava muito um vira-lata. Apareceu em sua casa entre as caixas de presente no dia 25 de dezembro. Batizá-lo assim foi inevitável. Chegou num momento difícil, em que a pequenina estava com uma dessas doenças capazes de levá-la embora. Foi paixão à primeira vista, ou melhor, ao primeiro latido. ...
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11/10/2010 - Natal na Big Apple

Vamos. Vamos meu amor, pegue a bagagem. Não se esqueça, por favor, de levar algumas guloseimas para amenizar a viagem, entre elas um Neruda e um Rubem Braga. Vamos ao Cirque Du Soleil assistir a historia de um garoto que sai a procura de neve num mundo imaginário. Vamos contracenar com a chuva e com o frio na Times Square. Vamos caminhar no Central Park e quando estivermos exaustos de amar naquela ilha perdida vamos acompanhar o papai-noel no desfile de Ação de Graças. Noite adentro vamos visitar o Richmond Town, o bairro que fica iluminado com velas, lamparinas e lareiras. ...
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25/12/2015 - Natal todo dia

O Natal chega como uma estrela candente, mágico e avassalador. Independentemente de você acreditar ou não, de querer ou não, de viver ou não, os efeitos do Natal estão aí. Pode dizer que é só mais um dia do ano, mas é um dia em que as vibrações dos que se entregam ao Natal de corpo e alma são tamanhas a ponto de mudar vidas. A atmosfera do dia de hoje é diferente dos outros que compõem o calendário. Há algo de especial, de surpreendente, de transformador no dia de Natal. O famoso espírito natalino nada mais é do que um conjunto de vibrações positivas que toca o outro produzindo sensações de conforto, união, felicidade. E por que não utilizamos dessa mesma sintonia nos outros dias do ano? Porque estamos ocupados demais com as coisas do mundo material para vibrarmos amor. Se quiséssemos todo dia poderia ser Natal, mas, para isso, precisaríamos mudar nossa forma de viver. E aí está o verdadeiro presente que podemos nos dar de Natal – a expansão da nossa consciência.


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