Daniel Campos

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20/07/2014 - Náufrago de amor

Sou náufrago em mar aberto de um amor que (não) deu certo. Há solidão por todos os lados com suas ondas bravias. Piratas passam com seus tapa-olhos rindo da minha paixão (mais) cega. Há gaivotas brancas, lindas com suas asas envergadas, que me beliscam a carne como se fossem abutres fedorentos. Todas as sereias que me rodeiam têm o rosto da mulher que amo. Todas elas cantam lindamente na minha língua ou em línguas desconhecidas. Essas sereias todas são a mesma pisciana que me quando quer me coloca na escuridão completa ou nos seus vértices luminosos numa espécie de colo estelar. Ora é metade mulher metade peixe, ora metade mulher metade estrela. O rei Netuno crava seu tridente em minhas costas com raiva por eu ter flertado com sua filha. O sol, aparentando ter milhões de vezes o seu tamanho normal, dá febre e delírios intensos. E no embalo dessas vertigens chamo pelo nome da mulher que amo. Sou náufrago de um mar tão, mas tão salgado que em muitas horas penso estar dentro dos meus olhos prantosos. Há ilhas de saudade que me dão acalanto fazendo-me por alguns instantes de miragem me desvencilhar do pesadelo real. E eu me pergunto naquele infinito de ausência se sou alguém que luta para sobreviver ou que não aceita a própria morte. Sou náufrago de um amor que deu certo.


Comentários

20/07/2014, por Rafaela Almeida:

Meus dias Não sõa mais os mesmos depois de seus textos


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