Daniel Campos

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Encontrados 86 textos. Exibindo página 7 de 9.

16/12/2010 - Flerte nº 89

Você é perfeita, dos meus dias a eleita. Mona Lisa pós-moderna, batata da minha perna. É sublime sensação, lua de batom. Mania predileta, ilha deserta. Sabor dos sabores, deixa dos atores. Pelos de arrepios, corredeira dos rios. Bobagem dos apaixonados, desejo dos tarados. Juras de carne e osso, santa do pau oco. Jogo e brinquedo, sorte e medo. Luz que rompe, beleza que corrompe.


Você é poesia pequenina, estrela peregrina. Néctar do fruto, posse e usufruto. Promessa madura, doença sem cura. Paixão que estonteia, brisa que mareia. Reza do interior, lenda de amor. Vela que veleja, céu que troveja. Canção de ninar, clarão de âmbar. Doce de candura, fonte de loucura. Sentimento arredio, arrependimento tardio. Beleza oculta, magia absoluta. ...
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14/12/2010 - Fábrica de sonhos

Eu escrevo como uma sina, como uma missão, como um milagre contínuo. São muitas personagens me habitando, querendo sair a todo instante das minhas entranhas por meio das minhas mãos. Mãos que escrevem, mãos que digitam, mãos que esboçam o ar. São tantas histórias misturadas, aglomeradas, guardadas pelo meu eu. Personagens de tramas diferentes vão se flertando, se perdendo, se achando, se dando e se matando pelas minhas linhas internas.

No meu íntimo há um mundo mágico, habitado por mocinhas e vilões, por heróis e bandidas, por seres desta e de outras dimensões. Alimento todos eles diariamente, independentemente se reais ou imaginários. Afeiçôo-me a todos eles em intensidades e formatos distintos de afeto. Eles dependem de mim e eu deles. Não os controlo, apenas os cultivo. Eles são parte de uma grande fábrica de sonhos. ...
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26/10/2010 - Fuga a dois

Vamos, vamos, apresse-se, o tempo não irá nos esperar por muito tempo. Vamos tomar rumo, ganhar prumo, conjugar sumo na primeira pessoal do plural. Vamos pegar a primeira estrada que vier, independentemente de onde ela der. Vamos pegar carona na vassoura da bruxa, na cauda do cometa, na barbatana do tubarão. Vamos roubar o cavalo do príncipe, o cadilac do rei, o 14 bis de Dumont. Mas vamos, vamos embora que é hora de ir. Vamos fugir, partir, fluir pelas estradas alaranjadas.

Vamos, vamos, cuidado, não se esqueça de nada e nem traga coisas demais. Vamos simplesmente com a bagagem necessária, no caso, eu e você, você e eu. Vamos sem se despedir de nada ou ninguém. Vamos, vamos além. Vamos que nosso tempo é curto pro tempo que a gente tem. Vamos rumar na canoa do índio, no helicóptero do deputado, na garupa do tropeiro. Vamos andar no monociclo do palhaço, no balão colorido, na nave espacial do extraterrestre que pousou no quintal. ...
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19/08/2010 - Feitiço de amor

Procurei o velho bruxo Galileu lá do fundão da estrada, na barroca de sapê onde canta o galo preto, só para mor de eu pedir para ele fazer feitiço para amarrar o meu amor ao seu. Com um cajado envergado na mão direita e um amor-perfeito na esquerda ele invocou algumas palavras estranhas e prendeu nossos nomes na teia da aranha. O velho Galileu, tossindo mais do que um cabrito e com os olhos vermelhos do maldito, disse para eu ficar tranqüilo que nosso amor ia ser bonito por demais. Tanto tempo faz e o bruxo estava certo: eu e minha mulher estamos sempre perto e, quando perto, mais perto do jeito que o diabo quer. ...
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26/03/2010 - Frutas, flores ou cera

Bodas de frutas, flores ou cera. Quatro anos degustando os sabores de sua carne e alma frutificadas. Quatro anos perfumando-me na aquarela de suas flores mil. Quatro anos amando-te com a mesma fé que escorre da cera de uma vela em chama aos pés do altar. Quatro anos de muito gosto, cor e fogo. Quatro anos de muito apetite, delicadeza e luz. Quatro anos de muito amadurecimento, plantio e crença. Crença no improvável, no impossível, no interior das coisas.

Foram poéticas tão caudalosas como manga rosa. Foram beijos de flores carnívoras. Foram romantismos se desenvolvendo a luz de velas. Foram momentos doces como a última jabuticaba de uma árvore negra. Foram instantes de plena primavera. Foram noites vivendo o prazer face à penumbra de dois corpos e mil anjos. Foram romances de estação, afrodisíacos e, quiçá, importados. Foram saudades sempre-vivas. Foram mel, zangões, rainhas e cera. ...
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12/02/2010 - Fome, fome, fome

A fome me consome. Fome de um tempo que acabou de acabar. Fome de um sonho que sumiu das prateleiras. Fome de uma vontade nunca saciada. Fome de um sol comendo a madrugada. Fome de um cheiro que não se encontra por aqui. Fome de alguém que decidiu partir. Fome de um tempero raro e caro que foi embora do jarro. Fome de uma noite tranqüila de sono e amor. Fome da maçã do paraíso. Fome de uma constante inconstante. Fome que nunca dorme. Fome colorida e preta e branca. Fome tanta. Fome de uma sopa de letrinhas só com o alfabeto que forma seu nome. ...
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24/12/2009 - Filho do seu auxílio

Quando eu lhe vi pela primeira vez, não tive dúvidas: cai aos seus pés. Foi como se depois de tanto caminhar eu encontrasse conforto para aliviar o peso do mundo que acumulei ao longo dos anos. Foi mágico. Só nós dois e uma igreja sem paredes, ladeada por um céu tão infinito quão azul. E eu lhe vi vestida desse mesmo azul com tons de vermelho. E eu lhe vi tão perto como nunca dantes havia visto em lugar ou tempo algum.

Eu, mesmo sem saber falar como falam os anjos, falei. Na verdade, eu me entreguei de paixão enquanto a alma crescia a ponto de não caber dentro da carne. Sem suportar o fluxo de energia que me envolvia, desprendi-me de todas as amarras e lastros. Fechei os olhos e me deixei levar. Era sentimento e formigamento por todo corpo. De repente, dos olhos brotaram lágrimas e da boca, soluços. ...
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22/11/2009 - Faz sentido o amor?

O amor não faz sentido, contudo, usa e abusa de todos os sentidos. O amor não é palpável, mas vivem tentando agarrá-lo e, sobretudo, prendê-lo. O amor só existe quando livre, interagindo com o meio, porém, dizem que ele fica confinado no coração. O amor está acima de qualquer condição climática, mas insistem em associá-lo aos dias frios e chuvosos. O amor cura e, ao mesmo tempo, causa febre, dor, depressão, estresse e outros males curáveis somente com... amor.

O amor é puro, mas precisa jogar para sobreviver. O amor é inocente, porém, está sempre sendo acusado de uma coisa ou outra. O amor é eterno, no entanto morre na maioria das vezes. O amor não tem cheiro, mas lhe são atribuídos diversos perfumes. O amor é símbolo de sentimento concreto e maduro, no entanto, morre de ciúme. O amor é infinito, indestrutível, incorruptível, mas se apresenta quase sempre com um rostinho frágil e indefeso....
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25/10/2009 - Fonte dos Desejos

Entre a Europa e a Groelândia, uma fonte jorra águas geladas no meio de uma dessas pracinhas pitorescas. Em meio a esse cenário de cinema-arte, uma menina, islandesa de nascimento e tradição, deposita seus sonhos interioranos naquela fonte erguida no centro da capital Reiquiavique. Trezes séculos já haviam transcorrido desde que os primeiros povos - os monges eremitas irlandeses - ocuparam aquelas terras pela primeira vez, mas Kata Petursdottir, castigada pelas coisas do coração, insiste em ser uma fonte de solidão. ...
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27/12/2008 - Farvel

Estou na Groenlândia. Aqui, os blocos de gelo rugem. É difícil diferenciar o que é gelo e o que é urso. O gelo é branco. O urso é branco. O tempo é branco. E tudo é tão frio quão vazio. Por aqui não passa trem, não há florada de ipê, não tem fogueira de São João. No Ártico, o dia parece não acabar nunca. E a noite é um sonho e um pesadelo. E os dinamarqueses ainda tiveram coragem de chamar essa branquidão de terra verde. Onde estão as árvores? Onde estão as plantações? Onde estão as ervas daninhas? ...
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