Daniel Campos

Ou exibir apenas títulos iniciados por:

A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todos

Ordernar por: mais novos  

Encontrados 86 textos. Exibindo página 5 de 9.

13/11/2012 - Favela

Ocupem a favela, mas não ocupem os sonhos de liberdade das crianças. Pacifiquem a favela, mas não pacifiquem a guerra entre amor e solidão que move os corações. Invadam a favela, mas não invadam os olhos da moça que se enchem das estrelas que salpicam seu telhado de zinco. Coloquem regras na favela, mas não regrem os limites dos barracos que, lado a lado, alcançam o céu. Modernizem a favela, mas não descaracterizem a sua essência.

Reformem a favela, mas não reformem o pensamento, a atitude, o ativismo de quem dá identidade à favela. Reescrevam a história da favela, mas não joguem fora os sonhos, as lágrimas, os sabores, os beijos, os suores, os abraços. Reorganizem a favela, mas não mexam na organização das gavetas, dos desejos, dos afazeres de cada um. Façam turismo na favela, mas não acabem com os mistérios. Levem grifes para a favela, mas respeitem a grife que é a própria favela.


Comentar Seja o primeiro a comentar

01/10/2012 - Fechamentos

O pássaro fechou as asas. O teatro fechou as cortinas. A mulher fechou os botões. A nuvem de chuva fechou o céu. O carro fechou a moto. A polícia fechou o cerco ao bandido. A moça fechou a janela. O garçom fechou a conta. A primavera fechou o inverno. Vermelho, o semáforo fechou a passagem. O medo fechou o futuro. O coração zangado fechou o tempo. A mãe-de-santo fechou seus caminhos.

O coveiro fechou o caixão. O ator fechou mais um contrato. O espertalhão fechou o jogo. O manifestante fechou a rua. A falência fechou as portas. A dieta lhe fechou a boca. A fé fechou sua visão. Com sono, a menina fechou o livro. A bolsa fechou em alta. O político fechou com outro político. O sanfoneiro fechou a sanfona. O beijo fechou seus olhos. O vento fechou as feridas. A morte fechou a prosa. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

10/09/2012 - Fora do ar

Amanheci fora do ar. Totalmente fora do ar. Desde então, canal algum consegue sinal. Estou sem acesso a qualquer texto ou imagem. Ferramenta de busca alguma consegue encontrar coisa alguma que esteja na minha memória. Vírus, hacker, tempestade ou qualquer outro objeto causador dessa pane agiu durante o meu sono. Ao dormir ainda tinha todos os meus comandos em perfeito estado. Agora, fora do ar, deixei de funcionar. Aliás, deixei de ser eu. Não consigo encontrar minha identidade. Sou só presente. Expectativas e passados estão perdidos. A esperança é de que tudo isso seja temporário. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

01/08/2012 - Fidelidade alada

Lá no morro da ilusão, detrás do vale da imaginação, vive o pássaro-cachorro, uma espécie rara, fruto do amor impossível entre duas espécies de animais ou de um momento de zombaria de um deus cansado do óbvio. Cabeça de cachorro, corpo de pássaro, alma de criança. Mutação. Aberração. Ilusão. Seu latido é cantado. Come pratadas de néctar. Cachorro azul. Pássaro de coleira. Cachorro nas nuvens. Pássaro com focinho. Cachorro que abana as asas. E depois de um longo voo, com direito à cambalhota, pousa nos dedos da mão. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

21/06/2012 - Flecha de Oxóssi

Sou flecha disparada pelo arco de Oxóssi. Sou flecha cabocla. Sou flecha flechando destinos e corações. Sou flecha correndo pelos ventos de Iansã. Sou flecha atravessando as águas doces de Oxum. Sou flecha verde floresta. Sou flecha azul céu. Sou flecha que arde no fogo de Xangô. Sou flecha forjada na guerra de Ogum. Sou flecha à procura da caça. Sou flecha da fartura e da riqueza. Sou flecha voando entre árvores e espíritos ancestrais. Sou flecha da mata fechada. Sou flecha do rei de Kétu. Sou flecha do dono da Terra....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

06/06/2012 - Funcionalidades...

Pássaro que não voa. Viola que não canta. Trem que não apita. Boca que não beija. Bruxa que não pragueja. Telefone que não toca. Sol que não acende. Mar que não quebra. Fruta que não amadurece. Faca que não corta. Planta que não cresce. Fofoca que não se espalha. Segredo que não se esconde. Cachorro que não morde. Fé que não consola. Vela que não queima. Paixão que não dói. Promessa que não se cumpre. Porteira que não se rompe. Caminho que não caminha.

Árvore que não dá sombra. Comida que não enche. Cavalo que não pula. Lápis que não escreve. Noiva que não atrasa. Janela que não espia. Dobradiça que não dobra. Sino que não bate. Coberta que não esquenta. Café que não cheira. Mundo que não gira. Avião que não decola. Cheque que não cai. Primavera que não floresce. Livro que não termina. Relógio que não se movimenta. Ponte que não volta. Perfume que não cheira. Começo que não recomeça. Amor que não sofre. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

25/04/2012 - Fome de sonhar

Independentemente se é dia ou noite lá fora, se meus olhos seguem fechados ou abertos, hoje eu quero ter sonhos fritos e fofos. Sonhos fartos. Sonhos de farinha de trigo, ovos e água. Sonhos recheados de lirismo e aventura. Sonhos que dispensam até mesmo fermento para crescer. Sonhos de bem querer. Sonhos ocos e leves capazes de voar alto nos céus do desejo e da imaginação. Sonhos que se lambuzam na frigideira. Sonhos disputados por homens, cachorros e moscas. Sonhos devorados sem culpa. Sonhos polvilhados com açúcar e canela. Sonhos de fazer gritar e suspirar. Sonhos nus. Sonhos de chocolate, de goiabada, de creme de baunilha, de doce de leite. Sonhos mordidos. Sonhos apalpados e engolidos....
continuar a ler


Comentários (1)

13/04/2012 - Feituras

Sou feito de pó. Meu DNA é um nó. Sou feito de ar. Tenho braços longos para amar. Sou feito de fantasia. Meu corpo segue na avenida feito alegoria. Sou feito de água de rio. Oxum é quem preenche o meu vazio. Sou feito de sangue. Meu destino sempre volta pro mesmo lugar como bumerangue.

Sou feito de cama. Minha boca só saber dizer que ama. Sou feito de dor. Minhas costas escondem asas de condor. Sou feito de defeito. Meus olhos serenam ao relento. Sou feito de ossos. Meus eus afirmam que eu tudo posso. Sou feito de pássaros. Tenho nuances de seda e de aço. ...
continuar a ler


Comentários (1)

13/03/2012 - Fale-me

Fale-me. Fale-me de suas esperanças, de suas danças, de suas crianças. Fale-me dos piratas e dos astronautas. Fale-me das suas manias e da sua anatomia. Fale-me das suas emoções, das suas proposições, das suas divagações. Fale-me dos seus roteiros, dos seus paradeiros, dos seus cruzeiros. Fale-me do que passa agora pela sua cabeça, da sua sentença, do que a faz propensa. Fale-me dos seus medos, dos seus segredos, dos seus passaredos.

Fale-me. Fale-me do seu céu, do seu papel, da sua torre de babel. Fale-me das suas dificuldades, das suas saudades, das suas calamidades. Fale-me das suas bebidas, das suas partidas e das suas faces proibidas. Fale-me dos seus desertos e do que a deixa por perto. Fala-me das suas encruzilhadas e das suas ciladas. Fale-me dos seus projetos, dos seus prediletos, dos seus fetos. Fale-me dos seus carnavais e dos seus temporais....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

31/01/2012 - Faces marrons

Toda estrela tem duas faces, uma clara e outra escura. No entanto, as duas faces de Alcione são marrons. Cantando no ambiente intimista da sala de sua casa ou na quadra da Estação Primeira de Mangueira ela é simples e unicamente marrom em todas as suas faces. Soberana em todos os palcos, sua voz embala sonhos, atiça emoções, cria asas nos corpos mais céticos. Aos quarenta anos de carreira, a diva, para delírio dos apaixonados por uma música de excelência, usa e abusa de suas duas faces.
...
continuar a ler


Comentários (1)

Primeira   Anterior   3  4  5  6  7   Seguinte   Ultima