Daniel Campos

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Encontrados 86 textos. Exibindo página 9 de 9.

Fios do tempo

Os cabelos desfiados cobriam o sono do rosto. Um corte moderno e um sono antigo. Foram noites e noites quase sem dormir. Também os preparativos foram tantos. Desde a apresentação do último projeto, algumas despedidas, a lista de convidados, o estresse com o trabalho, com o tempo e até com o corte de cabelo. Tudo pronto em cima da hora. Também, o baile de formatura era a sua maior ambição desde que entrara para a faculdade. Era a realização plena. Estaria formada. Chega de provas, de listas de presença, de trocar o sono pelo estudo. Agora poderia dizer quando lhe perguntassem: sou advogada. ...
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Flores de Maio

Maio. Não é primavera, mas é tempo das flores de maio. Não é primavera, mas flores delicadas, grandes e brilhantes roubam à cena. Não é primavera, mas flores que são rosas, brancas, laranjas e vermelhas caem nas bocas dos beija-flores. E, em pleno outono, testemunhamos à floração do nascimento.

O escritor dá vida às histórias, o compositor dá vida às canções, o pintor dá vida às telas. Porém essas vidas são falsas. As histórias do escritor não continuam longe da fantasia dos livros, as canções do compositor deixam de existir no mais leve toque do silêncio e as telas do pintor não dizem nada num quarto escuro. ...
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Flores de outras épocas

Crisântemos, cravos, antúrios,..., ao abrir a janela, o tédio nos invade. A data do calendário muda e continuamos com a sensação de que anda tudo normal. Sensação de fazer parte de uma espécie de paraíso. Vez ou outra surge algum problema, mas nenhum "monstro de sete cabeças" vaga pelas ruas ou se esconde nas bancas de revistas. Eis o cabresto da inocência. Somos obrigados (inconscientemente) a viver algo que sequer existe.

"Quem vai me escutar, quem vai me entender, ninguém pode mais sofrer"... A canção de protesto de Geraldo Vandré de outras épocas volta aos nossos assobios. Sofremos sem saber que o fazemos. O sofrimento não é só uma dor física e aparente, mas também uma dor moral, íntima e que passa despercebida. Entretanto, parecemos padecer na morfina. ...
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Fogueira

Em plena cidade grande, o céu de nanquim é cortado por fogos. Fogos de fagulhas reluzentes. Estrelas de pólvora. Estrelas efêmeras. Estrelas fugazes. Estrelas instáveis. Estrelas de moças e de rapazes. Ora luz ora sombra. Ora tudo, ora nada. Ora enchendo os olhos de alguém ora sumindo de vista. E era assim que aquela menina olhava os céus ? como quem olha um cartão postal pela primeira vez.

Por alguns minutos, ela consegue se sentir dona daquele céu de brilhos repentinos. Brilhos que explodem de dor ou de prazer e gritam na língua dos estrondos. Por alguns minutos, ela consegue se esquecer da vida e de tudo mais que a rondava. Ela, num estágio ômega ou alfa de meditação, consegue a proeza de deixar de pensar. Só sonha. Sonha com aquelas estrelas que tão logo alcançam o céu, caem como uma chuva de luz. E ela consegue se sentir sozinha, como que no meio de um descampado, observando aquelas pétalas de fogo se formando e se desmanchado no céu. ...
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Comentários (1)

Fósseis de verão

Caminhões caçamba se enfileiravam nos desfiladeiros da construção. Ou melhor, da desconstrução. A terra, vermelha, batida, úmida pelo suor do centro da terra ou pela promessa de chuva. Duas escavadeiras espichavam seus braços longos e amarelos e quase se abraçavam. Em uma delas, uma concha. Em outra, uma broca. Ao redor delas, trabalhadores com chapéus alaranjados se movimentavam como formigas. E naquele labirinto de trilhas que rodeava o que ainda restava de concreto armado, caminhava desarmada uma menina. ...
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Fotografia de conhaque

Um leve toque na campainha. Parece não haver ninguém em casa. O olhar se confunde nos riscos do relógio. Suspiros. A campainha soa novamente. O som percorre cada milímetro da vida que adormece lá dentro e não traz resposta alguma. As mãos pensam em bater na porta, mas desistem na metade do caminho. Mais uma vez, os ponteiros e os riscos do relógio. Mais suspiros.

Balança a cabeça em sinal de desconsolo. Sem mais esperas, pega a chave no bolso. Disfarça. Um sorriso fechado. Um cumprimento tímido ao casal do apartamento da frente. Um casal que segue de mãos dadas. Por um instante, o olhar acompanha os enamorados, noutro se enche da areia daquele imenso deserto. Um deserto solitário, sem camelos ou odaliscas. Sem querer, assusta-se com os próprios pensamentos e os olhares se perdem no corredor vazio. ...
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