Daniel Campos

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19/08/2010 - Feitiço de amor

Procurei o velho bruxo Galileu lá do fundão da estrada, na barroca de sapê onde canta o galo preto, só para mor de eu pedir para ele fazer feitiço para amarrar o meu amor ao seu. Com um cajado envergado na mão direita e um amor-perfeito na esquerda ele invocou algumas palavras estranhas e prendeu nossos nomes na teia da aranha. O velho Galileu, tossindo mais do que um cabrito e com os olhos vermelhos do maldito, disse para eu ficar tranqüilo que nosso amor ia ser bonito por demais. Tanto tempo faz e o bruxo estava certo: eu e minha mulher estamos sempre perto e, quando perto, mais perto do jeito que o diabo quer.

Obrigado velho Galileu! Este é o título do bilhete que segue no embornal de uma mula avermelhada que soltei na estrada que vai dar na sua casa. Conforme combinado, mandei lado a lado dois litros de cachaça e uma sacola de pimenta que arde feito brasa. Desse jeito, dou por cumprido o nosso acerto e desejo que faça bom proveito da encomenda. De choro deixei paga lá na venda da Conceição uma banda de leitão e meio metro de fumo de rolo. Que essa amarração dure mesmo a eternidade, pois se o pior deus me livre e guarde acontecer nem o senhor vai conter o estouro da saudade.


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