Daniel Campos

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24/12/2009 - Filho do seu auxílio

Quando eu lhe vi pela primeira vez, não tive dúvidas: cai aos seus pés. Foi como se depois de tanto caminhar eu encontrasse conforto para aliviar o peso do mundo que acumulei ao longo dos anos. Foi mágico. Só nós dois e uma igreja sem paredes, ladeada por um céu tão infinito quão azul. E eu lhe vi vestida desse mesmo azul com tons de vermelho. E eu lhe vi tão perto como nunca dantes havia visto em lugar ou tempo algum.

Eu, mesmo sem saber falar como falam os anjos, falei. Na verdade, eu me entreguei de paixão enquanto a alma crescia a ponto de não caber dentro da carne. Sem suportar o fluxo de energia que me envolvia, desprendi-me de todas as amarras e lastros. Fechei os olhos e me deixei levar. Era sentimento e formigamento por todo corpo. De repente, dos olhos brotaram lágrimas e da boca, soluços.

Deixei de ver o que acontecia lá fora, deixei de escutar o som da cidade, deixei de ter controle algum sobre mim. E então, eu lhe vi olhando para mim, esticando sua mão para mim, falando diretamente para mim. Sua voz serena foi me acalmando, tragando-me para um mundo adormecido em meu submundo. E foi assim que do alto da minha pequenez, sagrando-me filho do seu auxílio que eu lhe vi pela primeira vez.

Observação do autor: Véspera de Natal e dia de Nossa Senhora Auxiliadora.


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