Daniel Campos

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Encontrados 208 textos. Exibindo página 15 de 21.

13/03/2011 - Estação das ameixas

Seus olhos são como ameixas negras, que mesmo negras são vermelhas, rubras, magentas. Olhos suculentos, lágrimas de um sangue açucarado. Prazer dos sedentos. Olhos de ameixas, queixas da estação, paixão aristocrática. Olhos lisos, aparentemente homogêneos, porém, formados por centenas, milhares, milhões de pontos luminosos. Olhos de casca fina e polpa macia; desejáveis a olhos e bocas alheias.

Olhos de ameixas, madeixas de frutas; deixas de cicuta. Olhos maduros mesmo novos, doces mesmo azedos, silvestres mesmo civilizados. Olhos de ameixas nas ameixeiras, nas prateleiras, nas bandejas, nos pratos, nas quitandas, nas gargantas e nas entranhas. Olhos de ameixas sendo lambidos, mordidos, decorados, engolidos, digeridos, incorporados a outros olhos, olhares, lugares de óleos e holísticos. ...
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Estado de emergência

Lá, deve haver aquele cachorro que anda com os olhos baixos e as costelas quase perfurando a pele. Lá, deve haver aqueles que andam com latas na cabeça, o dia todo, a procura de um pouco d?água. Lá, deve haver aquelas mães que velam seus filhos ainda bebês. Lá, deve haver aquela menina que sonha com romances nunca lidos (os olhos não sabem ler essas coisas). Lá, deve haver aquelas noites que se tornam ásperas como as mãos que lidam com a terra. Lá, deve haver aquela vontade de não se ter a hora do café, do almoço, do jantar, por não se ter o que comer. Lá, deve haver aquele homem que revira a poeira da terra com os pés, aliás, aquele homem não deve ser nem mais homem, deve ser poeira. Lá, deve haver aquela cabra que quando grita não se sabe se é de dor ou de tristeza. Lá deve haver aquela roça de milho que secou antes das espigas. Lá, deve haver aquele menino que corre com a barriga cheia de vermes. Lá, deve haver aquele rio onde correm as rachaduras da terra. Lá, deve haver aquela senhora que ascende uma vela à imagem de um santo, assim como faziam sua mãe, sua avó, sua bisavó e reza as mesmas rezas. ...
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09/04/2008 - Estafa

Quando uma força nos empurra para baixo. Quando tudo parece dar errado. Quando estamos para além de qualquer limite suportável. É hora de fechar os olhos, abrir nossas asas e voar rumo ao infinito. Só que para alcançar os alto-céus é necessário nos depreender de tudo. Desamarra todos os laços. Quebra todas as correntes. Liberta-se de todas as algemas.

Para ganhar altura, precisamos tirar todo o peso desnecessário de nosso corpo. Joga fora todos os problemas, angústias, desilusões. Ah! Como essas coisas pesam. Temos de estar nus - completamente nus - com nossos sentimentos. Nada pode interferir, atrapalhar ou sequer ameaçar o nosso vôo. E que esse vôo não tenha planos, bússolas, destinos. Que seja um vôo livre, solto, improvisado. Sobre todos e, sobretudo, que seja um vôo apaixonado. ...
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02/02/2014 - Estetoscópio

O som daquela tosse encorpada tomou rapidamente conta do consultório. Uma tosse maior do que o próprio corpo que a trazia. E ele, o médico, bonitinho, mas ordinário, quis ouvir mais não daquela tosse, mais daquele corpo. Sim, queria ouvir tudo o que aquele corpo tenro queria dizer. Vasculhou cada centímetro daquela pele quente com seu estetoscópio. Todo seu eu depositado naquele instrumento que bailava por aquelas costas que se deitavam como mar aberto. E ele ouviu sons nunca dantes ouvidos. Sons que faziam seu jaleco branco ruborizar. ...
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07/09/2014 - Estiagem

Que venha a chuva, pois os corações estão mais áridos a cada dia. Os veios de dor expostos, trincados, assolados. Os cardumes da esperança foram drástica, impiedosa e praticamente dizimados por essa seca. Não sei por quantos dias os cilos onde estoquei minhas fantasias hão de aguentar alimentar a fome de quem ama. Nem o amor mais sertanejo conseguiu passar incólume por essa investida do tempo. Que venham os relâmpagos iluminar os olhos da mulher que se torna mais e mais estiagem. Que venham os trovões romper o silêncio seco que impregna nos leitos dessa mulher que corre em silêncio. Que venham os pingos preencherem a solidão que racha o peito dessa mulher. Que a chuva possa trazer mais do que consolo, possa trazer renovação de ânimos, vontades, desejos. Que a chuva possa movimentar as pedras do moinho interior dessa mulher. Que a chuva possa fazer brotar nela o que murchou, secou, tombou... Que a chuva traga suas pinceladas de cor devolvendo o brilho e o viço ao sentimento que sofre com a secura generalizada. Nem que for preciso que minha poesia cigarra exploda de tanto cantar, mas que ela traga chuva para esses terrenos já tão doloridos e desesperadores. Se ao menos as lágrimas fossem doces haveria alguma certeza para as sementeiras de sonhos lançadas por um poeta ao vento abrasador que de tão duro nem assovia mais.


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06/02/2011 - Estorieta

As matilhas dos seus olhos vão me caçando milhas e milhas ao sul. Vamos correndo, se escondendo e se vendo como amor proibido do primogênito do sol com as filhas da lua azul. E no peito da gata blue um coração movido a pilha palpita, grita, triplica a emoção de um blues .

E pela trilha das ervilhas e tortilhas tudo se transforma em canção. Na canção de redondilhas que ganha o céu a partir do uivo dos lobos que a habitam, a incitam e volitam seus desejos de mulher numa partilha de pétalas carnívoras de bem ou mal me quer. ...
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26/12/2009 - Estou

Estou em casa, estou no ar, estou no seu plexo solar. Estou na torneira, estou na nuvem e na ribanceira. Estou na roupa, estou na janela, estou na sua boca. Estou no jardim, estou no agito, estou na bala de festim. Estou no gargalo, estou no papel, estou pra lá do seu céu. Estou no buraco, estou no papo, estou no fato. Estou na pergunta, estou na garganta, estou aos pés da santa. Estou no chafariz, estou na ponta, estou no desejo de lhe ver feliz. Estou na enciclopédia, estou na monotonia, estou na sua tragédia. ...
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29/07/2016 - Estou aqui meu amor

Estou aqui para sentir as suas dores, hoje e sempre. Estou aqui para te dar colo, carinho e conforto eternamente. Estou aqui para ser sua fortaleza, suas raízes, suas nuvens. Estou aqui para cuidar de você de uma forma que ninguém nunca cuidou, com o coração exposto e um sorriso no rosto. Estou aqui para te fazer feliz, te fazer amada, te fazer a mulher mais especial do planeta. Estou aqui para ser seu a cada milionésimo de segundo. Estou aqui para fazer da sua manhã, da sua tarde, da sua noite, da sua madrugada... uma mais perfeita que a outra. Estou aqui para ir além de qualquer limite, para transpor qualquer obstáculo com você, para caminhar, voar, mergulhar, saltar ao seu lado... e para te levar no colo se preciso for. Estou aqui para te mimar, te adorar, te amar num prazer absoluto. Estou aqui para te dar meus braços, minhas pernas, meus olhos e o que mais precisar. Estou aqui para te fazer comidinhas, chazinhos, massagens e carinhos diretos da minha imaginação. Estou aqui pintado para o amor ou para a guerra, pois te amo e te defendo, e te protejo, e te cuido com a minha própria vida. Estou aqui, meu grande amor, para viver por você.


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05/11/2009 - Estou em Dubrovnik

Não vou nem para Maracangalha nem para a Tonga da Mironga do Kabuletê, mas para Dubrovnik. Com poesias feitas e por fazer na bagagem, vou à terra de grandes dramaturgos e poetas barrocos. Fui atraído pelo mistério, pela fonética, pela dramaticidade em torno do nome Dubrovnik, e também por causa das imponentes muralhas, da arquitetura com traços medievais e renascentistas, da vista para o Mar Adriático e do café de Dubrovnik.

Eu vou para a pérola do Adriático, para a cidade balneário, para a capital do condado de Dubrovnik-Neretva, enfim, vou para uma cidade costeira da Croácia. Vou me infiltrar nas histórias e lendas que alimentam seus quase 45 mil habitantes. Quero sentir o cheiro do Império Bizantino e os sons das Cruzadas que fizeram o lugar ser dominado pelas mãos da Itália, da Hungria, da Áustria, da Iugoslávia, da Alemanha, de Napoleão e da Croácia. São muitas Europas em um só lugar repleto de desníveis rochosos, ruas estreitas e muitos degraus. ...
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12/08/2011 - Estouros

Do silêncio mais fundo que há no mundo o amor estourou como bomba de Hiroshima, como bolha de sabão, como flor de São de João. Estourou feito balão em festa de criança, feito sorriso na boca de palhaço, feito bolha na mão de lavrador. Estourou num atestado de instabilidade, de desequilíbrio, de volatilidade. Porque não pode mais conter, estourou. Estourou o cano, estourou o cheque especial, estourou os pontos e estourou o grito de carnaval. Estou a guerra, a crise e o inferno astral. Estourou sem ontem nem amanhã estourou carpe diem como bolsa de grávida. ...
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