Daniel Campos

Ou exibir apenas títulos iniciados por:

A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todos

Ordernar por: mais novos  

Encontrados 208 textos. Exibindo página 14 de 21.

22/12/2011 - Espíritos natalinos

Que o espírito natalino não seja apenas um. Que seja dezenas, milhares, milhões de espíritos trabalhando para transformar a vida de quem caminha sobre a Terra. Que os espíritos natalinos não tenham somente olhos azuis e cabelos claros como o Jesus Cristo criado pelos europeus. Que os espíritos natalinos sejam de todas as cores. Que sejam espíritos de caboclos, de ciganos, de boiadeiros, de preto-velhos, de índios, de marinheiros, de príncipes do oriente. Que os espíritos natalinos falem a nossa língua e compreendam o que trazemos conosco. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

08/07/2012 - Esqueci o texto

Esqueci o texto. Eu que sabia cada linha décor, tudo na ponta da língua, de traz pra frente e de frente pra trás, esqueci o texto. Por isso, agora sou silêncio. Então me deu branco, me deu negro, me deu vermelho... Esqueci o texto. Peço desculpas aos que esperaram o dia todo pelas palavras que fugiram de mim como o fim foge do começo. Peço desculpas e sei que o acontecido não tem perdão, não tem solução, não tem preço.

O texto escapou pelas minhas mãos sem mais nem menos. Sem esperar, sem avisar, sem se deixar pegar, o texto saiu pelo céu pelo chão pelas águas de Jurema. Eis que o texto poema criou asas e migrou para outra estação. Eis que o texto, todo prosa, pegou carona na boleia de algum caminhão. Eis que o texto se lançou num balão, num foguete, num baú, numa embarcação, num ramalhete, num corpo nu. Esqueci o texto....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

10/03/2015 - Esqueci-me

Esqueci-me de marcar meus poemas preferidos e hoje estou perdido dentre tantos versos. Esqueci-me de guardar minhas memórias em compartimentos à prova do tempo. Esqueci-me de listar os beijos que ainda tinha para dar. Esqueci-me de terminar de ler tantos livros que poderiam ter mudado muito em mim. Esqueci-me de dizer tantos eu te amos por vergonha ou medo ou simplesmente porque deixei para depois e o depois se foi. Esqueci-me de acompanhar as mudanças da fase da lua nos últimos anos. Esqueci-me de conversar com o vento e hoje ele está mais calado comigo. Esqueci-me de que o futuro se torna passado rápido demais. Esqueci-me de alimentar tantos sonhos acreditando que eles resistiriam ao passar da vida. Esqueci-me de olhar nos olhos do meu destino e fui tocando, tocando, tocando... Esqueci-me de que a felicidade é o agora, aliás, tudo o que sou e, o que importa e o que significa de fato é o agora. Esqueci-me de fazer minhas receitas prediletas obrigando-me ao arroz com feijão diário. Esqueci-me de que é preciso não só engolir, mas apreciar, degustar, descobrir novos sabores no velho prato. Esqueci-me de tentar ser pássaro ficando cada vez mais preso ao chão. Esqueci-me de esquecer tantas coisas inúteis, doloridas e pesadas que pesam desnecessariamente na bagagem. Esqueci-me de podar alguns medos que hoje são mais fortes do que eu. Esqueci-me de colocar para fora tanta coisa que hoje não quer mais sair. Esqueci-me de dançar mesmo que tropeçando nos próprios passos, de cantar mesmo que desafinado, de continuar encantado como menino. Esqueci-me de que a vida é muito mais do que aquilo que se vê, que se ouve, que se toca... Esqueci-me de que não existe infinito, eterno, para sempre se não houver o hoje. Esqueci-me de que o exato momento é único e mágico, a chave do nosso mundo.


Comentar Seja o primeiro a comentar

27/02/2016 - Esquinas e porta-retratos

Porta-retratos são como espelhos do passado. É como o ontem me olhando, dizendo o quanto fui feliz. É um tempo que existiu, que me sorriu e depois seguiu. O que eu quis foi o passado no futuro, fazendo do presente um lugar pouco seguro. E eu me olho e me perco nessas fotografias do ausente. Podia ter sido, podia ser tão diferente. Caminhos cruzados deviam seguir lado a lado. Por que as ruas cruzam e depois correm em separado. Cada esquina é um porta-retratos, um cruzamento concreto e abstrato que dura para sempre num tempo que existe ali, ali somente. Logo ali à frente a esquina terminou, o homem, olhando para a lua, se perde e segue por uma rua e a menina que o beijou, flutua por outra. E a história tão amarrada naquela esquina se vai tão solta. Do encontro do tempo e do espaço nas esquinas, nos porta-retratos nasce o desencontro de homens e meninas que ainda andam tontos à mercê do que tudo isso os destina.


Comentar Seja o primeiro a comentar

27/04/2015 - Essa tal gravidade

Se não fosse essa tal de força da gravidade nós poderíamos andar nas nuvens sem nos prender a nada. As árvores ficariam de ponta cabeça, com raízes descabeladas aos céus e frutos ao alcance das mãos dos mais pequeninos. Os peixes nadariam por outros azuis e os pescadores poderiam fisgar anjos distraídos. A terra não prenderia ninguém, todo e qualquer corpo seria alforriado. Seríamos como balões de gás namorando pelo horizonte. Voaríamos, flutuaríamos, boiaríamos como astros e estrelas que somos. As pedras da calçada, das montanhas, das geleiras diriam que estávamos enganados sobre seus pesos, pois levitariam sem precisar de mágica. Ah, se a força gravitacional não nos atraísse arbitrariamente o universo nos seduziria muito mais. Não teríamos endereço fixo, pois nossas casas não parariam no lugar. Seria o caos se o caos não fosse o hoje, da forma como se está tudo aparentemente no lugar mas realmente tudo, do raso ao fundo, de pernas pro ar.


Comentar Seja o primeiro a comentar

17/06/2016 - Esse amor que me domina

Eu já não sei mais o que fazer com esse amor que me domina. É um amor tão forte que faz perder o norte, cura-me de todo e qualquer corte, torna-se maior que a morte. Que os poetas me amparem e que o coração não pare antes de dar por cumprido o romance que intriga até o senhor cupido. É um amor que perdoa tudo. É um amor para além deste mundo. É um amor cego, mudo, surdo... que vê sentimento, que grita o que palpita, que ouve o que crê. E não há unguento nem benzedura que dê jeito ou cura nesse amor que desafia os limites da razão e, quiçá, os da emoção. Dá-lhe esperança. Dá-lhe desejo. Dá-lhe paixão. Que amor é esse que se alimenta do sim e do não, é flor que se abre e rouba a cena independente da estação. Que amor é esse que me domina e que me dobra como uma esquina. Que amor é esse que me domina como caça nas garras da ave de rapina. Que amor é esse que me domina colocando o meu orgulho-rei aos pés de uma menina. Que amor é esse que me domina e me ensina que é preciso amar mais e mais, ainda mais, para então raiar descortinando essa neblina que turva o coração.


Comentar Seja o primeiro a comentar

27/08/2013 - Esse bicho

É essa coisa no peito, revirando, moendo, torcendo. Muita gente fala de nó na tripa, mas o que eu tenho é nó no peito. E são vários nós. É uma coisa que ata, que embaraça, que aperta. Difícil explicar. Uma sensação de angústia, de agonia, de “nada vai dar certo”. Nós pessimistas. O coração bate como que machucado, como que sem espaço, como que açoitado. Fica difícil até para respirar fundo. E quanto mais raso se respira, mais difícil fica viver e conviver e reviver como se deve.

É como se tratores com aqueles implementos pesados que reviram tudo, deixando tudo fora do lugar, fossem e voltassem dentro do meu peito dia e noite. Por fora, demonstrações de cansaço, fadiga, desânimo. Por dentro, marcas e mais marcas. Falam de encosto sentado sobre nossas costas, mas eu quero falar de um encosto acomodado dentro do peito. Um encosto sem rosto e com tantos rostos ao mesmo tempo. Um encosto que não aceita reza, perdão ou rendição. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

09/08/2014 - Esse seu lado pirata

De repente, velejava com o vento (um sopro doce da sua boca) ao meu favor. Enfrentava tempestades, conhecia paisagens paradisíacas, desbravava um mundo de mistérios com o nariz do meu barco seguindo o rastro do seu perfume. Nossos corpos molhados, ensolarados ou estrelados, mas molhados faziam das velas nossos lençóis. Não havia motivo para parar, só, e somente só, para avançar. E foi exatamente isso o que eu fiz. Joguei fora as bússolas porque eu só tinha um destino – você – e era impossível eu errar esse caminho. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

22/03/2008 - Está na hora de arrebentarmos aleluia

Vó Adélia está depressiva. Aquela mulher forte e de olhos tristes, filha de italianos, ao final dos seus sessenta anos de idade conheceu a depressão. Começou, até mesmo, a ingerir aqueles remédios tarja-preta que mais fazem mal do que bem para a saúde. Além da sonolência, anda mais chorosa do que de costume. O leitor deve estar se perguntando com certa razão: o que Vó Adélia tem a ver com o Sábado de Aleluia? Á primeira vista, nada. Mas só à primeira vista.

Seja nas missas na Nossa Senhora das Graças, ou na Nossa Senhora das Dores, ou na Nossa Senhora de Mont Serrat, ou na igreja de São Benedito ou na matriz de São José, dona Adélia sempre esteve ao meu lado. Novena de Natal, Via-Sacra, Procissão, Benção das rosas ou dos pães, rosário da vela no meio da praça, quermesses, terços de Santo Antônio, São João e São Pedro. Independentemente da ocasião, lá estava minha vó a me dar o braço....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

29/04/2008 - Está na hora de criar o Brasil do B

Uma pesquisa divulgada ontem indicou que 50 por cento dos brasileiros querem o terceiro mandato de Lula. Mais do que querer Lula por mais quatro anos, a pesquisa indica que metade do país quer continuar essa política de juros altos, de crescimento irrisório e discursos inflamados. E isso me preocupa. Afinal, até a África está crescendo mais do que o Brasil e, por aqui, aquele senhor que habita o Palácio do Planalto acha tudo maravilhoso.

Lula não é mais o mesmo. Se estivéssemos em outras épocas, jogava tudo para o alto e fazia um governo, de fato e de direito, para o lado humano e não para o capital. É difícil acreditar que metade do Brasil quer continuar sofrendo nas mãos dos banqueiros e acreditando no milagre da mamona. Na verdade, o Brasil carece de uma política social mais agressiva. E Lula demonstrou que não tem boa vontade ou força suficiente para fazê-la. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Primeira   Anterior   12  13  14  15  16   Seguinte   Ultima