Daniel Campos

Ou exibir apenas títulos iniciados por:

A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todos

Ordernar por: mais novos  

Encontrados 208 textos. Exibindo página 16 de 21.

09/04/2016 - Estrada cigana

A minha estrada é rosa, azul e grená. Se ocê, bem cê, tiver o passo leve e doce, pode passar por cá. Tem sonho, esperança e desejo por todo canto, magia não vai te faltar. Só não venha com pé pesado pra desmanchar o encanto que há. A minha estrada é o acalanto, o meu lugar. Sou cigano e minha sina é caminhar. Sai ano entra ano e eu continuo a girar. O meu corpo é a agulha, a minha alma a linha e a minha estrada o linho. Borda, poeta borda o coração da menina... A minha estrada de amoração transborda e não termina. Na minha picada tem fogueira, dança, encontro e solidão. Abro caminhos que fogem da minha imaginação. Sou cigano de acertos e de enganos, e passo como as mãos apaixonadas passam pelas notas de um piano. A minha jornada é de sol e enluarada, se ocê, bem cê, tiver o passo firme de um sabiá, pode passar por cá. O meu lugar pode ser o seu despertar.


Comentários (1)

24/12/2014 - Estrada de dentro

As estradas, mesmo estando no mesmo lugar, não são mais as mesmas. Estão mudadas embora nunca se mudaram de onde sempre as encontrei. Mas desde que aquele senhor de longos cabelos brancos e passos firmes chamado Tempo passou por ela nada mais foi igual como era antes. Mais do que ganhar, as estradas perderam cores, mistérios, sabores, perfumes... É como se houvesse um vazio permanente e crescente ao decorrer da caminhada e a passada o conduzisse para uma espécie de buraco negro, sem luz e gravidade. Embora haja um chão sobre os pés, a sensação é de estar em constante queda livre. Para muitos, trata-se de loucura, de insensatez, de embriaguez... Para mim, um atestado de saudade.


Comentar Seja o primeiro a comentar

21/05/2010 - Estradeando

Ao longo do dia, das vinte e quatro horas do dia, quantas estradas se abrem diante de você? Se sua resposta por “nenhuma” ou “apenas uma”, mude urgentemente a forma como enxerga o mundo ao seu redor. Afinal, essas estradas que surgem em seu dia-a-dia são milagres que, na maioria das vezes, passam despercebidos diante de seus olhos e passos. Confesse! Quantas novas estradas você já deixou de desbravar por medo? Quantas estradas você não percorreu por puro comodismo? Quantas estradas você fingiu que não viu só para continuar reclamando da falta de sorte? Quantas estradas, quantas?...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

08/10/2008 - Estradeiro

Tem dias em que uma vontade de correr mundo nos invade. Vontade de pegar um trem, um carro, um avião, um ônibus, um barco, uma bicicleta e sair pelos rumos de uma bússola quebrada e de um mapa-astral. Ai meu Deus que bom, quero me guiar pela conjunção de Marte com Plutão e me alimentar de lua cheia que congestiona a estrada. Quero escalar as montanhas do desconhecido, pular o trópico de Capricórnio e me equilibrar num monociclo pela linha do Equador.

Quero revirar os fusos horários pelo avesso e mostrar ao mundo que o tempo não tem hora para acontecer. Quero fazer uma rota marejando pelos olhos de um senhor chamado destino, que ora é velho ora é menino. Menino dos meus dias. Menina da minha poesia. Quero sentir o sabor da poeira estradeira em minha língua e a chuva me transformando em enxurrada. Ah! Quero amar e esquiar pelos cabelos da amada e me enterrar vivo em sua avalanche. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

29/11/2009 - Estrelas de bytes

Não pense duas vezes: desligue o computador e vá se encontrar com o céu. Não, não digo que é chegada à hora de morrer. O que eu quero é que você vá se comunicar com esse teto ora celeste ora negro ora cinza que a todos cobre. Independentemente do que vá encontrar lá fora, vá. Como aqueles móbiles que enfeitam berços de bebês, brinque com sóis e asteróides dependurados e em constante movimento. Quero que os mire com atenção, observando seus passos, pensamentos e olhares.

Escute o que cometas, asteróides, marcianos e anjos têm a dizer. Mas atenção: a informação não vem pronta como na internet. É preciso que você a construa. Inspire, expire, respire. Deixe braços e pernas à vontade. Não é necessário lunetas, telescópios ou qualquer tipo de entorpecente para realizar essa tarefa. O céu fala. Mesmo sem trovões, o céu fala. Tente ouvir o choro contido no parto de uma estrela. Tente entender a angústia de um buraco negro. Tente espionar as conversas dos astronautas. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

27/03/2011 - Estrelas pirilampos

Menina preste atenção no que as estrelas do cruzeiro querem nos dizer. Lá de cima elas sabem tanto do nosso caminho quanto a velha que lê nossa sorte nas cinzas do cinzeiro. As estrelas, tanto as mais sérias quanto as mais fagueiras, estão nos mandando atravessar o sertão rumo ao encontro de um novo tempo ou ao reencontro de um velho sentimento. Somos as sementes de uma nova plantação. Já recebemos o sinal. As estrelas nos mandaram um postal. Vamos...

Se a estrela não mente, vamos, enquanto semente, deitar na terra onde tudo dá e esperar a chuva nos germinar. Vamos plantar nosso coração no chão e rezar pra não dar erva daninha, seca ou geada durante a nossa jornada pelas terras de Santa Cruz. Que possamos madurar, lado a lado, à luz das estrelas de luz. Que a morte não envolva nossos olhos matizados em seu capuz. Ave-Maria, madre luz. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

29/12/2013 - Eu ainda...

Eu ainda estou aqui, onde você deixou. Eu ainda vivo, conforme te prometi. Eu ainda sigo a estrela dos seus olhos, que vaga pelo meu céu como vagalume, surgindo e sumindo. Eu ainda estou disposto a levar tudo isso adiante, bem adiante. Eu ainda batalho. Eu ainda luto. Eu ainda resisto. Eu ainda consigo sorrir porque não há motivo algum para negar a felicidade. Eu ainda pulso como um enorme coração com braços, pernas, boca. Eu ainda acredito e, devo dizer, que cada vez mais. Eu ainda busco, mas já tenho em mim todas as respostas. Eu ainda quero tudo o que foi imaginado. Eu ainda deito e me levanto com um objetivo maior. Eu ainda sou forte o suficiente para suportar o que o tempo me oferece. Eu ainda me inspiro e sei que vale à pena continuar bebendo desta fonte que me faz melhor. Eu ainda escrevo o que sou e o que sinto. Eu ainda estou de pé e nada nem ninguém me tomba. Eu ainda valho alguns sonhos. Eu ainda sou todo este sentimento. Eu ainda sou o poeta que quer se casar com sua poesia. Eu ainda sou amor e amor demais, e pretendo continuar sendo assim ao longo de toda minha eternidade.


Comentar Seja o primeiro a comentar

13/07/2011 - Eu amo a filha de...

Eu amo a filha da deusa dos mistérios, dona de muitos búzios e deveras anos. Eu amo a filha daquela que é, ao mesmo tempo, o princípio, o meio e o fim. Eu amo a filha daquela que é formada pelo encontro da água com a terra. Eu amo a filha daquela que se farta de uvas de todas as espécies. Eu amo a filha daquela que rege o nascimento, a trajetória e o desencarne de tudo o que é vivo. Eu amo a filha daquela que é a própria história do homem sobre a terra. Eu amo a filha da água parada, da água da vida e da morte. Eu amo a filha daquela que traz em suas mãos um ibiri, feito com palitos de dendezeiro. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Eu amo che guevara

Vestia vermelho. Mas não era um vestido vermelho de noite, tampouco uma lingerie vermelha de uma hora especial, muito menos um blazer para o trabalho. Era uma camiseta surrada contendo alguns dizeres que, na verdade, era um grito de guerra. E mais, era uma camiseta de hora qualquer. E a mesma camiseta usada por ela, vestia dúzias de homens que levavam em seu rosto a barba ainda por fazer. Para completar a brutalidade da veste, como uma flor que, mesmo sem querer desabrocha entre as pedras, vestia calça jeans e tênis. Nada combinava, nada rimava, nada se casava no visual daquela mulher que queria ser pedra e nascera flor. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

07/09/2015 - Eu árvore

Há muito tempo eu fui nasci, cresci e morri árvore. Eu tive raízes que ainda sinto me levando para o fundo da terra em busca de águas e minérios. Era formado por galhos, por tantos galhos, que me fazem achar dois braços pouco para tudo o que eu preciso abraçar. Não é à toa que de vez em quando um pássaro pousa em mim. Já fui desejado. Quiseram a minha sombra, os meus frutos maduros, as minhas sementes, o meu lenho. Quantos quiseram me derrubar. Hoje choro com minhas irmãs árvores sendo lambidas pelo fogo ou sangradas pelos machados. Quantas vezes eu me corto e meu sangue é seiva. Não estranho de me procurarem para fazer seus ninhos. Por todo o meu ser flui a energia das árvores, dos espíritos das árvores. Muitos riem e querem me dar camisas de força por me encontrar conversando com jacarandás, mangueiras, amoreiras, ipês, jabuticabeiras, jequitibás... Tolos! Não percebem que as árvores dançam, falam, cantam, mudam de lugar sob os narizes incrédulos. O mundo é das árvores que nos dão de comer, de beber, de vestir, de escrever... Por conta desse meu passado sou tão apegado com as folhas. Enquanto muitos só leem páginas de jornais, revistas ou livros eu sigo lendo as folhas das árvores e assim releio a minha história. Hoje eu ainda conto as prosas, os romances, os versos que o vento, no passado, deixou em minha cabeça, ou melhor, em minha copa.


Comentários (1)

Primeira   Anterior   14  15  16  17  18   Seguinte   Ultima