Daniel Campos

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26/12/2009 - Estou

Estou em casa, estou no ar, estou no seu plexo solar. Estou na torneira, estou na nuvem e na ribanceira. Estou na roupa, estou na janela, estou na sua boca. Estou no jardim, estou no agito, estou na bala de festim. Estou no gargalo, estou no papel, estou pra lá do seu céu. Estou no buraco, estou no papo, estou no fato. Estou na pergunta, estou na garganta, estou aos pés da santa. Estou no chafariz, estou na ponta, estou no desejo de lhe ver feliz. Estou na enciclopédia, estou na monotonia, estou na sua tragédia.

Estou na enfermaria, estou no remédio, estou no tédio. Estou nos olhos, nos suspensórios e no responsório. Estou na homilia, estou na hemorragia, estou no seu dia-a-dia. Estou no caminho, estou na flor, estou no espinho. Estou na bebida, estou na fadiga, estou na lida. Estou nos setes mares, estou nos votos, estou nos seus mesmos lugares. Estou no bar, estou no mar, estou no último luar. Estou na penitência, estou no pecado e no passado. Estou no beijo, estou no tapa, estou no som do realejo.

Estou na condicional, estou no pôquer, estou no inferno astral. Estou nos vãos, estou nos chãos, estou nas linhas de suas mãos. Estou no poema, estou no trocadilho, estou no cinema. Estou na escuridão, estou na solidão, estou no estribilho. Estou na porta, estou no corte, estou na morte. Estou na insônia, estou na reza, na babilônia. Estou na história, estou na ruína, estou na glória. Estou nos tambores, estou nos terços, estou nos pretextos. Estou no ausente, estou no texto, estou no seu ventre.


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