Daniel Campos

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Encontrados 207 textos. Exibindo página 16 de 21.

26/02/2011 - Drinque de chuva

A chuva dá cor, cheiro e significado às coisas. É impressionante como uma simples chuva muda o tom de paisagens inteiras. Essa água vinda das nuvens guarda um mistério – serão as pinceladas do criador reavivando a criação? Sinto que é na chuva que Deus está mais próximo. É uma forma dele se fazer presente e tocar sua obra sem causar alardes. Adoça os frutos, dá folhas novas, alimenta os rios, germina as sementes, lava as urucubacas, perfuma, renova o espírito.

Na chuva cada milímetro de matéria ganha intensidade e beleza. A chuva tem algo de dramático em seu espetáculo, que é feito naturalmente de quedas. A maioria dos filmes aproveita da chuva para emocionar o telespectador. “Singin' in the Rain” é um exemplo disso. A cena em que o personagem interpretado por Gene Kelly canta e dança na chuva mexe com qualquer um. É o milagre da chuva, que revira emoções dentro e fora de nós. Quem nunca se lembra de um fato marcante, um beijo, por exemplo, sob chuva? ...
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17/02/2011 - Doração

A dor me consome. Uma dor que não dorme. Uma dor com tantos codinomes e sem nenhum nome próprio. Uma dor que me tira a fome, que me tira o sono e me dá o ópio. Os delírios e as fantasias de uma criatura dorida, sentida da vida. Os lírios e as poesias ficam para depois dos espinhos e gritos impossíveis de serem decodificados, quiçá entendidos. A dor que me faz aflito e me toma sozinho. A dor que alimenta o desespero e fecha todo e qualquer caminho. A dor que fermenta e envelhece como um bom vinho. ...
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12/02/2011 - Dizem que sou louco

Dizem que sou louco porque falo sozinho, porque ando em ziguezague, porque leio de trás pra frente. Louco porque almoço no café da manhã e durmo na hora do jantar. Louco porque só rezo para o demônio e só cobro dos santos. Louco porque saio sem destino e descaminho os caminhos. Louco porque invento histórias e me perco nas próprias memórias. Louco porque converso com as plantas, com as pedras, com o espelho. Louco porque bebo com poetas que já morreram e canto músicas que ainda não foram compostas. Louco porque queria que todos os dias fossem chuvosos. ...
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03/02/2011 - Dito e Nina

Solitários em seu castelo, a princesa Nina foi deixando cair mantos e coroas até se transformar na gata borralheira de uma história que não tem final feliz. O príncipe Dito, da dinastia dos rochedos, cavaleiro altivo, matador de dragões, de mocinho passou a bandido, sendo vilão de si próprio.

Podiam viajar em carruagens pelo mundo afora. Podiam desfrutar de serviços e riquezas. Podiam ser humanos como outros quaisquer se não fizessem tanta questão de viver lustrando e agigantando títulos de nobreza. De nada serviam as jóias de Nina, os vestidos de Nina, as pompas de Nina se Nina vivia a lamber o chão dia e noite até que ele ficasse limpo o bastante para refletir seu rosto. Seu sofrido e castigado rosto. ...
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25/01/2011 - Dormenina

Dorme menina, dorme fingindo ser minha. Dorme em silêncio ou falando sozinha. Dorme como maranhão pedindo linha e mais linha ao vento. Dorme suspirando, sonhando com contos e fadas. Dorme escondendo os olhos. Dorme fugindo da verdade. Dorme diminuindo a saudade que há entre o real e o imaginário. Dorme nos braços de Maya, a deusa da ilusão. Dorme no peito de Morfeu, o anjo do sono. Dorme encolhida, despreocupada da vida, amada e decidida a acordar só depois das seis. Dorme agora inédita ou como da outra vez....
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24/01/2011 - Doce voz

Como é doce ouvir a sua voz. Como é doce ouvir a sua voz no silêncio de uma oração ou no meio da multidão. Como é doce ouvir a sua voz na linguagem dos sinos, construindo destinos como quem constrói frases. Como é doce ouvir a sua voz curando cicatrizes, fixando raízes, colorindo almas em seus matizes. Como é doce ouvir a sua voz. Como é doce ouvir a sua voz falando de nós.

Sua voz que vem em forma de vento, brisa, ventania. Sua voz que cobre nosso coração em feitio de manto. Sua voz que não diz adeus e que tem tanto de deus. Sua voz que vinga a poesia, que aflora o mesmo pranto que cala. Sua voz que clareia a escuridão, que destrona a solidão, que se espalha feito canção nas bocas dos pássaros de amores e perdão....
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22/01/2011 - Deixa a madame pra lá

Não, não meu senhor, não adianta discutir com a madame. A madame tem sempre razão até mesmo quando não é sim e sim é não. Não, não meu senhor, não adianta discutir com quem não dá o braço a torcer e não se importa de fazer sofrer. Não, não meu senhor, não reclame, não adianta discutir com a rainha do enxame.

A madame finge eu é feliz ou infeliz conforme lhe convém, esquece o que faz, o que pensa, o que diz. Ela varre sua sujeira pra debaixo do tapete. Bate, assopra e esconde o cacete. Madame dá vexame e jura que é lady, mas vive de band-aid em band-aid juntando cacos e fazendo pactos. Madame entende de máscaras e disfarces. Vai à igreja, de praxe, mas seu forte é a mandinga. Excomunga o santo, se vinga, amaldiçoa e põe quebranto. ...
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16/01/2011 - Dúvidas literárias

Se Machado de Assis pudesse falar se Capitu traiu ou não Bentinho com Escobar? Se fosse para escolher um só, Colombina ficaria com o Arlequim ou com o Pierrô? Se o sol não fosse tão sertanejo será que Baleia viveria até hoje com Fabiano? Se Dona Flor não tivesse Dois Maridos seria ainda lembrada? Se Emília não fosse de pano seria boneca? Se Rapunzel não tivesse trança ganharia liberdade? Se Romeu e Julieta não morressem o romance teria o mesmo apelo? Se ao contrário de cravo e canela Gabriela fosse de pimenta e limão Jorge continuaria sendo Amado? Se Adão e Eva não se amassem nos jardins do paraíso bíblico, existiríamos? ...
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10/12/2010 - Daqui a alguns dias

Daqui a alguns dias eu, poeta do acaso, vou encontrá-la jovem, febril de novas ideias, numa arte que não é exposta em museus. Vou encontrá-la de modo a fazer surpreender os mais viajados. Vou encontrá-la à beira-rio, numa poética noturna e efervescente em todo canto de seu corpo, em constante e permanente urbanização. Vou encontrá-la de um jeito que nem mesmo o maior dos artistas é capaz de criar. Vou encontrá-la quente, metropolitana, underground, independente, vanguardista e corajosa como nunca dantes. ...
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19/11/2010 - De tantas marias

Maria de tantas marias de tantas magias de tantas sangrias. Maria da poesia dolorosa, chorosa aos pés da cruz. Maria, manjedoura da luz vindoura. Maria de tantas passagens, de tantas nomenclaturas, de tantas paisagens, de tantas alturas. Maria assunta ao céu, Maria pés descalços e véu, Maria imaculada conceição, Maria sublime perdão. Maria da virgindade perpétua, Maria da santidade absoluta, Maria da maternidade incorrupta. Maria flor, sonho e fervor. Maria: um pedaço de carne, um todo de amor.
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