Daniel Campos

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Encontrados 207 textos. Exibindo página 14 de 21.

01/02/2012 - Desordeiros

Vamos mudar o ar, trocar de lugar, sair em disparate. Vamos desconstruir o óbvio, subverter a ordem, cultivar o caos. Vamos fazer arte, assoviar de trás pra frente, viajar pra Marte. Vamos misturar os escritos, servir poesia em litros, trazer à tona o que ainda não foi dito. Vamos nos tirar do gancho, da tomada, da rede. Vamos ver a vida passar e pedir passagem. Vamos sair de cena e entrar em campo. Vamos desvestir o santo e nos vestir de encanto.

Vamos dançar com as cadeiras, rolar pelas ladeiras, esquecer as canseiras. Vamos abrir os braços ao vento, mergulhar em pensamentos, pular fogueira. Vamos rezar pra primavera chegar logo. Vamos acender uma estrela, beber um drinque chuvoso e dar início a uma nova era. Vamos abrir caminhos e rodar em redemoinhos e nos manchar de vinho. Vamos alterar o ritmo, descobrir um novo logaritmo, fundar um novo sentimento.


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30/01/2012 - Doce mar

Entre as peculiaridades divinas é válido ressaltar a doçura do mar salgado. Poucas coisas são tão doces quão o mar. Aquele sal em movimento constante comendo a areia, perfumando o vento, curando as feridas do corpo e da alma. O mar faz a alegria da criançada como uma panela cheia de brigadeiro. O mar, como se feito de mel, traz inúmeros benefícios à beleza. O mar e as pessoas numa relação de açúcar e formiga.

O mar é um verdadeiro banquete. De uma forma ou de outra, todos desfrutam dessa enorme e constante ceia a céu aberto. O mar abre o apetite e, ao mesmo tempo, sacia todas as nossas fomes. O mar quebra nos olhos como quebra queixo. O mar gruda em nossa pele como calda de caramelo. As conchas são como confeitos de açúcar. As espumas das ondas são chantilly. No mar, o sal tem uma doçura poética. ...
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28/12/2011 - Dando-me

Eu me dou. Por inteiro e também pelas metades, pelos quartos, pelos terços, eu me dou. Eu me dou para ela, nela, dela. Eu me dou a cada vez como nunca me dei e talvez como nunca mais vou me dar. Eu me dou a qualquer hora, em todo lugar. Eu me dou ao ar, ao fogo, na água e na terra. Eu me dou à luz e à sombra da lua eu me dou em passos de bolero, na batida do samba, na corda da viola. Eu me dou entre quatro paredes e no meio da multidão. Eu me dou com todo cuidado e sem nenhum juízo. Eu me dou de papel passado e no boca-a-boca. ...
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11/12/2011 - De caçar leão

Está vendo aquele cachorro? É de caçar leão. Valente como só. Olha os dentes dele. Furam qualquer tipo de couro. Patas grandes e fortes pra agüentar o tranco. Costas largas. Pernas esguias que correm como flecha lançada. E o latido então? O leão treme de medo só de escutar o barulho que esse cachorro faz. Olha o pelo dele, brilha igual um sol de verão, meio amarelo meio vermelho. Saúde? Isso é o que não falta. O pai dele morreu com mais de cinqüenta anos. E olha que só morreu porque foi morto à bala. Foi preciso dois tambores de revólver para derrubar o bicho. Era parceiro de um caçador de marfim lá da África. Pegava embalo e pulava nas costas do elefante. Derrubava o grandão em menos de dois minutos. Não tinha medo de nada. ...
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16/11/2011 - De que adianta

De que adianta subir quando se quer descer. De que adianta cantar quando não sabe a letra. De que adianta amar se você ainda não se abriu para o amor. De que adianta esperar se não há pelo quê esperar. De que adianta sonhar se o sonho morreu. De que adianta a vida se ela não for vivida. De que adianta o amanhã sem o hoje. De que adianta as estrelas sem um céu escuro. De que adianta o tempo sem as temporizações. De que adianta a flor sem o fruto e o fruto sem a semente.

De que adianta falar quando quer dizer seu silêncio. De que adianta semear se não é o que quer colher. De que adianta ir quando se quer vir. De que adianta querer entender se você personifica o desentendimento. De que adianta o sim quando você quer o não. De que adianta o discurso sem a prática. De que adianta viajar e não sair do lugar. De que adianta a fome sem a vontade de comer. De que adianta chamar se você não está aqui ou ali ou acolá. ...
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07/11/2011 - Dormir, dormir, dormir...

Eu quero dormir não importa onde. O meu quando é agora. Quero dormir numa cratera da lua. Quero dormir como dorme um ser imaginário. Quero dormir em uma imensa cama de casal. Quero dormir numa angulação perfeita em relação à mulher amada. Quero dormir sobre plumas ou molas. Quero dormir sobre o meu carma. Quero dormir no fio da navalha. Quero dormir distante de galos e relógios. Quero dormir num caminho sem me preocupar se ele vai me deixar ou me levar para aqui ou para lá.

Quero dormir um sono ateu. Quero dormir sem a possibilidade de saber qualquer notícia. Quero dormir o mais absurdo dos sonos. Quero dormir sem limites. Quero dormir falando coisas de amor. Quero dormir numa pausa literária. Quero dormir contra o sol. Quero dormir numa boca molhada. Quero dormir no vai e vem das ondas. Quero dormir entre fragrâncias e brisas. Quero dormir sem me preocupar com a data de validade do meu sono. ...
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02/11/2011 - Dia de Finados

Faça uma lista dos seus mortos para chorar hoje. Uma lista dos familiares que conheceu e dos que não conheceu. Uma lista dos amigos e dos inimigos. Uma lista dos heróis e dos mitos. Uma lista daqueles que não encontra mais. Uma lista dos vizinhos e dos que moravam distantes. Uma lista das pessoas que você amou. Faça uma lista dos sonhos que teve que enterrar, das esperanças perdidas, dos desejos abortados. Uma lista dos “eus” que morreram em você. Faça uma lista completa de seus mortos para chorar no dia de hoje. ...
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24/10/2011 - Desce a terra, ò auxiliadora

Desce a terra, ò senhora dos céus, ò mãe de todas as criaturas, ò magnífica, para dar colo aos que choram, para ensinar o caminho aos que se vêem perdidos, para dar à luz aos que estão na escuridão, para afastar o mal que ronda tão perto, tão perto de nós.

Desce a terra, ò auxiliadora dos cristãos, ò rainha dos apóstolos, ò soberana, para colher as flores que a ti plantamos, as velas que a ti queimamos, os cantos que a ti entoamos e as preces que lançamos aos seus pés, que andam tão perto quão longe de nós. ...
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15/10/2011 - Desejo de jabuticaba

O meu reino por um pé de jabuticaba. Trocaria toda minha cavalaria, a beleza da minha realeza, por uma jabuticabeira. Alguma feiticeira deve ter colocado todo o sabor da noite naquelas frutas nascidas como flores de primavera. Como é doce escutar aquele ploct entre os dentes. Uma explosão de caldo, de vida, de lembranças. Comer jabuticaba do pé, dependurado entre os galhos, dividindo espaço com as abelhas. Uma paixão cíclica, que por mais que seja eterna, precisa da saudade para se renovar.
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05/10/2011 - Doce tristeza

Nada ao seu redor conseguia ser mais triste do que seus olhos entristecidos pela falta de deus. Uma situação de abandono, uma sensação de falta de dono, uma carência de filha deixada pelo caminho. De quem seria sua alma se o apocalipse se cumprisse agora? Por não saber responder, calava-se numa tristeza fatal e conflituosa.

Uma tristeza que, mergulhada em seus olhos de compotas, cortava como lâmina amolada nas pedras do tempo. Sua tristeza, em flor, espalhava-se pelos jardins da solidão, descolorida e rasteira, como planta misteriosa que distende os ramos querendo juntar bocas e espinhos num mesmo beijo. ...
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