Daniel Campos

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24/01/2011 - Doce voz

Como é doce ouvir a sua voz. Como é doce ouvir a sua voz no silêncio de uma oração ou no meio da multidão. Como é doce ouvir a sua voz na linguagem dos sinos, construindo destinos como quem constrói frases. Como é doce ouvir a sua voz curando cicatrizes, fixando raízes, colorindo almas em seus matizes. Como é doce ouvir a sua voz. Como é doce ouvir a sua voz falando de nós.

Sua voz que vem em forma de vento, brisa, ventania. Sua voz que cobre nosso coração em feitio de manto. Sua voz que não diz adeus e que tem tanto de deus. Sua voz que vinga a poesia, que aflora o mesmo pranto que cala. Sua voz que clareia a escuridão, que destrona a solidão, que se espalha feito canção nas bocas dos pássaros de amores e perdão.

Como é doce ouvir a sua voz. Como é doce ouvir a sua voz que vem em linhas concretas ou abstratas, em trovas e em ladainhas. Como é doce ouvir a sua voz nos indicando sentidos e direções. Como é doce ouvir sua voz se movendo na imensidão divina do tempo e do espaço. Como é doce ouvir sua voz e sentir perto de nós a sua pulsação, o seu auxílio, o seu traço.

Como é doce ouvir a sua voz de santa, de senhora, de mulher. Como é doce ouvir a sua voz advinda dos reinos em que é rainha. Como é doce ouvir a sua voz chovendo dos andores. Como é doce ouvir a sua voz maternal, uterina, visceral. Como é doce ouvir a sua voz entre as contas de um terço ou nas pausas de uma ave maria. Como é doce ouvir a sua voz em toda sua verborragia.


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