Daniel Campos

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Encontrados 362 textos. Exibindo página 31 de 37.

03/12/2009 - Cidade mulher

Toda cidade é feminina porque cada mulher é uma cidade. Basta reparar de quantas esquinas é feita uma mulher que se aproxima e se dista dos olhares que a seguem e, até mesmo, perseguem-na vida afora. Toda mulher é rica em relevo e formas geométricas. Seja no corpo ou no espírito essas mulheres são modernas, tradicionais ou futuristas. Podem ser pitorescas como cidadelas ou engenhosas como grandes megalópoles.

Independentemente se pequenina ou grande, se interiorana ou litorânea, se rural ou transcendental, a mulher tem problemas urbanos e grandiosos. Problemas diários, estruturais, ancestrais como todo e qualquer reduto de civilização. Porém, até na problemática as cidades conseguem, assim como as mulheres, serem pólos de atração física e psicológica. Quantos os que caem aos pés de uma cidade e se imaginam felizes ao lado dela, fazendo juras de amor eterno? ...
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01/12/2009 - Camomila, messieur

Garçom, por favor, traga-me, com as devidas urgência e discrição, um chá de camomila. Nem muito amargo nem muito quente. A minha última noite não foi nada agradável. Insônia, dores, pensamentos negativos, radioativos e até mesmo, degenerativos. Preciso que o senhor, num golpe de mestre, retire todas as propriedades medicinais possíveis da Matricaria chamomilla com uma leve fervura. De preferência, 98º C. Preciso de seus efeitos calmantes e digestivos. Essa gastrite nervosa já me acompanha há algumas estradas. ...
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30/11/2009 - Consummatum est

O ano se arrasta, cai, levanta, bambeia, tonteia, empurra os dias com a barriga e reza para o dia 31 de dezembro acabar em barranco para que ele possa morrer encostado. É chegado o momento de jogar a toalha, de tirar o pé do acelerador, de pedir que o que ainda resta seja consumado o mais depressa possível. Há ainda quem tente correr, quem se arrisque colocando tudo a perder, quem faça por merecer e quem tente esquecer o que planejou, o que sonhou, o que almejou para sofrer menos.

Por mais que insistam em lutar, em se manter de pé, o ano se esvai como areia movediça em ampulheta roliça. Tudo acontece muito rápido. Aliás, rapidíssimo. Quem nasceu, nasceu. Quem morreu, morreu. O ano, como uma avalanche, arrasta consigo uma multidão no embalo de uma bola de neve. A cabeça ferve, mas de que adianta isso agora? Consummatum est. Não há mais tempo hábil para grandes mudanças e o tempo, a essa altura, não é tratável....
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28/11/2009 - Casa da Dinda

Quem não se lembra da Casa da Dinda, a mansão da família Collor de Mello em Brasília? A casa que foi construida por um ex-governador do Rio Grande do Norte na época que exercia um cargo de chefia nos governos JK e João Goulart estampou capas de revista e virou motivo de escândalo. Dizem até que os jardins da casa motivaram o impecheament de Collor.

Foi nessa propriedade de 13 mil metros quadrados repleta de cachoeiras motorizadas, lagos artificiais com carpas japonesas e centenas de árvores que Collor amargou seus dias de glória e terror. O caçador de marajás tinha jardins de marajá financiados pelo esquema PC Farias. Destronado, Collor trocou Brasília por Miami....
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20/11/2009 - Consciência Negra

Joaquim Nabuco mandou avisar que a obra da escravidão será destruída. No aviso não tinha data nem hora, mas se Joaquim Nabuco disse vamos comemorar desde agora. Chega de preconceito. Chega de discriminação. Se o território brasileiro completa o africano no mundo de Gaia por que separar? Somos todos filhos do mesmo barro e do mesmo sopro, somos uma só raça... Por que fracionar se podemos somar, juntar, rimar nossos corpos multicoloridos numa mesma poesia humana.

Martin Luther King sonhou, mas foi Joaquim Nabuco quem mandou avisar que os chicotes no lombo dos negros não vão mais estalar. Eu quero cantar uma democracia racial pra valer. Chega de racismo velado. Chega de deixar o negro de lado. Vamos misturar samba e fado nesse enredo tropical. E quando os vestígios da escravidão forem superados poderemos nos organizar enquanto nação. Até então seremos apenas, como escreveu o poeta baiano, um nome sem país. ...
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10/11/2009 - Choro em memória das mangas verdes

A doçura das mangas não combina com pedradas. No entanto, nesse momento, há milhares de moleques apedrejando mangas-rosas pelas ruas. Moleques que não têm paciência para esperar os frutos madurar. Derrubam do pé pelo simples fato de derrubar, de destruir, de acabar com aquela quitanda ao céu aberto. Naquele estado verde, as mangas não possuem o mesmo sabor, o mesmo perfume, o mesmo suco que as fazem apreciadas por uma legião. São apenas frutos incompletos, como fetos abortados.

Poeta que sou choro em memória das mangas verdes. A cidade poderia ficar mais colorida e cheirosa e saborosa, no entanto, o que se vê é um rastro de barbárie. As mesmas mãos que picham muros, que riscam carros, que apedrejam vidraças põem fim ao sonho das mangas que um dia se ruborizariam de desejo. Mas isso não importa às mãos que não sossegam enquanto não pelam a mangueira. Se ao menos a árvore pudesse fazer pernas de suas raízes e braços de suas galhas para reagir aos ataques......
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09/11/2009 - Cores e sonhos

Já faz tempo que eu saí de casa levando sonhos debaixo do braço. As estradas tentaram, mas não conseguiram me engolir. Agora estou aqui sob um pé de pau-brasil ouvindo um daqueles pássaros que assoviam apaixonados como namorados. Estou aqui, na linha do horizonte de um pôr-do-sol socialista, que se reparte em milhões de raios vermelhos. Estou aqui, crescendo como mato em época de chuva ambientalista. É verde para lá, é verde para cá. Estou aqui e por entre os galhos do pau-brasil ainda não se atreveu a pousar tucano azul-amarelo algum. ...
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24/10/2009 - Céu e mar

Que as estrelas do mar se enrosquem em seus cabelos molhados enquanto as estrelas do céu serenam pedaços de lua em seus olhos. Que entre Tritão e Urano haja um altar onde eu possa lhe adorar e me entregar. Que tenha os pés no paraíso e a cabeça no inferno. Que seduza enquanto me tenta, e me enfrenta enquanto me perdoa. Que construa um foguete para explorar o fundo dos oceanos e ice velas em busca dos sete céus.

Entre aves e peixes, ò mulher, responda-me de quem é o seu espírito. Seja em harpas ou em conchas cante esse amor lírico. Ah! Mulher que seduz águas e ares renda a terra em seus andares. Que ao seu passar, o mar fique negro como o céu que nunca foi azul. Que ao seu balançar, o sol esfrie seus pensamentos nas ondas que já passaram pelo sul dos seus tornozelos. Que Iemanjá e Olorum ouçam seus apelos. ...
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22/12/2008 - Cuidado com a pisadeira

Entre assados e saladas, espumantes e vinhos, há de se ter cuidar do estômago nessa época do ano. Isso porque, neste tempo de festa, mesmo quem vive de dieta costuma cometer alguns excessos. Pois bem, frente à comilança, é bom ter cuidado com a pisadeira. Pisa o que? Pisadeira! É uma mulher magérrima, com ossos longilíneos e unhas enormes, tão encardidas quão amareladas. Isso sem falar que tem o cabelo todo esfarinhado, os olhos vermelhos e o nariz muito curvado, como daquelas bruxas antigas.
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24/11/2008 - Cântico de Maria

Ò minha mãe, Auxilium Christianorum, perdoa as minhas faltas, os meus descaminhos e às vezes que eu não entendi os espinhos que colocaste em meus caminhos. Sou fraco, pecador, trapo, humano-sonhador, mas olha o amor que me há a vos adorar. Eu não mereço vosso colo, mas tenha misericórdia ao me lançar este vosso olhar de dolo. Perdão, Altíssima, pelas vezes que não dobrei os joelhos, a voz e os espelhos do meu eu diante de vós. Confesso a vós o meu desespero, o meu atropelo, o meu destempero de viver sem saber sofrer. ...
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