Daniel Campos

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Encontrados 362 textos. Exibindo página 30 de 37.

11/03/2010 - Capítulo 2

Nem a espada de Miguel nem a testa franzida da madre superiora nem aquele homem sem nome no fundo da igreja nem os flashes de Sebastian nem a tosse insistente do padre intimidam Micaela. Ela respira fundo, retira o microfone do pedestal, deixa aquela redação na tribuna e, andando pelo altar, continua sua fala:

- Deus é o melhor e o pior de cada um de nós. Afinal, nem tudo é azul neste céu. O mesmo Deus que abençoa, castiga.

A madre arregala os olhos. O padre engasga. O padrasto interrompe os cliques. Malena aperta a mão de sua mãe, que já esperava por tudo aquilo. Dona Valentina tentou a todo custo cancelar aquela missa, porém, como sempre, não foi ouvida pelo genro. ...
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09/03/2010 - Capítulo 1

Mesmo com o demônio sendo esmagado pelo pé e açoitado pela lâmina afiada da espada de São Miguel Arcanjo há uma mistura de aflição e medo no ar. E por falar nele, o ar passa áspero pelas narinas, pesa sob os ombros e traz apertos ao peito, nós à garanta e calafrios à espinha.

Bobagem. Deve ser apenas má impressão, afinal nós estamos em uma igreja, em horário de missa e na companhia de um sacerdote. Aparentemente, nada de ruim pode acontecer. Aparentemente...

Mesmo com uma voz em sua consciência dizendo “não” sucessivas vezes, a freira responsável pelo cerimonial do colégio Escravas do Sagrado Coração de Jesus levanta-se da cadeira de veludo arroxeado posicionada no corpo do altar e quatro passos à frente sussurra algo próximo ao ouvido direito do padre que realiza uma missa de Ação de Graças pelos formandos da oitava série de um dos mais tradicionais e rígidos colégios de Buenos Aires. ...
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27/02/2010 - Como você ama?

Você já parou para se perguntar como ama? Ama naturalmente, comumente ou simplesmente? Pode parecer à mesma coisa, mas há um abismo entre cada exercício do amor. Você ama gradativamente ou de forma voraz, com uma intensidade que chega a ser selvagem? Você ama por que quer ou por que precisa amar para se manter vivo? Você ama com os pés no chão ou sem eixo gravitacional? Você ama machucando ou mentindo? Você ama num contentamento descontente ou num descontentamento contente?

Você ama perto, distante ou em pensamento? Você ama priorizando carne ou espírito? Você ama constante ou inconstantemente? Você ama se esquivando das dores ou mergulhando nelas? Você ama em silêncio ou aos gritos? Você ama em segredo ou como réu confesso? Você ama fazendo de seu amor verão ou meia estação? Você ama num ângulo direto ou paralelo? Você ama atacando ou se defendendo? Você ama para você, para a criatura amada ou para os outros? ...
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22/02/2010 - Confessionário do amor

Perdoe-me por todas as faltas. Perdoe-me por tudo de errado. Perdoe-me pelas vezes que eu tomei outros caminhos. Perdoe-me pela fraqueza. Perdoe-me por tanta reclamação. Perdoe-me pelas fugas. Perdoe-me pelas vezes que eu não suportei. Perdoe-me pelos enganos. Perdoe-me pelas perdas. Perdoe-me pelas coisas perdidas. Perdoe-me pelas agressões. Perdoe-me por duvidar. Perdoe-me por falar demais.

Perdoe-me pelas vezes que deixei de agir. Perdoe-me pelas horas que me escondi. Perdoe-me por todo mal que causei. Perdoe-me pelos adiamentos. Perdoe-me pelos lamentos. Perdoe-me pelas vezes que lhe fiz chorar. Perdoe-me pelos pecados que cultivei. Perdoe-me pelos momentos de dor. Perdoe-me pela pressa. Perdoe-me pela cobrança. Perdoe-me por eu não entender. Perdoe-me se fiz sofrer....
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15/02/2010 - Cuidado aí

É preciso ter cuidado meu bem. Fique atento. Não vá muito longe. Volte logo para casa. Cuidado aí pelas esquinas. Se cuide, cuida de nós. Como é terrível ficar longe. É como se um buraco se abrisse, como se o sorriso sumisse, como se uma parte de mim deixasse de existir. E até ontem ela estava bem aqui. Por isso que eu digo, menino, cuidado aí. Olhe bem por onde anda o meu amor. Por favor, cuide-se cuidando de nós.

Cuidado aí. Não se estresse, controle essa ânsia. Olha, já estou lhe fazendo uma prece. Esquece a distância. Eu já molhei as flores esperando por você. Eu estou com aquele vestido que tanto gosta, vê?! Tantos cuidados, por quê? Porque todo amor é cuidadoso, zeloso com seu bem. Cuidado com as estradas, com os céus, com o trem de asas. Cuidado aí e vê se volta logo para casa. ...
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07/02/2010 - Carta ao Saci

Caro Saci-Pererê,

Eu sei que o senhor anda muito ocupado com essas coisas de folclore, mas alguém que lhe quer bem precisa dos seus serviços. E não falo de dar nó em crista de cavalo, tampouco fazer redemoinho no meio do quintal. O senhor precisa, na verdade, usar todo feitiço que há nesse cachimbo que leva na boca para ajudar quem tanto ajudou a mantê-lo vivo por anos e anos de descrença. Pode vir sem medo. Graças aos causos contados incontáveis vezes todos nós já estão mais do que acostumados com a sua presença. Ninguém vai se assustar ou lhe importunar. ...
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26/01/2010 - Corações de pano

No quarto dos fundos havia algumas caixas de bugigangas e outros cacarecos, um tapete do tempo de vovó, um telhado sem forro, livros abandonados e duas baratas de estimação que não incomodavam, tampouco assustavam ninguém. A janela dava para um terreno ermo, com árvores e horizontes a perder de vista. Os moradores da casa não costumavam passar muito tempo ali, apenas procuravam alguns pertences e logo deixavam o local.

Era um quarto abandonado. Ao contrário do que possa parecer não foi destinado à bagunça, mas ao convívio. Contudo, por questões místicas e metafísicas, não havia cristão que agüentasse ficar ali por muito tempo. Energias negativas, vibrações estranhas e arrepios inesperados eram captados ali. Podia ser besteira, mas o fato é que esse clima fantasmagórico afastava as pessoas dali....
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19/01/2010 - Corra, corra

Corra, corra e olhe a rua. Saia na sacada de seu apartamento. Esgarce as folhas de sua janela. Dependure-se nos muros. Drible as grades. Desça das masmorras. Ganhe as esquinas. Tenha olhos de binóculos. Abuse das lentes. Corra, corra. Pegue um táxi, um avião, um meteoro, mas corra, corra e olhe a rua.

Olhe a mulher de vestido jeans, com os joelhos descobertos como dois recém-nascidos, passeando pelas pedras do asfalto que a essa altura já vai alto, de bebida e loucura. Olhe as pernas que infernas tentam, torturam e provocam. Corra e olhe a mulher que tem ternura em seus apelos e uma caída perfeita em seus cabelos. ...
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12/01/2010 - Cachorro de bolso

Quando Eduarda chegou ao seu quarto, tarde da noite depois de uma festa de aniversário, encontrou um cachorro minúsculo no chão do quarto. De pronto, pegou o bichinho e colocou no bolso do vestido. Adorava vestidos de bolso para guardar ali todo tipo de tranqueira. Só estranhou que o bicho se remexia muito. Devia ser pilha nova. Além do mais, tinha outros brinquedos que se remexiam tanto quanto aquele. Levou a novidade para a pracinha, para a escola, para a igreja. E contava para todos que o tal brinquedo mexia como se fosse de verdade. ...
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06/01/2010 - Como é bom te amar

Amar-te é bom como é bom te amar. É como esperar por um tempo muito quisto, é como acreditar em uma lenda, é como saborear um gosto que não sai da boca, amar-te é bom. É como se sentir a vida brotando pelos poros, florescendo desejos e fantasias pelas artérias que nos irrigam de prazer... Ai, como é bom te amar. Amar-te é bom como beijo de beija-flor, como vôo de condor, como ver o sol se pôr. É como reger uma orquestra de assovios, uma orquestração de rios que se contam e se encontram na expressão de como é bom te amar. ...
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