Daniel Campos

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Encontrados 91 textos. Exibindo página 8 de 10.

14/11/2009 - Bastidores do amor

Sem qualquer aviso, o amor chega na ponta dos pés para não acordar as defesas do medo. É como um vírus trazido pelo vento, entrando pela fresta do nosso corpo sem ninguém perceber. Ao contrário das pestes, tem aspecto doce e discurso leve. No entanto, toda candura se finda quando o amor violenta o pretendido coração. Em poucos segundos toma-o com a virulência dos exércitos das antigas civilizações. Não é à toa que amor e coração se confundem, afinal, é ali que o sangue se derrama por todo o corpo. Amor, plasticamente, é paraíso. Fisiologicamente, guerra. ...
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06/11/2009 - Berliner Mauer

Tijolo por tijolo foi se erguendo um muro trágico.

Um muro que separou pensamentos, sentimentos e outros ventos da cabeça e do coração. Um muro sem cor, sem desenhos, sem vegetação. Um muro sem razão criador de uma nova fronteira irracional. Um muro que nasceu para dividir o capital do social, o futuro do passado, a águia do urso. Quanto choro acumulado ao longo daquela construção tão horizontal quão vertical? Quantos murros foram dados naquele paredão? Quantos gritos foram ouvidos por aquele muro sem nação? Quantas esperanças foram depositadas naquela barreira que virou bandeira de luta e força bruta? ...
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17/10/2009 - Biografia cidadã

Todas as pessoas deveriam ter direito a uma biografia. Não precisaria ser extensa demais, tampouco ter edição de luxo. Bastaria ser fiel à história de cada um. Enquanto o senador Eduardo Suplicy defende o programa "renda cidadã" eu defendo o "biografia cidadã". Dentre tantas Propostas de Emenda à Constituição poderia existir uma que transformasse em direito fundamental o fato do cidadão ter sua vida relatada em livro. Afinal, pessoas nada mais são do que personagens do cotidiano. E já foi inventado algo mais rico do que o dia-a-dia?...
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10/12/2008 - Barbárie, barbárie

Quero um elmo, uma armadura, um escudo e um cavalo marchador. Não, não quero ser um cavaleiro da Távola Redonda ou um novo Dom Quixote de La Mancha, quero apenas passar incólume por essa multidão que não sabe para onde e nem por que o vai com esse passo desmedido, corrido, iludido. Quero blindar-me, quero isolar-me, quero exorcizar-me desta seita de passistas e motoristas e ciclistas e motociclistas - os artistas do caos. E enquanto as donzelas se fartam dos bárbaros que passam sobre suas janelas, as senhoras da sociedade expurgam: barbárie, barbárie! ...
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26/11/2008 - Bem-casado

Mais uma vez, canto-te esse cântico que me habita e palpita sob o signo coração. Mais uma vez, sou teu soldado, a pólvora que explode ao teu lado e o teu canhão, a te defender, a te proteger, a te socorrer. Mais uma vez, mato em teu nome. Mais uma vez, sacias a minha fome. Mais uma vez, dorme enquanto sonho o dia em que a poesia será de todo dia. Mais uma vez, aporto em teu porto e cavalgo pelos teus campos como um potro que vem recém-nascido, recém-crescido, recém-querido por alguém.

Mais uma vez, bendigo o teu umbigo no meu e te abrigo, brigo-te e mordo o figo da tua boca. Mais uma vez, devoro e sou devorado por essa paixão louca. Mais uma vez, a eternidade é pouca para essa saudade que menina, alucina e fascina. Mais uma vez, estou a esquecer o mundo, sou teu rei vagabundo e teu poder de mulher. Mais uma vez, bem-te-quero e bem-me-quer. Mais uma vez, eu te espero, e berro e me incendeio como Nero. Mais uma vez, te sou, me vou, me desespero....
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14/11/2008 - Brasas e cinzas

Nada está no lugar. Tudo ficou para trás. À frente, a estrada é escura e fria. Será que eu vou ter de ir sozinho? Apocalipse. Juízo Final. Pedras na cruz. Onde está o fim de tudo isso? Quantos passageiros já passaram? Quantas estrelas cadentes já caíram? Quantos ventos já ventaram por essa estrada, doída e cega? Quem vai acreditar, nesse andarilho sem tempo nem lugar. Andarilho que anda pelos trilhos no estribilho de um verso maltrapilho de si mesmo.

Ah! Quanto tempo faz que eu amei demais e continuo amando, adorando e me entregando a esse amor terrestre. Você é o muro e eu sou o cipreste, que vai crescendo, envolvendo, sufocando, aprisionando, abraçando o mundo entre nós dois. Ah! E o mundo sem você é uma falta de lugar, é um des-porquê, é um desesperar. Minhas pegadas bóiam na falta de fé, porque não há mais de seu chão para meus pés. Meu olhar é noite eterna, procurando-te em meio à escuridão que me deixou....
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11/11/2008 - Borboleta amarela

Quando uma borboleta amarela pousar no teu ombro é sinal de que o dia já vem. Mas não o dia dos relógios, dos calendários, dos cotidianos. Falo de um dia especial, que não sabe se é sol ou lua. Quem sabe os dois dividindo o mesmo céu ou a mesma terra ou o mesmo mar. Ah! Enquanto voa, essa borboleta de asas amareladas vai mexendo com as marés, com as sementes, com os cabelos que são de pólen, que são de néctar. Asas de ouro, asas de trigo, asas de mel.

Magicamente, o pó de suas asas cega nossos olhos para tudo o que não for poesia. E aquele balé no céu vai deixando cada vez mais clara a poética da vida. E eu aprendi na escola que amarelo com azul dá verde. E verde é a esperança que se espalha pelas chuvas de novembro. Pena que muitas não vivem mais do que um dia. Pena que muitas são seduzidas pelas redes dos caçadores. Pena que muitas sintam o alfinete afixando seu corpo a um quadro morto. ...
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02/08/2008 - Baile de debutante canino

Por mais absurdo que pareça, eis que está na moda fazer festa de aniversário para cachorro. E não falo de qualquer festinha. É festa de arromba mesmo. Com direito a comes e bebes, decoração requintada, lembrancinhas caninas, música ao vivo e notas em colunas sociais. As emergentes da alta sociedade - as socialites - querem que suas "filhinhas" tenham tudo do bom e do melhor. As amigas vão e levam os cãovidados. É pedigree para cá, é amestrador para lá. É um luxo só.

Ao contrário de jogar a comida no chão e deixar a cachorrada presa no quintal, os cães são tratados como estrelas. Para se ter idéia, as festas são temáticas. De preferência, os aniversariantes escolhem os 101 Dálmatas. Tem bolo de ração, brigadeiro de ração, aperitivo de ração. Para beber, tem caldo de carne. Cães de todas as raças se dividem entre o jardim, a piscina e o interior da casa. E os cachorros vão todos produzidos. Tomam banho, cortam o cabelo e fazem as unhas. Além do salão de beleza, ganham uma massagem relaxante e um laço para realçar o pêlo. ...
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28/07/2008 - Burocratizaram o mundo!

Antigamente, o ato de viver era bem mais simples. Hoje, há burocracia para todos os lados que se olhe. Há algumas décadas, chovia sem qualquer pretexto. Rezava a lenda que bastava São Pedro querer para a água cair do céu. Agora, tem uma história de frente fria, de massa de ar quente, de vento inter-tropical que sopra do continente para o mar. Enfim, burocratizaram a chuva. Outrora, vestia-se de acordo com o espelho e pronto. Hoje é preciso seguir a moda, a tendência, o contemporâneo.

Antigamente, um único médico dava jeito em tudo quanto era doença. Hoje, é preciso ir ao especialista do especialista do especialista. O paciente, tal e qual uma peteca, é jogado para lá, para cá, para acolá sem conseguir resolver o seu problema. O olhar clínico foi substituído por exame disso e daquilo. Em outros tempos, uma palavra ou um aperto de mão selava um acordo ou um contrato. Agora, faz-se necessário vários fiadores, testemunhas, consultas de crédito, antecedentes criminais, comprovações de salário, reconhecimentos em cartório... ...
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05/07/2008 - Bebendo Darcy Ribeiro

Mesmo diante do advento da lei seca e do bafômetro rolando de boca em boca igual paixão em época de carnaval, não tenho com o que me preocupar. Afinal, só bebo Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Garcia Marquez, Carlos Drummond, Fernando Pessoa e tantos outros 20 anos blues. Hoje mesmo vou beber uma dose caprichada de Darcy Ribeiro e o convido, caro leitor, a sentar-se nessa mesa sociológica comigo.

Para começar, vamos nos embebedar daquela famosa máxima darcyniana: "só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar". Assim como o filósofo mineiro, não vou me resignar nunca. E o Brasil deveria fazer o mesmo. Não deveríamos renunciar ao direito de ser feliz, de ter esperança, de sonhar com um mundo melhor, de amar numa mais que completa falta de limites... Por que vamos deixar que coloquem travas, freios, amarras, barreiras ao nosso desejo de "ser"?...
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