Daniel Campos

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14/11/2009 - Bastidores do amor

Sem qualquer aviso, o amor chega na ponta dos pés para não acordar as defesas do medo. É como um vírus trazido pelo vento, entrando pela fresta do nosso corpo sem ninguém perceber. Ao contrário das pestes, tem aspecto doce e discurso leve. No entanto, toda candura se finda quando o amor violenta o pretendido coração. Em poucos segundos toma-o com a virulência dos exércitos das antigas civilizações. Não é à toa que amor e coração se confundem, afinal, é ali que o sangue se derrama por todo o corpo. Amor, plasticamente, é paraíso. Fisiologicamente, guerra.

O amor é bonito, mas não pensa duas vezes antes de matar, de castigar, de fazer chorar para se firmar amor. É como aquelas plantas que sugam outras para florescerem ainda mais belas. E o amor consome energias, histórias, destinos. É preciso viver intensamente para fazer valer um amor. Todo esforço, todo desgaste, toda superação de limite são bem-vindos nesse processo. E quem disser que amor não dói que atire a primeira pedra. Amar é escapar e se entregar à dor ao mesmo tempo. Algo sem muito nexo, mas com todo sentimento necessário.

O amor é uma entidade superior que nos coloca aos seus pés. E como é bom viver em função de um amor. Pensar na criatura amada a cada instante e protegê-la, com espadas e escudo, dos rompantes da paixão. Afinal, do mesmo modo que nos arma o amor nos ataca. É preciso batalhar para conservá-lo, para redimensioná-lo, para domá-lo e torná-lo nosso amor. E quanto mais nós gostamos dessa batalha, mais nos enredamos nesse enredo que pretende por fim aos ossos e à carne no intuito de nos ter completamente desprovidos de qualquer outra matéria que não seja amor.


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